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Sorocaba

Bebês vacinados com Pfizer por engano apresentam sintomas agudos

Um dos bebês teria convulsionado nos últimos dias; já a outra criança apresentou febre alta nesta manhã (7)

07 de Dezembro de 2021 às 09:15
Wilma Antunes [email protected]
Bebês foram levados ao Gpaci na quinta-feira (2) junto com duas mães.
Bebês foram levados ao Gpaci na quinta-feira (2) junto com duas mães. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (22/6/2021))

Os bebês que receberam a vacina contra Covid-19, por engano, em Unidade Básica de Saúde (UBS) de Sorocaba, no dia 1º de dezembro, apresentaram sintomas um pouco mais agudos durante os últimos dias. Uma das crianças chegou a ter convulsão e toma medicamentos para controlar as crises. A outra, teve febre alta, dor e irritabilidade. As crianças, que estão internadas no Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci) desde quinta-feira passada (2), precisarão ficar no hospital por mais tempo que o previsto.

As mães Ana Cláudia Mugnos-Riello, de 32 anos, e Kethillyn Monteiro, de 18, enfrentam a árdua e dolorosa tarefa de acompanhar os filhos no hospital. Elas informaram ao jornal Cruzeiro do Sul que, na manhã desta terça-feira (7), Miguel, de quatro meses, teria apresentado febre alta e tremor no corpo. Kethillyn, mãe do menino, mal conseguia formular uma frase, pois estava muito nervosa com a situação. Para amenizar os efeitos da reação da vacina, um médico infectologista prescreveu antibióticos via catéter na criança. Além disso, o bebê ficará no hospital por mais sete dias, em observação.

Os dias também não têm sido fáceis para a pequena Liz, de apenas dois meses, e para sua mãe, Ana Cláudia. A bebê tem vomitado com frequência desde a aplicação errada da vacina. Ela também ficou com a pele arroxeada, algumas vezes, teve aspirações intensas, tremor nos globos oculares e chegou a ter três episódios de convulsão. Segundo Ana, a menina está sendo medicada com fenobarbital, remédio que é destinado à prevenção do aparecimento de convulsões.

“Eu não estou aqui porque eu quero. Eu quero ir embora daqui, com a minha filha saudável, do jeito que ela era”, diz Ana. A alta da bebê depende dos resultados de avaliações neurológicas solicitadas por uma médica neuropediatra, entre elas exames de imagem e eletroencefalograma (EEG).

A reportagem questionou a Prefeitura de Sorocaba e o Gpaci sobre os fortes sintomas que Liz e Miguel apresentaram nos últimos dias. Em resposta, os órgãos informaram que as crianças “seguem bem e estáveis”. Também disse que não houve piora do quadro de saúde entre segunda (6) e terça-feira (7) . “Elas fazem exames a cada 48 horas para monitorização e os últimos exames realizados ontem [6] estavam normais. As famílias estão tendo suporte psicológico e serviço social. Os bebês devem permanecer internados até término da investigação diagnóstica. E não correm risco de vida, no momento”, afirmou a assessoria de imprensa do Gpaci.

Entenda o caso

Ana Cláudia Mugnos-Riello e Kethillyn Monteiro levaram seus filhos, Liz e Miguel, na UBS do bairro Nova Sorocaba, no dia 1º de dezembro, para tomar a vacina pentavalente, que previne as doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta. No entanto, a técnica em enfermagem que atendeu as crianças se confundiu aplicou doses da Pfizer nos bebês.

No mesmo dia, as mães notaram que as crianças apresentavam sintomas muito fortes, como febre, vômito e inchaço nas pernas. Elas pensaram ser uma reação “normal” da vacina que os bebês receberam, mas, no dia seguinte, as mães foram procuradas pelo secretário da Saúde, Vinicius Rodrigues, e informadas sobre o erro.

A Prefeitura de Sorocaba informou que o erro foi detectado durante um procedimento padrão de checagem ao estoque de vacinas da unidade. As doses da pentavalente e da Pfizer estavam armazenadas juntas, porém, identificadas, de acordo com o Executivo. A profissional de saúde que aplicou a vacina errada teria se confundido com os frascos do imunizantes, que são “parecidos”, segundo o secretário da Saúde.

A técnica em enfermagem que aplicou doses do imunizante contra o coronavírus nos bebês foi afastada dos procedimentos injetáveis e deslocada para uma área interna da unidade. O secretário de Saúde informou que foi instaurado um procedimento administrativo para definir quais medidas devem ser tomadas diante do caso.