Doenças respiratórias de outono preocupam mais com pandemia
Além das gripes e resfriados, doenças como sinusites e bronquite costumam piorar nos meses mais frios. Crédito da foto: Secom Sorocaba / Assis Cavalcanti
O outono, estação já conhecida por aumentar os casos de doenças respiratórias, também é um momento de preocupação maior em 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus.
O tempo seco aumenta a concentração de poluentes, o que acaba sendo um gatilho para a propagação e maior disseminação de alguns vírus neste período do ano, como o da gripe comum, entre outros. Além disso, logo chegará o inverno e queda das temperaturas, além das frentes frias, que costumam derrubar bruscamente os termômetros. Essas situações, segundo especialistas, contribuem para diminuir a imunidade das pessoas. E diante da pandemia da Covid-19 no Brasil, as características do outono podem gerar um aumento de casos de coronavírus no País. Porém, ainda não há uma comprovação científica a esse respeito.
Como as pessoas já costumam ter mais gripe e resfriados nesta época do ano, sobretudo crianças e idosos, o Ministério da Saúde antecipou de abril para março o início da campanha de vacinação nacional contra a gripe em 2020. A ideia é justamente proteger idosos, que são considerados do grupo de risco para o novo coronavírus, além de pessoas com outras doenças, para que sejam imunizados contra a gripe já no início do outono. Isso porque nesse momento, o País deve evitar que as unidades de saúde fiquem lotadas por conta das doenças respiratórias como gripe, resfriado, rinite, sinusite, asma, bronquite, entre outras, muito comuns no outono e inverno.
Segundo o infectologista David Uip, que coordena o comitê que trabalha na contenção da Covid-19 no País, existe a preocupação sobre a evolução do coronavírus com a chegada do outono e também do inverno, quando as temperaturas caem em diversas regiões. “A chegada do outono já é um fator complicador. O vírus gosta do frio. Com a mudança de clima, talvez a gente passe para uma segunda fase do problema”, disse Uip, recentemente.
Para a infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Tânia Vergara, embora a doença ainda seja pouco conhecida pela comunidade científica, já existem trabalhos que mostram que o desempenho do coronavírus é melhor no clima frio e seco. Isso ocorreu em diversos países que enfrentam o novo coronavírus, com muitos casos confirmados, e que estão em suas estações mais frias. “Quanto mais frio e mais seco, mais o vírus fica vivo. O Hemisfério Norte está saindo do inverno, nós estamos entrando”, diz Tânia.
Ainda segundo ela, o coronavírus segue o padrão da maioria das doenças respiratórias, que se disseminam mais no outono e no inverno. Nessas épocas, os mecanismos de defesa do corpo estão enfraquecidos e existe maior circulação de vírus e resfriados. Com a Covid-19 não seria diferente. Por isso, a especialista recomenda que a população mantenha os cuidados, já enfatizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “No frio, é natural que as pessoas fiquem juntas, em ambientes fechados e com as janelas fechadas. Se possível, elas devem deixar as janelas abertas e manter a circulação de ar”, aponta. (Ana Cláudia Martins)