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Na Câmara, diretor do Saae diz ter sido enganado por ex-servidor

05 de Junho de 2019 às 11:01
Marcel Scinocca [email protected]

Jaqueline Coutinho e Ronald Pereira da Silva participam da oitiva da Comissão Processante na Câmara de Sorocaba. Crédito da foto: Erick Pinheiro (5/6/2019)

O diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba, Ronald Pereira da Silva, prestou depoimento à Comissão Processante que investiga Jaqueline Coutinho (PTB). Na oitiva, ele afirmou que desconhecia as irregularidades e se sentiu enganado pelo ex-servidor Fábio Antunes suspeito de prestar serviços particulares à vice-prefeita.

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Nesta quarta-feira (5), Ronald foi o primeiro a depor no processo contra Jaqueline Coutinho. Essa Comissão Processante investiga denúncia de que o funcionário do Saae faria trabalhos particulares para ela enquanto prefeita de Sorocaba, em pelo menos dois períodos.

Ronald disse ter sido surpreendido com informações de funcionários do Paço Municipal de que ele seria informado pelo prefeito José Crespo (DEM) de que um servidor comissionado da autarquia estava atuando, dentro do horário de expediente, na realização de serviços particulares para a vice-prefeita. Conforme ele, ao ser informado pelo chefe do Executivo da situação, houve a exoneração do funcionário e a abertura de uma sindicância para apurar o caso. A autarquia também entrou com uma ação contra o servidor e contra a vice-prefeita.

O representante do Saae relatou também que não conhecia o servidor. Ele seria indicado pela vice-prefeita. “Era uma pessoa que eu não conhecia. Não era indicação minha”, contou. Ronald disse ter conversado por duas vezes com o superior imediato de Fábio Antunes e, nessas ocasiões, não lhe foi reportado qualquer situação atípica.

Ao longo do depoimento, Ronald Pereira disse também que posteriormente ficou sabendo que o funcionário não cumpria a jornada de trabalho. “Nós ficamos sabendo que ele não cumpria no período vespertino”, disse. Isso teria ocorrido “em praticamente” todas as tardes durante o período de cinco meses. “Ficou provado que na maioria das tardes ele não retornava para trabalhar”, contou Pereira.

Ronald Pereira ainda declarou que o então superior imediato de Fábio Antunes não reportou a situação irregular por medo. O diretor do Saae se disse enganado. “Me sinto hoje enganado pelo funcionário.” Ele também informou que, ao saber da irregularidade, a “reação foi de indignação”.

A vice-prefeita participou da maior parte da primeira oitiva, que durou cerca de 40 minutos. À imprensa, ela negou qualquer irregularidade e disse desconhecer que Fábio Antunes tenha trabalhado para ela durante o horário de expediente do Saae. Jaqueline Coutinho ainda informou que o relatório de entrada e saída do condomínio onde mora, que embasou parte da denúncia do Ministério Público, pode não corresponder à realidade. Ela teria feito um teste para comprovar a situação.

Jaqueline também disse que a denúncia é política. “Apenas interessa desqualificar e desmerecer a vice-prefeita”, opina. Ainda conforme ela, o fato seria uma retaliação por ela ter denunciado a situação da graduação da então servidora comissionada da Prefeitura de Sorocaba, Tatiane Polis.

O advogado Haroldo Fazano, que representa a vice-prefeita, comentou sobre o andamento dos trabalhos. “Da forma como feita a denúncia, penso que a vice-prefeita não cometeu nenhuma ilicitude. Os documentos e as provas do processo estão nesse caminhar”, destacou.

Outros depoimentos

Também prestaram depoimento Débora Vicente de Melo, ex-funcionária de Jaqueline Coutinho e Valdir Roberto da Silva, vizinho da vice-prefeita. Débora confirmou que Fábio Antunes buscava os filhos da vice-prefeita na escola, no horário de almoço, que usava o veículo da vice-prefeita e que ele também prestava serviços para outras pessoas. Já o vizinho da vice-prefeita disse que Fábio Antunes também prestou serviço para ele no condomínio e que não era o único a contratar os trabalhos do ex-servidor do Saae.

O depoimento de outras duas testemunhas indicadas pela vice-prefeita não ocorreu. Uma delas, fez uma cirurgia recentemente. As oitivas foram remarcadas para a próxima quarta-feira (12). O vereador Engenheiro Martinez (PSDB), que é membro da Comissão destacou que há a possibilidade de convocação do superior imediato do servidor Fábio Antunes.

Anselmo Neto (PSDB), relator da Comissão, endossou a necessita de se ouvir o servidor. “Os depoimentos foram bem proveitosos no sentido de nos trazer elemento que ainda não tínhamos. Esse é o processo que vai somar as informações que já temos. Faremos um comparativos com as informações para saber se é procedente a denúncia”, destacou Luís Santos (Pros), que preside os trabalhos. (Marcel Scinocca)

* Atualizado às 19h21