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Cresce número de centenários no Estado de São Paulo

25 de Março de 2019 às 22:00
Ana Claudia Martins [email protected]

Cresce número de centenários no Estado Silsa, a centenária do Lar dos Velhinhos, é alegre e tem muitas histórias para contar. Crédito da foto: Emidio Marques (11/3/2019)

Projeções da Fundação Seade até 2050 indicam que o grupo populacional com mais de 100 anos será multiplicado por 10 no Estado de São Paulo. Segundo o Seade, isso ocorrerá em um contexto de estabilização da população economicamente ativa e de redução do número de jovens, o que terá forte impacto nas políticas de saúde, educação, qualificação profissional e bem-estar social.

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“Em números absolutos, o grupo de maiores de 100 anos, que era de apenas 3,2 mil pessoas em 2010, passará a 35.072 em 2050, ou seja, será multiplicado por dez, o que representa uma população equivalente a uma cidade como Aparecida”, diz o órgão. O Seade destaca ainda que o envelhecimento populacional em 2050 colocará grande pressão sobre o sistema de saúde e a previdência no âmbito do Estado.

O Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) é uma fundação vinculada à Secretaria de Governo e um centro de referência nacional na produção e disseminação de análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas sobre o estado de São Paulo.

A população com 100 anos de idade ou mais em 2019, nas 27 cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), é de 160 pessoas, segundo estimativa feita pela Fundação Seade a pedido do Cruzeiro do Sul. Já de acordo com o Censo 2010 do IBGE - o próximo deve ser realizado em 2020 -, naquele ano Sorocaba tinha 41 pessoas com 100 anos ou mais, sendo 27 mulheres e 14 homens. Ainda de acordo com o último Censo, em todo o Estado, em 2010, eram 3.234 os centenários, sendo 2.317 mulheres e 917 homens. E no Brasil, 24.236 pessoas tinham 100 anos ou mais, sendo 16.989 mulheres e 7.247 homens. Os dados, de maneira consistente, mostram que o número de mulheres centenárias é bem maior do que os homens.

Segundo o Seade, não seria possível realizar a estimativa da população com 100 anos ou mais apenas para Sorocaba, cidade com pouco mais de 670 mil habitantes estimados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, “pois não seria uma estimativa consistente”. De acordo com o órgão, a estimativa para a RMS, que tem 2.120.095 habitantes estimados pelo IBGE para 2018 é possível, pois “trata-se de um contingente populacional maior”.

101 anos comemorados em janeiro

Na Vila dos Velhinhos, em Sorocaba, que abriga aproximadamente 100 idosos, somente uma mulher passou dos 100 anos. No último dia dois de janeiro, Silsa Fátima de Lima completou 101 anos. Natural de Arcoverde, no sertão de Pernambuco, ela mora na Vila dos Velhinhos desde 1986, ou seja, há 33 anos. Ela afirma que foi morar no asilo depois que os familiares com quem vivia morreram. Silsa conta que nunca frequentou a escola e que por conta disso não aprendeu a ler e nem a escrever. “A escola era a roça. Eu morava no sítio com meus pais e dois irmãos e ajudava minha mãe em casa nas tarefas domésticas”, diz.

Silsa afirma ainda que jamais se casou, também não teve filhos e não sabe se seus dois irmãos tiveram filhos, pois acabou perdendo o contato com eles. “Tenho um primo que mora no Maria Eugênia e que de vez em quando vem aqui me visitar”, diz. Ela afirma ainda que, depois de Pernambuco, morou com a família em Apucarana, no Paraná, onde o pai e os irmãos trabalharam na colheita de café. “Na roça em Pernambuco meu pai plantava mandioca e a gente fazia farinha de mandioca. Depois lá em Apucarana ele trabalhava na colheita do café e o dono da fazenda pagava ele pelo serviço”, diz.

No dia a dia na Vila dos Velhinhos, Silsa conta que gosta de conversar com os outros idosos que residem lá e que fez várias amizades. “Eu gosto de conversar. É só o que tenho para fazer, pois não tenho mais força na perna para trabalhar”, diz. Indagada sobre do que ela sente saudades e se tinha algum sonho para realizar, Silsa disse que não. Ela anda com a ajuda de um andador e tem um pouco de perda auditiva, mas traz na memória um século de histórias. (Ana Cláudia Martins)