Maior parte das mortes no trânsito acontece aos finais de semana

Por Marcel Scinocca

Até setembro, 33 mortes no trânsito envolveram motocicleta. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (26/3/2019)

Há um aumento gradativo no número de acidentes durante a semana. Sábado é o dia mais violento. Crédito da foto: Erick Pinheiro / Arquivo JCS (24/1/2019)

Quase 40% dos óbitos em decorrência de acidentes de trânsito em Sorocaba foram registrados nos finais de semana. É o que revela os dados do período compreendido entre janeiro e setembro deste ano. Os números são do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga), órgão ligado à Secretaria de Governo do Estado e que monitora ocorrências registradas tanto no espaço urbano como em rodovias. Ainda de acordo com os dados, nos três primeiros trimestres deste ano foram registrados na cidade 79 mortes. O volume é 23% maior que no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 64 óbitos.

Na cidade, os números apontam que sábado é dia mais violento da semana. Para se ter ideia, 21,5% das mortes foram registradas nessas datas. Na sequência, aparece domingo, com 18% das mortes. Com isso, as datas representam somadas 39,5% das mortes no trânsito na cidade.

Os dados apontam também um aumento gradativo durante a semana. As segundas-feiras, por exemplo, representam o dia mais tranquilo, com 9% das mortes. Nas terças-feiras, segundo os dados, ocorrem 11,5% das mortes. Às quartas-feiras, o volume sobe para 12,5%. Esse índice se mantém nas quintas-feiras. A evolução aponta que nas sextas-feiras ocorrem 15% dos óbitos.

José Aurélio Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, afirma que os dados registrados em Sorocaba é um padrão em praticamente todo o País. “É um perfil dos acidentes do Brasil inteiro. É padrão do País”, argumenta.

Ramalho lembra que primeiro é preciso fazer uma análise aprofundada nos dados, levando em consideração suas características. Entretanto, conforme ele, há uma tendência nesse sentido. “Analisando friamente, sem ter todas as informações, há uma tendência. Não dá para afirmar em todos os casos, mas a combinação álcool e direção é uma forte tendência que pode justificar os números. Os jovens saem à noite, domingo tem churrasco. Isso pode ser um sinalizador da situação’, diz.

Aumento de 23%

Ainda de acordo com os dados, nos três primeiros trimestres deste ano foram registrados na cidade 79 mortes. Foi o período que mais registrou mortes no trânsito em Sorocaba, desde 2016. No ano passado, no mesmo período, o número foi de 64. O volume, é 23% maior que no mesmo período do ano passado. Na ano anterior -- 2017 -- foram 61 óbitos, contra 62 em 2016.

Também conforme os dados, o número de mortes no trânsito registradas entre janeiro a setembro deste ano só não é maior que os dados de 2015, quando o número de óbitos chegou a 83.

A somatória dos óbitos em 2019 em Sorocaba foram puxadas pelo mês de julho, que apresentou 18 mortes, sendo o mais violento deste ano. Janeiro e abril, na outra ponta, foram os menos violentos, com o registro de quatro mortes cada.

Ramalho, o especialista no assunto, apresenta também outro fator complicador no caso. “Para cada pessoa que morre, há um grupo muito maior de pessoas que ficam gravemente feridas”. lembra. “Quem paga a conta é a sociedade. Isso gera um custo muito alto”, avalia.

Motocicleta

Até setembro, 33 mortes no trânsito envolveram motocicleta. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (26/3/2019)

Das 79 mortes no trânsito registradas em Sorocaba, até setembro deste ano, 33 delas envolveram motocicleta. O número corresponde a 42% do total de mortes. Na sequência, aparece as mortes envolvendo pedestres. Foram 20 no período, ou 25,5%. 13 mortes envolveram automóvel -- 16,5% --, e 8, ou 10% do total, envolveram ônibus, Houve ainda o registro de 4 mortes envolvendo bicicleta. O número corresponde a 6% do total.

Outros dados

A faixa etária entre 18 e 24 anos é que mais apresentou mortes em Sorocaba no período divulgado pelo Infosiga. Foram 14 mortes, ou 18% do total. A maior parte das mortes ocorreu em vias municipais. Segundo os dados, quase 60% delas foram nessa situação. O mesmo índice -- 60% -- é de óbitos registrados em unidades de saúde. 30% das mortes foram registradas a noite. 84% das mortes foram com pessoas do sexo masculino.

Conforme o especialista, os números apresentados na matéria dão uma diretriz do que está acontecendo. “Já tem muita informação para que o poder público possa tomar alguma medida”, diz. Ramalho lembra que em Sorocaba, o Observatório tem parceria com a Urbes no programa Município Laço Amarelo. (Marcel Scinocca)