Buscar no Cruzeiro

Buscar

Idosos se mantêm firmes e fortes no mercado de trabalho

06 de Julho de 2018 às 15:32

Ana Claudia Martins - [email protected]

Em Sorocaba, profissionais de diversas áreas, já aposentados, continuam firmes e fortes no mercado de trabalho. Além de garantir melhor renda, o trabalho é encarado por quem já passou dos 60 anos como uma fonte de prazer, de utilidade e de oferecer ao mercado o conhecimento e a experiência em padrões elevados. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta mudança de comportamento desse grupo no que tange às decisões de participação no mercado de trabalho, porque vem recuando a parcela de idosos que decide ficar na inatividade.

"Do trabalho vem tudo", afirma o professor e coordenador do curso de Relações Internacionais da Esamc Sorocaba, Elcio Sotkeviciene, 68 anos, frase que ouviu de seu pai ainda jovem e jamais esqueceu. Aposentado há 13 anos, após trilhar carreira de executivo, ele investiu na área universitária, diz que não tem previsão de parar de trabalhar e que no Brasil é preciso mudar a cultura de que as pessoas devem se aposentar quando estão no topo de sua experiência e conhecimento. "Em outros países, quando as pessoas estão no auge da sua capacidade profissional elas não pensam em se aposentar e sim permanecer ativas no mercado de trabalho. Enquanto eu puder fazer o meu trabalho da melhor forma possível e com bons resultados continuarei trabalhando", diz Elcio. O professor ainda possui empresa na área de logística e também atua na Ouvidoria da Esamc entre outras funções na faculdade.

Também professor universitário na Esamc Sorocaba, Calixto Silva Neto, 67 anos, não pensa em parar tão cedo. Ele já trabalhou por 25 anos na indústria e há 30 atua na área de educação. "O trabalho é fonte de prazer, de realização pessoal, de se sentir ativo e útil. Tenho expectativa de viver até os 100 anos ou mais, então, não vejo motivo para parar de trabalhar", diz Calixto.

A mesma opinião tem o advogado José Mendes de Oliveira Neto, 71 anos, que trabalha em escritório de advocacia com colegas de profissão mais jovens. Ele afirma que trabalhou por 30 anos em uma empresa da cidade e se aposentou, mas para manter o mesmo padrão de vida decidiu retornar ao mercado de trabalho. "Aos 54 anos comecei a fazer o curso de Direito e depois de formado comecei a trabalhar como advogado e não parei mais. "Hoje trabalho por prazer e não por necessidade financeira. O trabalho nos faz sentir vivos, gosto de atuar na advocacia e enquanto puder seguirei trabalhando", diz José.

Mais idosos na ativa

José Mendes Neto, 71 anos, exerce a advocacia - ACERVO PESSOAL

José Mendes Neto, 71 anos, exerce a advocacia - ACERVO PESSOAL

Embora eles ainda formem o grupo com menor participação entre os trabalhadores na ativa, os idosos brasileiros estão adiando a saída do mercado de trabalho, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com a pesquisa, no primeiro trimestre de 2018, na comparação com igual período de 2017, observa-se crescimento de 8,0% da população ocupada com mais de 60 anos. Segundo o Ipea, o movimento reflete, em parte, o envelhecimento da população, mas também possível mudança de comportamento dos brasileiros nessa faixa etária sobre deixar o mercado de trabalho. Além da questão financeira, o trabalho para as pessoas que já passaram dos 60 anos significa também melhor qualidade de vida, além da sensação de serem úteis e produtivas.

O Ipea aponta ainda que o segmento dos trabalhadores idosos no Brasil é o que apresenta as maiores taxas de crescimento da ocupação. Passou de 6,3% em 2012 para 7,8% em 2018. Os números mostram também que a partir de 2017, o ritmo de crescimento tornou-se ainda mais significativo, com taxas girando entre 7% e 8%.

O estudo aponta que, na média dos últimos quatro trimestres, do total de trabalhadores ocupados com mais de 60 anos de idade, 46% residiam na região Sudeste, 56% eram do sexo feminino e 63% se declararam como chefes de família. Segundo o Ipea, 45% trabalhavam por conta própria e 27% estavam ocupados no mercado formal. As maiores parcelas estavam no comércio (17%), agricultura (15%), educação e saúde (10%).