DIG prende suspeito de vender remédio 'tarja preta' para dopar idosos em roubos
Um técnico de enfermagem foi preso suspeito de vender irregularmente remédios de uso controlado, os chamados "tarja preta", na manhã desta sexta-feira (4) em Itapetininga. Segundo o titular Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Agnaldo Nogueira Ramos, o homem seria o responsável por fornecer a medicação para duas mulheres que dopavam idosos durante roubos na cidade.
O suspeito de 37 anos trabalha no Hospital Regional Adib Domingos Jatene, em Sorocaba, e foi preso durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua casa na Vila Piedade, em Itapetininga. No local, os policiais encontraram uma grande quantidade de remédios controlados sem nota fiscal ou anotação que indique a procedência. Entre as medicações, estão caixas de morfina, clonazepan, diazepam, lorezapan, tramadol e diversas marcas de antibióticos. A quantidade de medicamentos ainda está sendo contabilizada pela polícia.
Segundo Ramos, a DIG também vai apurar a origem dos medicamentos apreendidos. "A próxima etapa da investigação é saber a procedência das medicações, se foram adquiridas ilegalmente de distribuidores ou desviadas de algum hospital", explica. Em nota, o Hospital Regional informou que vai abrir sindicância e afastar temporariamente o funcionário. "Se constatado qualquer desvio de conduta, o hospital tomará as providências cabíveis."
Operação Melhor Idade
O flagrante desta sexta-feira é um desdobramento da Operação Melhor Idade, que prendeu duas mulheres pelos crimes de latrocínio e roubos qualificados. Ainda de acordo com a polícia, as suspeitas davam o medicamento clonazepan misturado com refrigerante para dopar idosos durante os crimes. Durante a prisão, o técnico em enfermagem afirmou não se lembrar de ter vendido o medicamento para as suspeitas.
A prisão temporária das mulheres, de 24 e 44 anos, aconteceu em 13 de agosto, quando saiam para aplicar o golpe em um idoso. Elas são suspeitas de cometerem pelo menos 16 roubos em cidades da região de Itapetininga. Em um dos casos, um homem morreu. O corpo de Erineu da Rosa, que estava desaparecido há dois meses, foi encontrado em um canavial na Rodovia Mário Batista Mori. Durante a prisão, as suspeitas indicaram onde a vítima foi deixada. "As mulheres foram interrogadas nos autos onde alegaram que não tinham intenção de causar a morte do mesmo, mas lhe deram uma dose de clonazepan e, em seguida, subtraíram a importância de R$ 260,00", explica o delegado.
A dupla agia há pelo menos nove meses aplicando golpes em idosos, sendo que há três começaram a dar tranquilizantes. De acordo com a DIG, a suspeitas tentavam conseguir o cartão de crédito e senha, inclusive se oferecendo sexualmente para as vítimas. Também há relatos de casos em que os idosos chegaram a ser agredidos. O valor aproximado dos golpes pode chegar a R$ 80 mil.
As mulheres confessaram terem cometido crimes nas cidades de Itapetininga, Alambari, Angatuba e Cesário Lange. A DIG ainda apura a possibilidade de os crimes também terem sido praticados nas cidades de São Miguel Arcanjo, Sarapui, Itararé e Capão Bonito. As duas presas foram indiciadas pelos crimes de roubo qualificado e latrocínio (roubo seguido de morte). (Jomar Bellini)