'Desapego' típico do fim de ano beneficia entidades em Sorocaba

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Silvio Bonan, administrador. Crédito da foto: Emidio Marques

Móveis trocados nas casas acabam sendo doados a entidades como a Casa André Luiz. Crédito da foto: Emidio Marques

Para abrir espaço às novas possibilidades do ano novo, muitas pessoas praticam nesta época o desapego. Móveis, roupas e outros tantos objetos são doados e acabam beneficiando entidades que promovem bazares para arrecadar recursos. Na Casa Transitória André Luiz o número de doações aumentou significativamente nos últimos dias, após um ano difícil. “Agora no final do ano acho que o espírito de solidariedade invade mais o povo e percebemos uma melhora boa”, conta Silvio Bonan, coordenador de projetos e administrador voluntário da entidade.

Ele relata que como o ano foi difícil financeiramente para todos, as doações tendem a ser menores. Porém, as contribuições feitas recentemente estão cooperando para que a entidade possa dar uma “respirada”. Bonan explica que a maior parte das doações tem sido de itens como camas que estavam guardadas ou peças que foram trocadas por novas. Todas as doações são vendidas em um bazar que ajuda a manter os projetos desenvolvidos pela entidade. Atualmente, a André Luiz possui projetos voltados a migrantes, crianças com déficit de atenção e hiperatividade, além de pessoas sem recursos que estejam enfrentando problemas de saúde.

Silvio Bonan, administrador. Crédito da foto: Emidio Marques

Quem desejar fazer uma doação pode entrar e contato pelo número (15) 3221-1321. “A gente combina um horário, um dia e vai retirar”, conta Bonan. Já quem procura roupas, eletrodomésticos e móveis para comprar pode ir ao bazar da entidade na avenida Américo de Carvalho, 379. O local funciona de segunda-feira a sexta-feira das 8h até as 17h e aos sábados das 8h às 12h.

Desapego é saudável

“(O desapego) é um sinal de maturidade emocional”, avalia a psicóloga clínica educacional e professora da Universidade de Sorocaba (Uniso), Walquiria Regina Ramires Miguel. Ela aponta que ter a capacidade de se desfazer de algumas coisas é um indicativo de que não há dependência emocional aos bens materiais. Essa postura também pode se refletir nos relacionamentos pessoais, em pessoas menos possessivas.

A prática de se livrar de algumas coisas para abrir espaço ao novo é especialmente motivada pelo clima de renovação desta época. “Toda virada de ano traz essa perspectiva de mudanças e possibilidades de renovação”, comenta. E as mudanças feitas em nosso entorno estariam intimamente ligadas com aquelas que desejamos para nossa mente e vida. “Toda a nossa realidade material, tem a ver com nossa realidade interna”, explica.

A psicóloga alerta, no entanto, para a necessidade de questionar as metas para o novo ano, com o objetivo de evitar frustrações ao perceber que não conseguiu alcançar o que desejava. “Como é que eu vou conseguir ou não transformar aquilo que eu quero mudar?”, propõe. O risco seria se deixar levar pela “fantasia do novo”, apenas em nível material, sem promover uma análise real de nossas vidas. “As mudanças têm que vir de dentro de cada um, têm a ver com as condições internas de cada um”, diz. (Priscila Fernandes)