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Casamento

O sonho está liberado

A redução dos casos de Covid-19 e a consequente flexibilização das restrições estimulam os casais a retomar os adiados planos

12 de Dezembro de 2021 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]
Após 16 meses de espera e dois adiamentos, Mayara e Roberto finalmente reuniram amigos e parentes na última semana de outubro para a cerimônia de matrimônio.
Após 16 meses de espera e dois adiamentos, Mayara e Roberto finalmente reuniram amigos e parentes na última semana de outubro para a cerimônia de matrimônio. (Crédito: ARQUIVO PESSOAL)

Subir ao altar, trocar as alianças, declarar o amor e alterar o status civil de solteiro para casado é um sonho de muita gente, que fica ainda mais completo se for concretizado com uma festa rodeada de pessoas especiais. Mas como nem tudo sai conforme o planejado, muitos casais precisaram adiar, por várias vezes, o tão sonhado casamento por conta da pandemia de Covid-19. E depois de quase dois anos, com a flexibilização das medidas restritivas, esse anseio está mais próximo de se tornar realidade.

No caso da Simone Ferreira Costa, de 40 anos, e Adilson Aparecido Molina, de 42 anos, os planos para o casamento serão concretizados no próximo sábado (17). Depois de dois anos de espera e seis datas remarcadas, os noivos finalmente farão a tão sonhada festa de casamento. Casados no Civil há seis anos, os dois começaram a organizar o evento em 2019, para celebrar a união com uma festança em abril de 2020. “Aí veio a pandemia e nos pegou de surpresa. Foi preciso cancelar. Remarcamos a data seis vezes, mas agora vai dar certo”, afirmam confiantes.

Durante esse período, Simone mudou o vestido, a decoração, os fornecedores e até o local da festa. “Foi bem estressante. Gastamos muito mais do que tínhamos planejado por conta dos reajustes”. A vendedora até pensou em desistir, várias vezes, mas em todas ela respirou fundo, manteve a calma e encontrou uma solução para realizar o tão sonhado casamento. E esse não era um sonho só dela. “Me ver de branco era o sonho da minha mãe, que faleceu há quatro meses. Foi quando falei que faria isso por ela. Deus vai realizar o nosso sonho”, acredita.

Simone e Adilson sobem ao altar no sábado (17), dois anos e seis adiamentos depois do previsto. - ARQUIVO PESSOAL
Simone e Adilson sobem ao altar no sábado (17), dois anos e seis adiamentos depois do previsto. (crédito: ARQUIVO PESSOAL)

Para o casal, a festa vai ser o símbolo da união, que foi firmada sem grandes celebrações no cartório. “Eu tinha prometido para mim mesma que iria fazer um festão. Demorou e a pandemia atrapalhou tudo, mas vai acontecer”, destaca Simone, ao dizer que desta vez o casamento vai ser completo, com direito a lua de mel no Rio de Janeiro. Com tantas mudanças, Adilson já não acreditava que o casamento iria acontecer. “Mas a Simone correu atrás. E vai dar tudo certo, toda essa correria vai valer a pena. Ainda bem que ela não trocou o noivo”, brinca o mecânico ao dizer que a esposa está tão ansiosa que nem dorme.

O grande dia em paz

E não é só a Simone e o Adilson que passaram por esse reboliço todo para realizar o sonho de se casar. O casal Catarine Dias Freitas, de 30 anos, e Rodolfo Freitas Alves, de 29 anos, se casaram no mês passado, mas também precisaram de muita paciência e jogo de cintura para oficializar a união. A festa deveria ter acontecido 29 de maio deste ano, mas também foi alterada por conta da pandemia. E para os dois, essa foi a melhor escolha. “Estamos felizes, com a sensação de que fizemos o melhor e esperamos o momento certo”, reforçam.

A data inicial, em maio, estava agendada desde agosto de 2020, quando Rodolfo pediu Catarine em casamento, e foi alterada um mês antes do evento, logo quando começou a segunda onda da pandemia. “Pensávamos que iria durar poucos meses. E isso aumentou muito a nossa ansiedade pela data. Também estávamos na esperança pela vacina. Não queríamos remarcar, porque era um sonho, estávamos planejando há meses, corremos no começo do ano para acertar os últimos detalhes”, conta a profissional de marketing.

Mas com o aumento do número de casos da Covid-19, os noivos viram que não haveria outra opção. “Decidimos adiar por questão de segurança, porque queríamos que todos se sentissem bem, seguros de estar na festa, que foi em um local aberto e bem arejado. E depois que mudamos o dia, percebemos que foi a melhor coisa que fizemos. Deu tempo de todos os convidados tomarem a vacina. E isso foi nos dando segurança para realizar o nosso grande dia em paz”, comenta Catarine ao dizer que os dois até cogitaram cancelar a festa.

Depois de meses de planejamento, estresse, preocupações, ansiedade e muita espera, o tão sonhado casamento aconteceu e o casal conseguiu aproveitar e celebrar o grande dia rodeado de pessoas especiais. “O mais importante é que foi tudo perfeito. Melhor que os nossos sonhos, até mesmo porque o Rodolfo sonhou que não iria ninguém”, brinca Catarine e completa: “Ficamos muito felizes com a animação de todas as pessoas que estavam ali presentes”.

