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Diretor de hospital é preso em Salto durante operação contra desvios na saúde

29 de Setembro de 2020 às 09:14
Jomar Bellini [email protected]

Médico é preso em Salto durante operação contra desvios na saúde Policiais cumpriram mandados em cidades da região da Deic de Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério (20/8/2020)

Atualizada às 12h11

O diretor de um hospital de Araçatuba foi detido na manhã desta terça-feira (29) durante o cumprimento de um mandado de prisão temporária na cidade de Salto, dentro da operação Raio X. A ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado de São Paulo (Gaeco) e da Polícia Civil tem como objetivo desmantelar um grupo criminoso especializado em desviar dinheiro destinado à saúde com a celebração de contratos de gestão em diversos municípios por meio de organizações sociais.

Na região da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba, os agentes cumpriram um mandado de prisão temporária e busca e apreensão contra o homem na cidade de Salto. Inicialmente, a polícia informou que ele seria médico, mas posteriormente corrigiu a formação do suspeito, que é graduado em Administração. De acordo com a Deic, ele participa do esquema de desvio de dinheiro e teria atuado como diretor em um hospital investigado na cidade Araçatuba. Já na cidade de Botucatu, os policiais e promotores do Gaeco cumpriram mandado de busca e apreensão na casa da namorada dele. A ação na região foi em apoio a Deic de Araçatuba, responsável pela operação.

Dois anos para desencadear a operação

A investigação, que conta com inquéritos policiais e civis instaurados, teve a duração de aproximadamente dois anos. Nesse período, os policias levantaram informações que indicavam a existência de um sofisticado esquema de corrupção na saúde. Essa articulação envolvia agentes públicos, empresários e profissionais liberais, e  mostrava desvio de milhões de reais que deveriam ser aplicados na saúde.

De acordo com a investigação, há indícios de esquema de desvio de verba pública por meio da celebração de contratos de gestão entre organizações sociais e o Poder Público, em sua maioria, através de procedimentos licitatórios fraudulentos e contratos superfaturados.

No transcorrer da investigação, foram identificadas dezenas de envolvidos com o grupo criminoso divididos em diversos núcleos, cada um com sua colaboração na prática das infrações penais.

Ostentação durante a pandemia

De acordo com o apurado, houve a aquisição de grande quantidade de bens móveis e imóveis, sendo que parte da evolução patrimonial do grupo se deu justamente no período da pandemia.

Em decorrência desse trabalho investigativo, foram expedidos 64 mandados de prisão temporária e 237 mandados de busca. Desse total, 180 no Estado de São Paulo e 57 em outras unidades da Federação. Além disso, houve  o sequestro de bens e valores. As prisões e as buscas se deram em dezenas de municípios paulistas. Ocorreram também em cidades do Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Para o cumprimento dos mandados foram empregados 816 policiais civis, 204 viaturas e dois helicópteros.. Por parte do MPSP, 30 promotores de Justiça e 10 agentes de Promotoria participaram da operação. Também cooperaram policiais civis de outros Estados e a Polícia Federal do Pará. O cumprimento do maior número de prisões temporárias e mandados de busca e apreensão aconteceu fora de São Paulo. No Pará, também foi deflagrada a Operação SOS, da Polícia Federal. (Jomar Bellini)