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‘Fizemos o melhor’, afirma Jaqueline

13 de Dezembro de 2020 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

‘Fizemos o melhor’, afirma Jaqueline Jaqueline Coutinho (PSL) disse que seu mandato foi “extremamente desafiador” e deseja tranquilidade ao prefeito eleito. Crédito da foto: Fábio Rogério (11/12/2020)

A menos de 20 dias de deixar o cargo de prefeita de Sorocaba, Jaqueline Coutinho (PSL) fez um balanço de seu governo, iniciado em agosto do ano passado, quando assumiu definitivamente o Executivo sorocabano após a segunda cassação do então prefeito José Crespo (DEM). Jaqueline disse que seu mandato foi “extremamente desafiador”, devido às circunstâncias políticas após as duas cassações de José Crespo, além da pandemia da Covid-19. E que, mesmo assim, ela tem certeza que seu governo fez o melhor possível. “A cidade está organizada, está cuidada e ela está saneada. A minha missão foi dada e nesse curto espaço de tempo, que coube a mim administrar Sorocaba, eu tenho certeza que fizemos o melhor”, afirma.

Jaqueline disse ainda que pretende descansar e ter mais tempo com os filhos, com os pais e com a família, assim que deixar o cargo de prefeita de Sorocaba, e que pensa em estudar. Ela afirma também que, no momento, não pensa em novos pleitos eleitorais, mas que continuará filiada ao PSL e que pretende fortalecer o partido na cidade.

Durante a entrevista, que ocorreu na manhã de sexta-feira (11), no gabinete da prefeita, no sexto andar do Paço Municipal, Jaqueline chegou a se emocionar quando indagada se estava arrependida de ter entrado para a política, depois de uma gestão bastante conturbada enquanto ela foi vice do então prefeito José Crespo. “Olha, arrependimento é algo assim que dá uma conotação, vamos dizer, de que você está jogando a toalha. Eu nunca vou jogar a toalha na minha vida”, disse a prefeita.

JCS - Qual é o balanço que a senhora faz do seu último ano de mandato?

Jaqueline Coutinho - Eu acho que foi um mandato que a gente assumiu já em circunstâncias anômalas, após a segunda cassação do ex-prefeito José Crespo. Então, havia um momento de dificuldade política, institucional e administrativa também, e a gente assumiu diante de um déficit orçamentário em torno de R$ 93 milhões, em agosto do ano passado. Nós equacionamos as contas da prefeitura e nesse ano a gente passou pela maior crise da história, depois da 2ª Guerra Mundial. Tivemos um mandato extremamente desafiador, não só porque não era um mandato originário meu, enquanto titular e enquanto prefeita, e sim sucedendo o prefeito, em razão da cassação. E depois, por conta de todos os percalços, de todas as dificuldades que o mundo enfrenta, por conta da pandemia. Mas, ainda assim, a gente conseguiu, diante de todas essas dificuldades, as decorrentes do mandato após a cassação do prefeito, e a deste ano, em razão da pandemia da Covid-19. Apesar disso, a gente conseguiu manter Sorocaba nos trilhos.

JCS - Quais foram as principais dificuldades enfrentadas?

Jaqueline Coutinho - As perdas de arrecadação, e nós tivemos uma perda significativa de arrecadação durante três meses em torno de 30%, hoje estamos em torno de 9% a 10% de perda de arrecadação. Mas, com medidas rígidas e responsáveis, com supressão de contratos, redução de contratos, repactuação de dívidas públicas, e toda uma engrenagem para equacionar essa perda arrecadatória, inclusive com programas de regularização fiscal, onde as pessoas podem regularizar seus débitos fiscais, nós conseguimos aí fazer esse equacionamento, como nunca foi feito em Sorocaba. E tivemos um êxito para arrecadar até a semana passada acredito que nós tínhamos arrecadado mais de R$ 30 milhões com dívidas já pagas e algumas parceladas. Então, isso nos ajudou a também resolver essa dificuldade orçamentária e financeira.

JCS - Qual o legado e quais obras a senhora deixa para a cidade?

