Falhas nos dispositivos sonoros prejudicam deficientes visuais

Por Ana Claudia Martins

Urbes diz que há pedido para comprar mais dispositivos. Crédito da foto: Fábio Rogério

Segundo a Prefeitura, há sete locais na cidade que têm semáforos com o equipamento. Crédito da foto: Fábio Rogério

A falta de manutenção nos dispositivos sonoros instalados em alguns semáforos de Sorocaba têm sido motivo de reclamação por parte dos deficientes visuais que utilizam o equipamento para atravessarem as ruas da cidade com segurança. Atualmente, há dispositivos somente em sete cruzamentos, a maioria em ruas da área central. Na tarde de segunda-feira (26), a equipe de reportagem do Cruzeiro do Sul percorreu alguns desses locais no Centro junto com o deficiente visual Carlos Alberto Bueno Tomanik. Como ele trabalha próximo à rua Álvaro Soares, costuma usar o dispositivo existente nos semáforos, mas reclama que constantemente alguns não funcionam. Fato constado em pelo menos três pontos naquela tarde pela reportagem: no semáforo da Álvaro Soares (em frente à Casas Bahia), no início da rua Sete de Setembro, e no cruzamento da Sete de Setembro com a Padre Luiz os dispositivos do conjunto semafórico não funcionaram.

Questionada, a Urbes - Trânsito e Transportes disse, em nota, “que até o momento tinha conhecimento de problemas nas botoeiras em frente à Casas Bahia e na rua Padre Luiz. Com relação as demais, pedimos aos técnicos para verificar o que precisará ser feito. Os problemas apontados dependiam de troca do equipamento e não havia sido feito porque não tínhamos em estoque, pois estavam em manutenção”, diz a empresa responsável.

Carlos Alberto disse que constantemente alguns dispositivos não funcionam. Crédito da foto: Fábio Rogério

Carlos Alberto afirma que os semáforos com sinal sonoro dão mais segurança para os deficientes visuais na hora de travessia na faixa de pedestre. “Quando o semáforo tem o dispositivo a gente aperta o botão e em seguida é emitida uma mensagem sonora avisando para aguardar o momento da travessia. Aí quando o sinal fecha e fica verde outra mensagem avisa que a travessia pode ser feita e um apito é o sinal para fazer a travessia”, aponta. Segundo ele, alguns dispositivos existentes nos semáforos não estavam funcionando há cerca de três meses. A Urbes, porém, afirma que a manutenção dos equipamentos é feita “pelo menos uma vez por mês”. “Os técnicos passam em todos os locais. Temos alguns equipamentos em manutenção para a troca de botoeiras com defeito”, afirma a empresa.

Segundo a Prefeitura de Sorocaba, os sete locais da cidade que possuem os semáforos com o dispositivo sonoro são: avenida Washington Luiz x rua Barão de Piratininga, ruas Álvaro Soares, São Bento x Santa Clara, Sete de Setembro x Miranda Azevedo, Sete de Setembro x Padre Luiz, Sete de Setembro x Praça Nicolau Scarpa, e rua da Penha x rua Padre Luiz.

Cidade precisa de mais equipamentos, defende associação

Para o professor de orientação e mobilidade da Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais (Asac), Diorgenes Batista da Silva, a quantidade de semáforos com dispositivo sonoro é insuficiente para o tamanho da cidade. “Só na Asac temos 140 deficientes visuais cadastrados e mais 70 em outra entidade parceira, o que totaliza 210 pessoas. E há ainda o total de deficientes visuais na cidade que não sabemos quantos são”, destaca.

Urbes diz que há pedido para comprar mais dispositivos. Crédito da foto: Fábio Rogério

Segundo ele, o ideal é ter mais dispositivos nos semáforos e em outras regiões de Sorocaba. Ele diz que, quando constata que algum equipamento não está funcionando, imediatamente comunica à Urbes. Já a empresa disse que recebe informação a respeito de munícipes pelos canais de comunicação da Urbes e também por meio da vistoria dos técnicos.

No início de dezembro de 2017, a Urbes disse ao Cruzeiro do Sul que iria fazer a instalação de mais cinco conjuntos semafóricos com sinal sonoro para deficientes visuais, o que não ocorreu. Os locais previstos para receber os dispositivos eram a avenida Itavuvu, avenida São Paulo (em frente à Santa Casa), rua Nogueira Padilha (no acesso à Unidade Pré-Hospitalar) e avenida Gisele Constantino. Em nota, a Urbes justificou que o fato “não ocorreu”, mas que há pedido de compra para adquirir novos equipamentos.