Sorocaba fez mais de 200 mil testes para o novo coronavírus

De cada 100 pessoas, 29 foram submetidas a exame que detecta o vírus

Por Marcel Scinocca

Uma das ações de testagem aconteceu em novembro de 2020 entre usuários do transporte público.

 Sorocaba atingiu neste sábado (19) a marca de mais de 200 mil testes efetivados para o novo coronavírus. Com isso, o percentual hipotético ou potencial está no patamar de 29,1% da população. Ou seja, de cada 100 pessoas, 29 já fizeram algum tipo de exame que detecta o contato com o vírus.

A cidade tem 68.226 casos confirmados da doença. Há ainda 482 pacientes que aguardavam resultado de exames. Por fim, 131.442 é o número de descartados por resultados negativos da doença. Somados, são 200.150 testes realizados desde o início da pandemia, ou seja, de março do ano passado até agora.

A testagem é considerada, de acordo com estudos feitos nos Estados Unidos e publicados pela revista The Lancet Public Health, como método complementar eficaz e mais barato no enfrentamento da pandemia.

Ferramenta importante

“Os testes têm um papel muito importante no monitoramento das epidemias e de suas tendências. É uma ferramenta para conter, desacelerar e reduzir a propagação do vírus. Permitem identificar rapidamente os infectados e realizar uma estratégia de rastreamento dos contatos da pessoa, que podem estar também infectados. Com isso, as autoridades de saúde podem realizar uma intervenção mais efetiva e direcionada, detectando e isolando os infectados e interrompendo rapidamente a cadeia de transmissão do vírus. Essa estratégia foi usada com muito sucesso na Coreia do Sul, na China, na Nova Zelândia e em outros países que conseguiram conter a epidemia”, explica Raphael Saldanha, especialista em saúde pública do Icict/Fiocruz.

“É importante porque a gente consegue fechar o cluster (grupo) de infecção e tentar isolar as pessoas o mais rápido possível e dessa forma tentar diminui o contágio da doença. Essa que a estratégia mais interessante. Ele reforça a necessidade aumentar o número de testagem. Para ele, é necessário testar bastante e estar várias vezes, aumentando o número de testes negativos, que nesse caso, são mais importantes”, comenta o alergista e imunologista Henrikki Gomes Antila.

Taxa de letalidade

“Eles auxiliam no monitoramento, nas análises e nos modelos de predição de uma epidemia. São ferramentas imprescindíveis para confirmações diagnósticas para vigilância e acompanhamento das pessoas infectadas e comunicantes”, diz Rosana Maria Paiva dos Anjos, médica infectologista e especialista em saúde pública. Ainda conforme ela, esses testes são importantes no começo das epidemias, justamente quando eles podem faltar. Ela ainda lembrou que a rede privada não possui números consideráveis de demanda reprimida.

A especialista lembra também que a quantidade de testes realizados tem ligação com a taxa de letalidade. “Você vai diagnosticar assintomáticos, sintomáticos leves e vai observar a diminuição da letalidade. Eu vejo isso como uma questão técnica. O que a gente precisa ver o que é realmente necessário para a população. O foco é outro. O foco é como a gente cuidar melhor dessas pessoas”, diz, citando os tratamentos medicamentosos ou não e as imunização. “A orientação da população é uma parte mais importante”, comenta.

De fato, o número de testes influencia diretamente da taxa de letalidade. Em Sorocaba, no começo da pandemia, a taxa de mortes chegou a ser de 18%. Atualmente, é de 3,2%, menor do que a de Votorantim, por exemplo, que é de cerca de 4%. Na cidade, os testes atingem cerca de 23% da população.

Ampliação

A Secretaria de Saúde de Sorocaba também considera que a testagem para diagnóstico da Covid-19 “é importante, pois, somente dessa forma, é possível identificar os infectados e isolá-los, para evitar a transmissão na cidade. Ela tem sido ampliada cada vez mais no município, por meio das unidades de saúde”, acrescenta. Há um planejamento na Secretaria da Saúde, para que seja possível realizar, o quanto antes, um novo inquérito de base populacional para verificar a circulação viral na cidade”.

Segundo e médico Fernando Brum, que está à frente da parte clínica de uns dos epicentros médicos da pandemia em Sorocaba, com mais de 70 leitos, sendo 55 somente de UTI, é importante continuar com os testes para fazer os isolamentos/tratamentos necessários. “Precisa agora é ver que público está dentro destes 200 mil. Se vacinados e não vacinados, por exemplo”, pondera.

Entre as 32 maiores cidades do Brasil, com o número de habitantes entre 500 mil e 1 milhão, Sorocaba ocupa a 12ª posição, entre Contagem (MG), com taxa de 27,5%, e Belford Roxo (RJ), com taxa de 30,1%. (Marcel Scinocca)