Festa com protocolos

Já a Mayara Bianchini Cruz, de 27 anos, e o Roberto Salinas de Moraes Junior, de 28 anos, ficaram noivos em 2018 e poucos meses depois já resolveram escolher a data para a cerimônia, que a princípio seria realizada em abril de 2020. Os preparativos para o grande dia começaram com dois anos de antecedência, até que a pandemia veio e mudou todos os planos. Depois de realizar chá bar e despedida de solteiros no começo do ano, os dois tiveram que remarcar o casamento com a chegada do coronavírus. Não uma, mas duas vezes. “No começo de 2020, a gente tinha certeza que iria dar certo, já tínhamos entregado os convites. Mas começou a fechar tudo e foi preciso alterar a data”, lembram.

De abril, a festa de casamento mudou para outubro de 2020. Já a união foi oficializada no cartório em abril, como estava programado. “Casamos no Civil, só a gente mesmo, nos mudamos para o apartamento e deixamos a festa para depois”. Porém, com o pico da pandemia, foi preciso mudar a data mais uma vez. “Chegando perto do casamento, a pandemia ainda não tinha melhorado”. Foi quando a coordenadora de Customer Service e o piloto de avião decidiram adiar a festa novamente, agora com o intervalo de um ano, passando para outubro de 2021. Nesse período, os noivos até “esqueceram” da tão sonhada festa. “Ficamos o ano todo sem pensar no casamento. E quando foi chegando, pensamos: será que agora vai?”.

E foi. A festa de casamento ocorreu no fim de outubro e seguiu todos os protocolos sanitários, que no período ainda eram mais restritos. “Tivemos que reduzir a lista de convidados, que era enorme. E por sorte todos já estavam vacinados. Ficamos preocupados, mas deu tudo certo”. Há quase dois meses, Mayara e Roberto viveram um dos dias mais felizes de suas vidas. Isso porque, mesmo depois de tantas preocupações, a celebração da união superou as expectativas. “Foi muito emocionante, porque vimos muita gente da família que não tínhamos visto desde o início da pandemia. Foi muito bom, maravilhoso, uma energia incrível. Foi melhor do que a gente esperava, no fim foi perfeito”, finalizam.

Retomada dos casamentos movimenta um mercado ‘adormecido’

Catarine e Rodolfo também precisaram de muita paciência e jogo de cintura para oficializar a união. - ARQUIVO PESSOAL
Catarine e Rodolfo também precisaram de muita paciência e jogo de cintura para oficializar a união. (crédito: ARQUIVO PESSOAL)

Uma das consequências da redução das medidas restritivas para enfrentamento da pandemia da Covid-19 é a volta dos casamentos. Depois de adiar as sonhadas núpcias por quase dois anos, os casais estão marcando presença nos cartórios de Sorocaba para trocar as alianças. Só em novembro, quando foi liberada a realização de eventos com 100% de público no Estado de São Paulo, 472 uniões foram oficializadas na cidade, número 21,97% maior se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram realizados 387 casamentos, conforme levantamento da Associação dos Registradores das Pessoas Naturais (Arpen-SP). Já em novembro de 2019, antes do início da pandemia, foram registrados 548 matrimônios.

Para se ter ideia, em 2019, de acordo com os dados, ocorreram 5.306 casamentos em Sorocaba, incluindo os homoafetivos. Em 2020, quando começaram as medidas restritivas para conter a disseminação da Covid-19, esse número caiu para 3.935, uma redução de aproximadamente 25,84%. Já este ano, foram realizados 3.934 casamentos nos cartórios da cidade até o dia 30 de novembro, número quase igual ao total registrado durante os 12 meses do ano passado.

Se levarmos em conta os casais que irão oficializar a união neste mês, o número total de casamentos de 2021 será ainda maior. É o que destaca o oficial do Cartório de Registro Civil do 1º Subdistrito de Sorocaba, Sebastião Santos da Silva, ao dizer que dezembro é o período com o maior número de matrimônios do ano. “Em dezembro, o número de casamentos será cerca de 13% maior em relação ao primeiro semestre. No início da pandemia houve muita desistência de casamentos. Foi complicado. Agora, que está tudo normalizando, as pessoas voltaram a procurar”, comenta, ao dizer que já há casais agendando datas para o próximo ano.

Recuperação

E não são só os cartórios que perceberam aumento no número de uniões firmadas entre casais nos últimos meses. A assessora de eventos com foco em casamentos, Flávia Harder Faria, que é proprietária da empresa Braccia Dorata Eventos, também tem auxiliado na realização de festas e cerimônias. Porém, segundo a assessora, a maioria dos casamentos que estão ocorrendo agora são remarcações. “Teve casais que remarcaram a data quatro vezes durante a pandemia e vão conseguir casar só agora”, afirma ao dizer que foi a partir de agosto deste ano que os casamentos voltaram a ser realizados com mais frequência.

Depois de passar por altos e baixos, Flávia acredita que o mercado de casamentos está aquecido novamente. Isso porque, segundo ela, muitos casais já estão planejando o grande dia para os próximos anos. “O nosso medo era de a pandemia bloquear também a procura por casamentos. Muitos fornecedores não voltaram para o mercado. Quem conseguiu se manter é porque se reinventou durante a pandemia. Mas graças à Deus o mercado está fomentando de novo”, comemora ao dizer que as expectativas para os próximos anos são positivas. (Jéssica Nascimento)

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