Mortes no trânsito caem 18,52% no 1º semestre do ano em Sorocaba

Motociclistas representam metade dos 44 óbitos registrados no primeiro semestres, em Sorocaba

Por Vinicius Camargo

Os acidentes fatais tiveram redução de 4,55%: foram 42 ocorrências, frente a 44, no ano passado.

Os motociclistas continuam a liderar as estatísticas de mortes no trânsito em Sorocaba. Dos 44 óbitos ocorridos no primeiro semestre deste ano, 22 (50%) foram de condutores de motocicletas. Por outro lado, neste ano, o total geral de óbitos caiu 18,52%, na comparação com os seis primeiros meses de 2020. De janeiro a julho de junho do ano passado, foram 54 registros, ante 44, neste ano. Os dados são do Infosiga, Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo, gerenciado pelo programa Respeito à Vida e Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP).

A quantidade de mortes de motocicletas é mais do que o dobro das dez ocorrências com pedestres (22,72%), o segundo tipo mais frequente. É, ainda, quase quatro vezes mais alta em relação aos fatos com bicicletas (seis, 13,63%). Também é mais de cinco vezes maior em comparação com fatalidades envolvendo automóveis (quatro, cerca de 9,09%); e 20 vezes acima dos casos com caminhões (4,54%).

No tocante aos óbitos em geral, 22 ocorreram em colisões; 14, em atropelamentos; seis, em choques; outras somam cinco, e um tipo não foi informado.

Assim como as mortes, os acidentes fatais tiveram redução de 4,55%, no primeiro semestre. Neste ano, houve 42 ocorrências, frente a 44, no ano passado. Na contramão, o número de ocorrências não fatais cresceu 16,58%, no mesmo período. Nos seis primeiros meses de 2021, houve 1.581 acidentes, ante 1.319, em 2020. Do total, 651 casos foram colisões; 128, choques; 108, atropelamentos; e 257, outros tipos.

Pandemia

O advogado especializado em trânsito, mobilidade e segurança Renato Campestrini atribui a redução dos óbitos e acidentes fatais à pandemia de Covid-19. Segundo o especialista, no início do ano, as medidas de isolamento social ficaram mais restritas. Assim, as regras mais duras contribuíram para diminuir os acidentes. “Os deslocamentos ficaram mais restritos durante alguns meses, e isso justifica, em parte, a redução”, explica.

Campestrini ainda afirma que os próprios condutores continuam a ser os principais responsáveis pelos acidentes. Ele conta ter percebido o aumento de algumas infrações de trânsito, como excesso de velocidade, manuseio do celular ao dirigir e avanço do sinal vermelha. “Essas situações são de alto risco, portanto, é natural que, com maior desrespeito, mais sinistros são registrados”, pontua.

Nesse sentido, para o advogado, a mudança começa pelo próprio motorista. “É preciso, antes de tudo, que os condutores sejam prudentes nas ações, sabendo que a ação de um pode resultar em problemas para todos os demais, uma vez que o trânsito é um espaço compartilhado”, fala. Ele igualmente aponta o investimento do poder público em campanhas de conscientização e aumento da fiscalização como outras medidas essenciais. Além disso, defende uma revisão no método de formação dos condutores, de forma a torná-los mais responsáveis. “Os dados mostram que 90% das causas dos sinistros de trânsito estão atribuídos à falha humana”, destaca.

Especialista cita crise e questão histórica

Campestrini diz que a maior mortalidade de motociclistas em Sorocaba é uma questão histórica. Conforme ele, a maior exposição do condutores de motos e o uso incorreto do capacete são as principais causas dos óbitos. “O uso do capacete de forma correta, no tamanho certo, cinta jugular afivelada, reduz em 72% os riscos de lesões graves e em 40% os riscos de morte”, afirma.

De acordo o especialista, o desemprego é outro fator responsável pela mortalidade elevada. Segundo ele, sem trabalho, muitas pessoas encontram em serviços com motocicletas, como o de entrega, uma alternativa para obter renda. Desta forma, o número de veículos nas ruas aumenta. Consequentemente, as chances de ocorrências também. "Quando isso se junta com uma velocidade quase sempre acima do desejável, há uma condição aumentada de riscos de sinistros", informa. (Vinícius Camargo)