Família de radialista sorocabano morto em parque ainda espera acordo
Passado um ano da morte do radialista sorocabano Ricardo José Hilário Silva, conhecido como Ricardo Hill, não há ainda nenhum acordo com a família dele, que é de Sorocaba, com o parque, que fica no estado do Ceará, onde ocorreu um acidente que tirou a vida do radialista. A informação, divulgada nesta terça-feira (16), é do advogado da família, João Vicente Leitão.
Conforme o defensor, mais de um encontro ocorreu para tratar da situação, mas até agora sem definição. “Sentamos para conversar sobre a possibilidade de composição em cima de possíveis indenizações patrimoniais e morais. Já sentamos duas vezes e na última vez que nós conversamos foi há duas semanas e de lá para cá não tivemos resposta.”
Ele fala que o parque não tem prestado assistência à família. “Com relação à assistência do Beach Park, temos contato com a família quase que quinzenalmente. Na verdade, o que a gente tem da família é que o Beach Park não deu nenhuma assistência nesse um ano. A única assistência que o Beach Park deu foi o translado do corpo de Ricardo, de Fortaleza para Sorocaba. Foi a única ajuda”, diz.
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Ainda conforme ele, existe hoje um processo criminal em andamento. “Essa ação originou-se de um inquérito policial”, comenta. Mais de 30 pessoas foram ouvidas ao longo da investigação. “O inquérito policial foi bem feito, foi feito com muito zelo”, diz o advogado, que alega também que após o relatório conclusivo do caso, houve indiciamento e o caso foi levado ao Ministério Público do Estado do Ceará, que analisa a situação para oferecer ou não denúncia.
Ainda há a intenção de pleitear indenização patrimonial e moral por meio de ação civil que deverá ser movida pela família. “O Ricardo não vai mais voltar. É uma dor que continua. Mas a Justiça procura compensar essa perca, essa dor através de valores. O Ricardo era importante na mantença [alimento necessário para a subsistência] da família, o que não vai ter mais”, afirma.
O Beach Park divulgou um material afirmando que o acidente foi causado por falha de projeto. O laudo da empresa americana ESi, segundo o parque, teria comprovado que o brinquedo Vainkará apresenta falha de projeto, alterando a trajetória da boia independentemente do peso, o que foi determinante para ocorrer o acidente. O design do referido toboágua resulta em situações onde a boia se torna instável e não segura, mesmo quando o peso dos usuários soma menos que os 320 kg recomendados pela ProSlide”, diz o relatório da ESi, concluído em maio, e que complementa: “O aspecto-chave do toboágua que compromete a segurança dos usuários é a trajetória seguida pela boia na segundo onda-tornado de ‘gravidade zero’. Essa trajetória irregular se dá devido ao design do toboágua”.
Conforme o Beach Park, diante da perícia e com a certeza de ter seguido todos os procedimentos corretos na operação da atração, a empresa está avaliando as medidas jurídicas aplicáveis ao caso. Ainda conforme o parque, a empresa contratada é referência no mercado em investigações dessa natureza, já tendo trabalhado em locais como Disney World Orlando, Universal Studios, Busch Gardens e Sea World, OBeach Park protocolou recentemente o relatório da perícia ao Ministério Público e está avaliando as medidas jurídicas aplicáveis ao caso.
A instituição disse ainda que ao longo dos últimos 12 meses manteve inúmeros contatos com advogados da família para alcançar um acordo. No último dia 4 de julho, o advogado da família retornou aos advogados do Beach Park com uma proposta, que está sob avaliação. “O Beach Park lamenta mais uma vez o ocorrido, reitera que prestou toda assistência às vítimas e familiares e garante à família Beach Park – frequentadores, colaboradores e parceiros – que vai continuar, como sempre fez, aperfeiçoando seus procedimentos de segurança e promovendo o debate com o setor para que a experiência no Beach Park seja cada vez mais segura e agradável.”
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O acidente
Em 16 de julho de 2018, Ricardo descia no toboágua -- no brinquedo Vainkará -- que havia sido inaugurado havia menos de uma semana. A situação ocorreu no parque aquático Beach Park, que fica em Aquiraz, município da Grande Fortaleza, no Ceará. No percurso, a boia virou e o radialista bateu a cabeça no chão do brinquedo. Ele não resistiu ao ferimentos e morreu. Outras três pessoas desciam com ele no momento do acidente.
Após o fato, o brinquedo foi fechado. Ricardo Hill era um dos comunicadores da rádio Nova Brasil FM, de São Paulo. Em Sorocaba ele teve passagem por várias emissoras, entre elas a Band FM, onde trabalhou por cerca de um ano. (Marcel Scinocca)