Ruy Amorim será indenizado com R$ 100 mil por prisão em engano

No processo, a própria União reconhece ter havido dano moral em razão da prisão equivocada. Entretanto, discorda do valor pretendido

Por Marcel Scinocca

Amorim foi levado de sua casa pelos policias federais, quando, na verdade, o alvo da operação era um homem chamado José Amorim

A Justiça Federal determinou que o professor e sindicalista Ruy Amorim deverá ser indenizado em R$ 100 mil pela União Federal por ter sido preso por engano no final de maio de 2018 durante uma operação da Polícia Federal. A decisão de primeira instância é de 8 de junho e cabe recurso.

No processo, a própria União reconhece ter havido dano moral em razão da prisão equivocada. Entretanto, discorda do valor pretendido por Ruy Amorim, de R$ 300.000,00, apresentando como contrapartida o valor de R$ 59.880,00. “Restam incontestes, portanto, o fato narrado pelo autor, que descreve sua prisão de modo equivocado (...), por ter o mesmo sobrenome da pessoa que pretendiam prender, José Luiz Amorim, bem como o dano moral daí proveniente. Portanto, que a atuação da Polícia Federal extrapolou os limites legais e acarretou danos morais ao autor, que se viu humilhado perante a família, os vizinhos, os alunos e colegas de trabalho, tal como exposto na exordial, em abalo à honradez de sua imagem”, afirma na sentença a juiza federal juíza Margarete Morales Simão Martinez Sacristan.

A magistrada, além de um indenização de R$ 100 mil, condenou a União à obrigação de promover, às suas custas, “publicidade em dois jornais de grande circulação no município informando de forma sucinta, porém clara e explícita, o equívoco da prisão do autor, a fim de desagravar sua imagem, comprovando tais publicações nos autos”. A medida seria uma forma de buscar a reparação ao dano provocado à imagem do autor na imprensa.

O professor e ex-presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Sorocaba, comentou a decisão ontem (15). “Estive sempre tranquilo e confiante em Deus”, comemorou Ruy Amorim após a decisão. Ele foi preso pela Polícia Federal (PF) como parte da fase ostensiva da Operação Registro Espúrio, realizada com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atuaria na concessão fraudulenta de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho. À época, de acordo com seu advogado João André Vidal, a soltura foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, após verificar-se que os fatos investigados não tinham relação com ele.

Amorim chegou a prestar depoimentos na sede local da PF e foi transferido para São Paulo, de onde foi liberado no mesmo dia da prisão. Na ocasião, cerca de 320 policiais federais cumpriram 64 mandados de busca e apreensão, 8 mandados de prisão preventiva e 15 mandados de prisão temporária, além de outras medidas cautelares. Os mandados foram expedidos pelo STF. (Marcel Scinocca)