Projeto da rodoviária será apresentado a moradores no dia 5 de outubro

Projeto da nova rodoviária está finalizado e será apresentado para a análise da associação de moradores

Por Kally Momesso

Área pretendida pela Prefeitura para a nova rodoviária fica em Santa Rosália

O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), disse nesta segunda-feira (27), que o projeto da nova rodoviária de Sorocaba está pronto, e que deverá ser apresentado aos moradores do bairro Jardim Santa Rosália no dia 5 de outubro, às 10h, na sede da Urbes - Trânsito e Transportes. O terreno definido até o momento pela Prefeitura para a construção de uma nova rodoviária fica no bairro, mas a Associação de Moradores de Santa Rosália é contrária.

Questionado a respeito sobre a definição do local, o prefeito Manga disse que o projeto da nova rodoviária está finalizado e que o mesmo será apresentado para a análise da Associação dos Moradores de Santa Rosália. “Existem outras alternativas, mas eu acredito que pode haver a adesão deles, porque é um projeto maravilhoso. É uma rodoviária com um sistema de aeroporto de primeiro mundo, que vai trazer uma valorização, uma segurança maior”, disse o prefeito.

Os moradores de Santa Rosália e de pelo menos outros dois bairros nas imediações já lançaram um abaixo-assinado, em forma de uma petição on-line, contra a construção do novo terminal rodoviário de Sorocaba em um terreno na avenida Dom Aguirre. A Prefeitura, no entanto, já estava com estudos em andamento que apontam o local, nas proximidades da rodovia Senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho (SP-75), como uma das possibilidades para a nova rodoviária.

Moradores do bairro colocaram faixas em frente de suas casas para protestar contra a instalação da nova rodoviária em Santa Rosália. Os que são contrários entendem que o bairro ainda é em sua maioria residencial, e que a rodoviária trará a quebra da paz, segurança e sossego que um bairro residencial deve possuir para a qualidade de vida de seus moradores.

O Plano Diretor elaborado em 2014 estabelece, no Art. 19º, a área como Zona Residencial 2 (ZR2), que inclui bairros, preferencialmente, para residências. O documento afirma que é permitido o uso não residencial, desde que os empreendimentos causem poucos incômodos para a população residente.

Polêmicas

A escolha do local foi criticada por urbanistas. De acordo com a arquiteta Sandra Lanças, a nova rodoviária não deve estar localizada no bairro por causa da dinâmica local. Já o arquiteto e urbanista Marcelo Augusto Paiva Pereira, acredita que o novo terminal deverá ser afastado de áreas consolidadas, para desenvolver centralidades urbanas.

Entre as polêmicas apontadas está a impossibilidade de se construir a rodoviária no local. Segundo o consultor imobiliário, Gustavo Marin, a região seria zona de várzea, com grandes restrições construtivas previstas no Plano Diretor, por estar situada ao lado do rio Sorocaba. O Art. 8º prevê que áreas de conservação ambiental, sejam várzeas ou planícies aluviais marcadas por processos de enchentes sazonais, devem obedecer algumas diretrizes.

Nos terrenos ainda desocupados, a instalação de atividades deve ser restrita a usos compatíveis com baixa taxas de ocupação e impermeabilização, e que não impliquem assentamento permanente de população, nem tráfego intenso e permanente de veículos. Já os terrenos que se apresentam irreversivelmente urbanizados devem ser contemplados em estudos e projetos específicos de reurbanização, com o objetivo de minimizar situações de riscos.

“Está me causando grande estranheza o local escolhido para a implantação desse empreendimento, devido o local ser de várzea. Não queremos ver o nosso dinheiro sendo rasgado com empreendimentos findados ao fracasso, pois se trata de uma área de absolvição de água, como uma esponja. Também tenho receio de que se abra precedentes para outros empreendimentos que se encontram dentro desses setores alagadiços”, criticou Marin.

Para o ambientalista e membro do Conselho do Meio Ambiente, Welber Smith, o local escolhido pela atual administração não é considerada área de várzea. “Lá não tem várzea. Porém, do ponto de vista de Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), será terrível. O trânsito e a poluição serão muito complicados”. Smith ainda afirmou que o trecho possui a beleza cênica mais relevante do rio e a sua descaracterização deveria ser levada em conta.

A Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal foi questionada se a região é considerada um risco alagadiço. Em nota, a Comissão informou ao Cruzeiro do Sul que “vai investigar a situação e consultar os órgãos ambientais existentes, bem como analisar junto à equipe técnica de ocupação de solo da Prefeitura o cumprimento da legislação ambiental existente”. O Poder Legislativo deve realizar uma audiência pública para discutir o assunto. (Kally Momesso, programa de estágio - Supervisão: Aldo Fogaça)