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Cuidados garantem que água do rio Sorocaba siga despoluída

05 de Junho de 2020 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

Cuidados garantem que água do rio Sorocaba siga despoluída O Programa de Despoluição do Rio Sorocaba, finalizado em 2016, proporcionou o tratamento de 100% do esgoto da cidade. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (4/6/2020)

Água é vida. Por isso, mais do que nunca, os sorocabanos precisam aprender a preservar e a conservar as águas do rio Sorocaba. Considerado um dos principais cartões-postais da cidade, a biodiversidade associada a ele, dentre outras questões, é essencial para a qualidade de vida de mais de 1,2 milhão de pessoas, além das indústrias e agricultura, que utilizam suas águas diariamente.

O rio Sorocaba é o principal afluente da margem esquerda do rio Tietê. Além disso, é o mais importante manancial da região, atravessando as cidades de Ibiúna, Votorantim, Sorocaba, Iperó, Boituva, Tatuí, Cerquilho, Jumirim e Laranjal Paulista. Depois de ser afetado por décadas pelo despejo de esgotos domésticos sem tratamento em suas águas, a preocupação com o monitoramento e a avaliação de sua qualidade têm que ser constantes, além da preservação de todo o seu entorno. Segundo os especialistas em meio ambiente, a má qualidade da água aumenta a problemática da disponibilidade hídrica, pois além da escassez, tem-se também a falta de água com qualidade.

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Por muitos anos, o rio Sorocaba sofreu grande impacto, por exemplo, na sua qualidade por ser utilizado como corpo receptor de efluentes de várias cidades localizadas ao longo do seu curso.

Questionado a respeito da despoluição das águas do rio Sorocaba, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) afirma que deu início às obras do Programa de Despoluição do Rio Sorocaba no ano 2000. A ação é um complexo de intervenções que consiste na coleta, afastamento, bombeamento e tratamento de todo o esgoto produzido na cidade, livrando o leito dos córregos e do rio dessa carga de efluente.

Com investimento de cerca de R$ 180 milhões, entre recursos próprios e financiamentos do governo federal, o Saae disse que o conjunto de obras previsto já foi todo concluído, com a construção e operação das Estações de Tratamento de Esgoto S-1; S-2; Pitico; Itanguá; Quintais do Imperador, Ipaneminha e Aparecidinha, que juntas têm capacidade instalada para tratar 100% do esgoto que é gerado em Sorocaba. “Ou seja, todo o esgoto que antes era lançado no leito do rio Sorocaba e o poluía, hoje é coletado e tratado”, diz.

Ainda conforme o Saae, depois de concluído todo esse complexo de obras, em 2016, o desafio diário da autarquia passou a ser a manutenção e a ampliação de todo o sistema. “É um trabalho contínuo e constante, para que não ocorram, por exemplo, extravasamentos de esgoto, seja nos interceptores ou nas estações elevatórias, para que desta forma as águas do rio Sorocaba continuem sendo preservadas, depois de serem recuperadas. Fato que possibilitou também o ressurgimento do seu ecossistema, com o repovoamento de peixes, aves e animais aquáticos”, afirma o diretor-geral do Saae, o engenheiro Mauri Gião Pongitor.

Pongitor destaca, ainda, que no que diz respeito à manutenção e ampliação de todo o sistema que permite a despoluição do rio Sorocaba, a autarquia está em processo de ampliação das maiores estações de tratamento de esgoto da cidade. “O objetivo é aumentar as suas vazões e capacidade de tratamento, para manter os índices de eficiência exigidos pelos órgãos ambientais fiscalizadores”, diz. Segundo ele, é o caso das ETEs S-1, S-2 e Pitico. “Na S-1 as obras estão na segunda e última etapa, e as estações S-2 e Pitico já possuem projeto de ampliação e aguardam a liberação de financiamento”, aponta Pongitor.

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Captação direta

O Saae deverá iniciar a captação de água bruta, para tratamento, direto do rio Sorocaba no segundo semestre deste ano. A operação será possível com a finalização da Estação de Tratamento de Água (ETA) Vitória Régia.

De acordo com o diretor-geral do Saae, engenheiro Mauri Gião Pongitor, a obra está em etapa final de implantação e a captação só será possível por conta dos resultados positivos alcançados pelo Programa de Despoluição.

O novo sistema coletor é composto pela Estação da Captação de Água Bruta do Rio Sorocaba, adutora em Ferro Fundido com diâmetro de 900 mm e extensão de aproximadamente três quilômetros e pela Estação de Tratamento de Água Vitória Régia. A água bruta aduzida do rio Sorocaba será submetida a um processo de tratamento do tipo avançado (convencional completo mais oxidação intermediária com ozônio), em razão da qualidade atual do manancial e do padrão de potabilidade vigente. “Além disso, a nova estação será totalmente automatizada e terá capacidade para tratar, inicialmente, 750 litros de água por segundo, podendo ser ampliada para 1.500 litros por segundo, numa segunda etapa”, afirma Pongitor.

Recuperar a mata ciliar é parte do trabalho

Preservar as águas do rio Sorocaba também depende do trabalho de recuperação mata ciliar, que é uma vegetação natural importante para conservar o ambiente ao redor de rios. Questionado a respeito, o Saae informou que o departamento de drenagem da autarquia mantém uma rotina mensal de limpeza e roçagem das margens. Já a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema) afirma que, ao longo dos últimos anos, milhares de árvores foram plantadas nas margens do rio Sorocaba com o objetivo de ampliar a mata ciliar.

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Conforme a Sema, a mata ciliar tem, entre suas funções, proteger as margens do rio da erosão, controlar a temperatura do manancial e servir como refúgio da fauna. “A recuperação da mata ciliar é uma ação ambiental prioritária, que impacta diretamente na qualidade de vida da população de todos os municípios que compõem a bacia do rio Sorocaba”, diz a pasta municipal.

Além disso, a Sema afirma que desde o ano passado desenvolve o programa “Refúgios da Biodiversidade”, que visa a manutenção de áreas não roçadas às margens do rio e córregos, locais onde potencialmente habitam, se alimentam e se reproduzem plantas, animais e outros organismos. O objetivo da ação é garantir condições favoráveis para a manutenção da biodiversidade urbana. A Sema disse que já realizou um treinamento com os funcionários do Saae, que são responsáveis por essa roçagem, explicando o que são os refúgios da biodiversidade e a importância da sua conservação, além da melhor maneira de executar o serviço respeitando os locais onde alguns animais vivem e se reproduzem. “O capim existente às margens dos rios, córregos e lagos, quando evitado o corte raso e mantido mais alto, possibilita o estabelecimento de ninhais de aves ribeirinhas e abrigo para os peixes, pequenos mamíferos, anfíbios e répteis”, destaca a Sema. (Ana Cláudia Martins)