Escolas de samba devem se unir para desfilar

Sem verbas públicas, Carnaval 2022 em Sorocaba será parcial. Atividade está sendo programada para o Parque das Águas

Por Vinicius Camargo

Escolas filiadas à Acusa pretendem sair juntas, se não houver piora no cenário pandêmico.

O Carnaval de Sorocaba será realizado parcialmente em 2022. Algumas escolas de samba vão desfilar, enquanto outras voltarão para a avenida só em 2023. Entre os blocos de rua, a situação é parecida. Alguns já confirmaram participação, outros ainda não definiram ou realmente não ocorrerão. Após o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) ter anunciado que não liberará verba pública para o Carnaval, a saída para as organizações dos eventos será encontrar outras formas de viabilizá-los. A captação de recursos junto à iniciativa privada, promoção de festas antes da folia e venda de itens serão os meios utilizados.

A maioria das escolas de samba não se apresentará no próximo ano, especialmente, as filiadas à União Sorocabana de Escolas de Samba (Uses). Das oito vinculadas à entidade, somente a Estrela da Vila e Planeta Negro vão estar no Carnaval de 2022. Segundo o presidente da Uses, Eduardo Ribeiro Leite, a decisão foi tomada por conta da pandemia de Covid-19. “Nós não sabíamos como que iria estar a vacinação e como a cidade estaria em termos de pandemia (em fevereiro de 2022). E, também, entendo que muitos da população perderam os seus entes queridos”, disse.

Conforme Leite, durante o ano de 2022, a Uses vai realizar eventos para angariar dinheiro para o Carnaval de 2023. Depois, a verba será dividida entre as escolas. Ele ainda afirma que a associação já não pretendia usar recursos públicos para a folia. Tanto que, neste ano, em reuniões com o prefeito Manga e os secretários de Cultura e Administração, Luiz Antonio Zamuner e Fausto Bossolo, respectivamente, os membros da entidade comunicaram essa intenção. Ainda segundo Leite, a Uses pleiteou junto ao Executivo, por meio de ofício, apoio apenas para a estrutura e espaços para os eventos do ano que vem.

Desfile único

A folia também contará com as escolas Gaviões da Fiel e Mocidade Independente, ambas filiadas à Associação Cultural do Samba de Sorocaba (Acusa). Também ligadas a esta entidade, Estrela da Vila e Planeta Negro vão desfilar por ela, e não pela Uses. Conforme o vice-presidente da Acusa, Marcelo Mello, a atração será organizada de forma independente.

As quatro escolas vão desfilar juntas, com um único enredo, no dia 28 de fevereiro, em um trecho da avenida Dom Aguirre. A programação da Acusa começará nos dias 22 e 23 de fevereiro, com a festa de lançamento do Carnaval. Depois, em 25 de março, haverá a eleição da corte da folia. Já no dia 26 do mesmo mês, acontecera o Carnasaúde, com o tema Vida Saudável, Carnaval Saudável. A iniciativa disponibilizará diversos serviços de saúde à população. A última atração será o Carnacão, com a temática Os Pets também se divertem.

Para todos esses eventos, a serem realizados no Parque das Águas, o custo estimado é de R$ 45 mil. De acordo com Mello, a total já foi arrecadado junto à iniciativa privada. Mello destaca, ainda, que, se houver piora no cenário pandêmico, tudo pode ser cancelado. “O que planejamos para 2022, primeiro, é pautado no Carnaval e nos eventos seguindo todas as determinações da Organização Mundial da Saúde, assim como do governo do Estado de São Paulo, para que a festa possa acontecer com responsabilidade e tranquilidade”, fala. “Porém, se, em dezembro e janeiro, essa nova onda (de Covid-19) que se encontra na Europa chegar ao Brasil, nós seremos os primeiros a anunciar que o Carnaval não vai acontecer”, completa.

Bloco da Lapa confirma que reunirá seus foliões

Os blocos de rua não dependiam de verbas municipais. Por isso, não devem ser afetados pela medida. Dos cinco existentes atualmente, apenas o Bloco da Lapa, organizado pelo Bar da Lapa, confirmou que sairá no próximo ano. O Depois a Gente Se Vira, promovido pela associação cultural homônima, informou ainda não ter programação. Já o Quilombinho, realizado pela Associação Cultural Quilombinho, não acontecerá. O Krucatá e o Caranguejo não retornaram às tentativas de contato.

De acordo com Leonnardo Ribeiro, idealizador do bloco Bar da Lapa, já está praticamente tudo resolvido para a sua terceira edição. Ele aguarda somente uma resposta da Prefeitura para confirmar o local do evento. “Quando a Prefeitura nos der essa informação, saberemos se vamos dar andamento em via pública ou em um local privado”, comenta.

Desde a primeira edição, a atração é feita de forma independente. O dinheiro para sua viabilização é obtido por meio de patrocinadores, eventos e venda de abadás. Já se o evento for privado, será custeado com o próprio dinheiro da cobrança de entrada.

O presidente da Associação Cultural Bloco Depois a Gente se Vira, Paulo Henrique Soranz, informa que não depende de verba dos cofres públicos há anos. “O que a gente espera do Prefeitura é o apoio do serviço público. Ou seja, que tenha a retaguarda no trânsito, minimamente, alguma estrutura que, normalmente, a Secretaria da Cultura nos oferece — banheiros químicos, por exemplo. Mas nós sempre contratamos segurança e ambulância próprios. E as despesas com músicos e som sempre fomos nós que assumimos”, contou. Os recursos vêm de eventos, venda de camisetas e apoiadores.

Em 30 anos de existência, o bloco só não saiu neste ano, e a sua realização em 2022 ainda é incerta. “Nesse momento, nós ainda não conversamos (sobre) se vamos ter condições de retomar no ano que vem, ou, ainda, em respeito ao isolamento e às questões envolvendo a pandemia, se vai ser o momento ou não de voltar”, comenta Soranz. “Veremos se teremos condições sanitárias para isso. Primeiro, vamos nos preocupar com a questão sanitária, e a questão financeira fica para depois”, acrescenta. (Vinicius Camargo)