Jaqueline Coutinho - Apesar de tudo o que a gente passou, de toda essa dificuldade, nós mantivemos salários em ordem, garantimos o pagamento do décimo-terceiro dos servidores. Nós entregamos nesse último ano, no total, 18 escolas, sendo 12 Centros de Educação Infantil (CEIs), e quatro delas entregaremos na semana que vem. Nós estamos concluindo a Estação de Tratamento de Água (ETA) Vitória Régia, que eu lancei a pedra fundamental em setembro de 2017, quando da primeira cassação do então prefeito. E vou ter essa alegria da gente estar finalizando esse projeto, que é de imensa importância para o sistema de abastecimento e distribuição de água de Sorocaba. Nós vamos conseguir aí garantir o abastecimento de água para toda a zona norte, nos deixando menos dependentes de Itupararanga, captando água do rio Sorocaba e tratando essa água. Nós também deixamos a Guarda Civil Municipal (GCM) mais equipada. Na área da Educação, compramos 60 mil livros paradidáticos, e vamos inaugurar em breve a Casa do Turista, que é um projeto que vinha se arrastando há anos. E também vários projetos no decorrer deste ano, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, com a criação e ampliação de cursos na Uniten, de qualificação e capacitação profissional. E ainda três programas voltados para crianças e adolescentes, que estavam em situação de acolhimento, por meio da Secretaria de Cidadania. E em razão da pandemia conseguimos atender as famílias em situação de vulnerabilidade social, com cestas básicas, além da distribuição de máscaras, mais de 30 mil, inclusive em parceria com o jornal Cruzeiro do Sul. Também fizemos várias academias ao ar livre, uma concluída recentemente na Vila Haro. Enfim, a cidade está organizada, ela está cuidada e saneada. A minha missão foi dada e nesse curto espaço de tempo que coube a mim administrar Sorocaba eu tenho certeza que fizemos o melhor.

JCS - As decisões relacionadas à pandemia foram as mais difíceis no seu último ano?

Jaqueline Coutinho - Eu acredito que a frente de uma prefeitura, seja o porte que for a cidade, toda decisão que afeta a vida da pessoa, em todas as esferas da vida dela é importante. É uma decisão difícil porque você tem que ver que sua responsabilidade é muito grande, é a responsabilidade do cuidador, do provedor. Nós, com ações administrativas, o poder público ele afeta a saúde, a educação, os transportes, a mobilidade, enfim, afeta todas as áreas da vida de uma pessoa. Então, você tem que ser muito prudente e muito responsável, e, acima de tudo, tem que ter um corpo técnico que te dê respaldo a adotar as providências que você tem que adotar, que você tem que fazer. Lógico que nós temos a nossa capacidade e a nossa limitação de conhecimento. A minha área é o direito, ainda assim, o direito criminal. Então, todas as demais áreas eu tive um suporte muito grande por parte dos secretários e dos servidores.

JCS - Qual balanço a senhora faz da campanha eleitoral? Acreditou que poderia ter vencido a eleição?

Jaqueline Coutinho - Quando a gente sai para uma disputa a gente sempre vai na expectativa de vencer e apesar da gente ter iniciado essa caminhada eleitoral tardiamente, porque eu não sabia se iria ou não, havia uma dúvida da minha parte na realidade, porque, de início, eu não tinha interesse em me candidatar mais a cargo público. Mas, houve um pedido do partido, e a gente assumiu esse desafio, e foi um desafio grande até porque nós tínhamos que administrar a cidade e também fazer a campanha. Veja que já tínhamos candidatos que estavam em campanha há mais de 3 anos. E eu saí para uma campanha há poucos meses, ainda assim, no primeiro turno, nós tivemos muitos candidatos, o que diluiu bem a porcentagem de votos de cada um. E, no segundo turno, já com dois candidatos, na verdade, se revela uma nova eleição. Nós saímos de 47 mil votos para quase 140 mil votos, então, eu acredito que foi uma campanha bem sucedida, embora uma campanha difícil, mas é a democracia, a gente respeita. Ainda mais eu que sou da área do direito, então, a gente tem que respeitar a decisão do povo. E não podemos nos esquecer também que tivemos um índice de abstenções, brancos e nulos muito grande, quase 200 mil votos que não se consolidaram. Então, veja que o número de votos que não se efetivaram é maior do que o número de votos do candidato que venceu as eleições.

JCS - A senhora acredita que foi um recado das urnas, ou seja, as pessoas estão descrentes em relação à política?

