Defesa Civil de Salto alerta para aumento do nível do rio Tietê

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José Manuel: prejuízo. Crédito da foto: Fábio Rogério

Volume de água aumentou ontem à tarde após abertura das comportas. Crédito da foto: Fábio Rogério

A Defesa Civil de Salto, município da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), comunicou ontem que as comportas da Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE) foram abertas com vazão de aproximadamente 620 metros cúbicos por segundo. O alerta era de que o nível do rio Tietê podia aumentar -- o que ocorreu a partir da tarde -- e se faz necessário, devido à previsão de chuvas.

O leito do rio Tietê subiu 2,5 metros na tarde de ontem e voltou a acumular espuma branca e suja junto à ponte que liga a rua 24 de Outubro, no bairro Três Marias, à ilha que abriga o estádio “Luiz Milanez”. A elevação das águas ocorreu como efeito da abertura das comportas da EMAE por conta do aumento do volume de água do rio Tietê na capital, provocado pelo temporal que atingiu a Grande São Paulo desde a noite de domingo (leia mais na pág.. A8).

No fim da tarde, o coordenador da Defesa Civil, Orlando Neri, projetou a previsão de que a partir das 20 horas de ontem ocorreria o alagamento no trecho da margem do rio localizado no fim da rua 24 de outubro. Como precaução, o acesso à Ilha dos Amores, um dos locais mais visitados pelo público no Complexo da Cachoeira, foi interditado. Quem visitou a Ilha dos Amores ontem à tarde pôde ter a dimensão do volume de água do rio Tietê no local.

As equipes da Defesa Civil começaram também a comunicar moradores de áreas de atenção sobre possíveis alagamentos. Quem ainda não recebe os avisos, pode cadastrar-se enviando um SMS para o número 40199, contendo o CEP da residência na mensagem do texto. Em caso de ocorrências, os munícipes devem entrar em contato com a Defesa Civil através do 199 ou 153 (GCM).

Possível cheia preocupa moradores da região

A elevação do leito rio Tietê e a projeção de alagamento de suas margens, em Salto, atraiu a atenção de muita gente, por curiosidade, mas também por preocupação. O marceneiro José Manuel Neto, de 55 anos, recebeu à tarde mensagens de amigos e parentes de outras cidades preocupados com sua situação. Ele mora na avenida Castro Alves, localizada às margens do rio Tietê. Numa enchente no mês passado, a água do rio invadiu a sua marcenaria e a casa onde mora, ao lado do salão de trabalho. Uma barreira de tijolo, de 40 centímetros de altura, tenta evitar nova invasão das águas na casa.

José Manuel: prejuízo. Crédito da foto: Fábio Rogério

E ontem a preocupação voltou em virtude da subida do leito do rio Tietê novamente. José Manuel ficou atento, preparado para elevar equipamentos de trabalho a qualquer momento com medo de sofrer novos prejuízos. Na enchente do mês passado, ele perdeu três motores, um guarda-roupa e um criado-mudo. “Vou levar as coisas (para pontos altos da casa) daqui a pouco, nem a moto vou deixar na garagem”, disse o marceneiro.

“Moro em lugar bem alto, estou aqui por curiosidade, mas preocupado com o povo”, disse o aposentado Pedro Bernardes Garcia, de 61 anos, referindo-se aos moradores da avenida Castro Alves. “Se essa água fosse limpa”, lamentou o mecânico Vagner da Silva, de 34 anos. “Antigamente o rio era limpo”, recordou Mariana Pedrossoli, de 29 anos, esposa de Vagner.

Espuma branca

Por volta das 18h de ontem, o nível do leito do rio atingiu a altura da ponte que liga a rua 24 de outubro à ilha e começou a acumular espuma branca e suja junto ao pavimento. A espuma é reflexo de poluição oriunda desde a capital. O frezador Gilberto Kormann, de 54 anos, tem recordações de cenários de espuma no rio. Ele habitualmente passeia de barco nas águas. Reconhece que o visual atrai a atenção, mas também admite que o “espetáculo” é triste por ter origem em poluição. (Carlos Araújo)