Pandemia reduz poluição e Rio Tietê tem melhora histórica

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Pesquisa monitora os 576 km do rio Tietê desde 2010. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS

A pandemia do novo coronavírus modificou o comportamento das pessoas e isso se refletiu na qualidade da água do Rio Tietê Uma análise dos últimos 12 meses mostra que a mancha de poluição somou 150 quilômetros de extensão e, pela primeira vez desde 2010, não foram registrados trechos com água de péssima qualidade. Também se observou uma estabilidade da qualidade do recurso hídrico nos 83 pontos monitorados em relação a 2019. Os dados são do relatório Observando o Tietê, divulgado nesta terça-feira (22) pela SOS Mata Atlântica.

O estudo abrange, desde 2010, 576 quilômetros do rio Tietê, desde o município de Salesópolis, na sua nascente, até a jusante da eclusa de Barra Bonita, na Hidrovia Tietê-Paraná. O Tietê corta o Estado por 1.100 km, desde sua nascente até a foz no Rio Paraná, no município de Itapura.

Os 150 quilômetros equivalem a 26,05% da extensão do rio monitorada pelo estudo. Por outro lado, a condição de água boa e regular – o que permite vida aquática, abastecimento público, produção de alimentos, atividades de lazer e esportivas – foi encontrada em 382 km do rio, o que representa 66,32% do trecho monitorado.

Nas avaliações feitas entre setembro de 2019 e agosto de 2020 - com interrupção entre março e julho, por causa da pandemia, a qualidade de água ruim foi verificada em trechos que antes estavam no nível péssimo. No ano passado, o trecho considerado "morto", com água imprópria para uso ou vida aquática, foi de 163 quilômetros. Além disso, a qualidade da água melhorou em 94 quilômetros, atingindo a condição boa, um indicador que não era obtido há décadas.

Pandemia

É importante destacar que um trecho de 44 quilômetros entre os municípios de São Paulo e Barueri, a partir da Ponte da Rodovia Anhanguera, não foi analisado este ano. Na série histórica, essa porção do rio costuma apresentar condição péssima, mas se for considerada ruim nesta avaliação a mancha teria uma extensão de 194 quilômetros. "Dessa vez, mesmo que fosse considerado o trecho inteiro, a condição estaria ruim, não péssima", diz Malu Ribeiro, gerente da SOS Mata Atlântica, que destaca o dado positivo na análise.

Para ela, essa melhora é reflexo do comportamento humano alterado pela pandemia. "As pessoas ficaram mais em casa, teve menos lixo na rua, que assim não foi para os rios, e houve menor pressão sobre os recursos hídricos por parte das atividades industriais e agronegócio. O consumo doméstico aumentou, mas, de forma geral, a pressão foi menor."

Um cenário inédito este ano é que a mancha de poluição ficou dividida em dois grandes trechos e dois menores. Um deles compreende a faixa entre Porto Feliz e Laranjal, que desde 2010 apresentava qualidade regular da água. Segundo Malu, isso é reflexo da abertura de barragens ou eclusas, que levou água ruim para essas regiões. "Se não fosse essa abertura em Laranjal, a mancha seria menor", afirma. (Da Redação, com informações de Estadão Conteúdo e Agência Brasil)