Jaqueline Coutinho - Eu tenho certeza que estão descrentes da política. Nós passamos nos últimos anos, principalmente nos últimos 12, por uma catarse de rejeição política. A população, em razão de todos esses problemas que circundaram a política, esses escândalos de corrupção, de mal feitos, de ações que colocaram em cheque a credibilidade do sistema político institucional. A população está descrente e ela sempre acha que investir no novo pode ser uma opção. Lógico que pode ser uma opção, mas o problema é muito mais profundo, é na essência da política. Enquanto a população não tiver a consciência que a política tem que ser algo que jamais resvale no conluio, na barganha, na troca. E se a política de elevação do cidadão, de progresso humano, de progresso institucional e progresso da sociedade, se a população não tiver essa dimensão, infelizmente nós realmente vamos ficar a mercê do que a gente vem vivenciando. Cada vez mais eu falo, é a educação, é a consciência política, é a avaliação de cada candidato que deve prevalecer.

JCS - A senhora se arrependeu de ter entrado para a política?

Jaqueline Coutinho - Olha, arrependimento é algo assim que dá uma conotação, vamos dizer, de que você está jogando a toalha. Eu nunca vou jogar a toalha na minha vida. Eu aprendi que a gente tem que acreditar. Eu tinha uma expectativa de ter quatro anos junto ao ex-prefeito e de uma administração séria, responsável, progressista. Uma administração que realmente estava dentro daquele projeto de 2016, que se iniciou com o ex-prefeito Renato Amary. Infelizmente, eu digo com todas as letras, em caixa alta, infelizmente não pude prosseguir com o Renato, e daí nós tínhamos um novo contexto político e aconteceu tudo o que aconteceu, e não por minha vontade, mas por circunstâncias alheias a minha vontade. E Sorocaba passou por momentos tristes, momentos muito difíceis, momentos que eu posso dizer que a cidade não merecia passar. Tudo por conta de uma política equivocada, posturas equivocadas, e que redundaram nessas duas cassações. É óbvio que se a gente não tivesse passado por isso, Sorocaba estaria vivenciando um momento talvez de maior êxito político e administrativo, e principalmente com menos problemas. Então, a população chegou num ponto que as pessoas não aguentavam mais aqueles problemas, e criou-se assim uma instabilidade, e o que a população queria era harmonia. E isso, quando eu assumi, em agosto do ano passado, eu tenho certeza que a gente conseguiu essa harmonia. Essa harmonia que se revelou no aumento de investimentos na cidade, as empresas prospectando e procurando Sorocaba para se estabelecerem. Foi um período de dificuldade para gente poder organizar as finanças, mas ainda assim só esse ano quantos empregos nós criamos? Tivemos um saldo positivo de muitos empregos, isso demonstra que existe um interesse muito grande em Sorocaba, porque ela é muito atrativa para os investimentos, em todas as áreas. Mas, essa atratividade, sem uma política saneadora, sem uma política que garantisse segurança jurídica para esses empreendedores, não adiantava de nada, e isso a gente garantiu esse ano.

JCS - A senhora pretende seguir no PSL? E o que pretende fazer após deixar o cargo de prefeita?

Jaqueline Coutinho - Sim, filiada no PSL. Eu quero fortalecer o partido, já estou buscando outros nomes que possam fortalecer o PSL, e fazer com que o nosso partido se torne mais forte, mais participativo no contexto político. Num primeiro momento não penso em outros pleitos eleitorais. Com certeza descansar, cuidar dos meus filhos e dos meus pais, que nesses 4 anos, infelizmente, eu fiquei, por mais que eu quisesse dar a devida atenção, a prefeitura me consumia muito. E obviamente eu não podia deixar de lado os meus afazeres também dentro da administração pública. Mas, agora, é dar um tempo, cuidar da família, talvez voltar a estudar, fazer uma pós-graduação. Eu sou uma pessoa que gosta muito de estudar, de me atualizar, então, acho que esse é o momento.

JCS - O que a senhora espera do próximo governo municipal?

Jaqueline Coutinho - Eu só posso esperar, como cristã e como cidadã, como filha de Sorocaba, tendo toda a minha vida alicerçada na nossa cidade, que seja uma administração profícua, que a gente tenha aí quatro anos de tranquilidade, e de êxito nas ações do próximo prefeito. Eu já falei com ele (Rodrigo Manga), ele esteve aqui semana passada, para a gente formatar a equipe de transição, e me coloquei à disposição para o que ele precisar em relação a dados, informações e até auxílio técnico. Como eu disse, eu sou uma pessoa estudiosa e tenho meu perfil que é ajudar e fazer as coisas acontecerem, é o meu jeito de ser. E jamais eu colocaria algum tipo de ranço, ou de retaliação, ou de sentimento mesquinho ou pequeno, para atrapalhar a futura administração, muito pelo contrário, eu quero ajudar.