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Crise hídrica

Represa de Itupararanga já opera abaixo do nível mínimo

O volume mínimo é de 817,50 metros sobre o nível do mar, mas, atualmente, está em 817,34

03 de Dezembro de 2021 às 15:10
A represa de Itupararanga opera praticamente no volume morte
A represa de Itupararanga opera praticamente no volume morte (Crédito: Fábio Rogério (01/12/2021))

A represa de Itupararanga opera, atualmente, 16 centímetros abaixo do volume mínimo. A cota mínima do manancial é de 817,50 metros sobre do nível do mar. Hoje, está em 817,34. O nível atual caiu para 20,22% da capacidade do reservatório. Há nove dias, em 24 de novembro, estava em 20,60% (810,40 msnm). Além disso, a Votorantim Energia, responsável pela gestão da represa, reduziu, na terça-feira (30), pela sexta vez em três meses, a vazão de água para o rio Sorocaba. As informações foram divulgadas pela empresa nesta sexta-feira (3).

Com a nova diminuição, o fluxo passou dos anteriores 250 litros por segundo para 225 litros por segundo. A medida foi adotada após deliberação entre a Votorantim Energia e o Comitê de Bacias Hidrográficas de Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT).

As reduções na vazão são adotadas pela Votorantim Energia desde agosto. À época da primeira intervenção, o volume do reservatório já estava abaixo de 30%. A medida foi implementada devido à crise hídrica que afeta a captação do manancial.

A ação visa preservar a quantidade de água restante no reservatório, já que, por conta da estiagem prolongada, o nível continua a baixar frequentemente. Itupararanga abastece 85% de Sorocaba e diversas outras cidades da Região Metropolitana.

Segundo a empresa, as regras operacionais, como a diminuição da vazão, têm caráter emergencial e excepcional. Elas “deverão permanecer ativas até que o volume útil do reservatório alcance 50% de sua capacidade”, informa, em nota.

O vice-presidente do comitê e coordenador da Câmara Técnica de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos, André Cordeio dos Santos, diz que as chuvas dos últimos dias não melhoraram a captação da represa. Por isso, mais uma redução foi necessária. "As chuvas de novembro foram cerca de 30% da média histórica", fala. Conforme Santos, a situação preocupa. "Se não conseguirmos reservar água entre outubro e fevereiro, período de chuva, a situação, a partir de abril de 2022, será muito critica", alerta.

Ainda de acordo com o especialista, as reduções podem trazer consequências para as cidades abastecidas pelo manancial. "Pode piorar a qualidade da água na calha do (rio) Sorocaba e prejudicar as captações da cidade, de Votorantim, Boituva e Laranjal Paulista", cita. "Para que isso não aconteça, estamos em negociação com a Votorantim Cimentos para transferir água acumulada nas cavas de mineração da empresa, água de chuva, para o leito do rio Sorocaba", emenda.

Ele ainda aponta a falta de água em todos os municípios que dependem do reservatório como outra possível consequência, ainda neste ano ou em 2022. "Estamos, agora, em um momento muito mais complicado. Se reduzirmos mais a vazão defluente do reservatório, as captações a jusante serão prejudicadas, e, se não fizermos, as captações a montante serão prejudicadas. Por isso a ênfase em 'guardar' o máximo agora", fala.

Para evitar o agravamento do cenário, Santos defende a adoção de ações mais rígidas de economia por parte das prefeituras municipais. "As melhores opções, agora, são rodízio e a revisão das outorgas (direitos de uso) feitos pelo Daae (Departamento de Águas e Energia Elétrica)", sugere.

Reservatórios do Saae

Já os reservatórios administrados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) continuam estáveis. Desde a semana passada, o sistema Castelinho/Ferraz opera com 63% da capacidade, e o Ipaneminha, com 75%. “Os índices se mantêm praticamente estáveis desde o dia 25 de novembro. Ou seja, as chuvas ajudaram a manter os níveis dos reservatórios”, afirma, por meio de nota.

Conforme a autarquia, o acumulado de chuvas em três dias foi de 12 milímetros. Novas pancadas devem ocorrer apenas na próxima semana. “Segundo a previsão do tempo, disponibilizada pela Defesa Civil do Estado de São Paulo, não há previsão inicial de chuvas entre os dias 2 e 5 de dezembro, com possibilidade de chuva a partir do dia 6 de dezembro, com acumulados devendo alcançar 20 mm (milímetros)”, detalha.

De acordo com o Saae, a Estação de Tratamento de Água (ETA) Cerrado trabalha com a capacidade normal, captando a quantidade de água necessária da represa. Já a ETA Éden segue em sistema intermitente. “Ela é desligada para preservar o manancial e, nos períodos de maior consumo, religada, para auxiliar o sistema”, explica.

Medidas de economia

A autarquia adotou, recentemente, mais uma medida de economia. Trata-se da construção de uma soleira de estabilização. Ela “funciona como uma barreira para garantir a captação de água pela ETA Vitória Régia, mesmo com as diminuições da vazão do rio Sorocaba”, esclarece. O Saae destacou, ainda, que medidas mais restritivas de abastecimento podem ser adotadas, se necessário.