O corregedor geral Carlos Alberto de Lima Rocco. Crédito da foto: Fábio Rogério

*Atualizada

O corregedor geral Carlos Alberto de Lima Rocco Junior, da Prefeitura de Sorocaba, afirmou nesta segunda-feira (5) que o órgão investiga a possibilidade de divergências entre as imagens mostradas em uma transmissão ao vivo pelo Facebook e as cenas captadas pelo circuito interno de videomonitoramento no Pronto-Atendimento do bairro Parque das Laranjeiras. Foi na unidade de saúde que, no sábado (3), a mulher que registrava o vídeo foi atingida por uma arma de choque de um guarda municipal.

Conforme Rocco Júnior, há um lapso temporal no vídeo postado e nas imagens checadas pela Corregedoria. “Há um intervalo de tempo nas filmagens da unidade de saúde que não se vê nas filmagens da munícipe”, alega. Ainda conforme ele, esse lapso é significativo e de fácil constatação. “Não queremos fazer um juízo de valor, mas isso foi identificado”, diz. “Isso é um detalhe que merece aprofundamento”, acrescenta. De acordo com o apurado até agora, a cidadã Célia Ramos aparece nas imagens do sistema às 12h39. Cinco minutos depois, ela fez a ficha de atendimento e às 13h15 houve o registro da desistência do atendimento. “Tudo será analisado, de forma isenta e imparcial, se houve falha no atendimento e se houve excesso na conduta do guarda municipal”, comenta.

Em entrevista à imprensa no Paço Municipal, o corregedor afirmou ainda que dois procedimentos foram abertos. Um deles investigará a questão do GCM e outro para os demais funcionários. O guarda municipal foi ouvido ontem. Ele está afastado das atividades e deve se dedicar nos próximos dias aos serviços administrativos. O corregedor afirmou também que não viu necessidade no afastamento de mais funcionários públicos que estavam na unidade.

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Salas vazias

Preliminarmente, o corregedor afirmou que as salas mostradas pela munícipe estavam vazias porque houve um evento -- com gritarias -- antes da filmagem da paciente, fazendo com que os profissionais deixassem os consultórios. Rocco Júnior ressalta, entretanto, que o caso ainda está sob averiguação, inclusive com checagem de escala prevista e escala cumprida, além de uma varredura nos atendimentos realizados. “Solicitei a relação dos pacientes atendidos desde o primeiro horário do plantão, que vai das 7h até as 19h. Já antecipo: estou com a jornada de trabalho de todos os médicos, os espelhos e apontamentos e consta lá que eles estavam na unidade”, lembra. O prazo final para as conclusões dos trabalhos é de 60 dias.

Ao falar do caso ontem, Célia Ramos negou que o vídeo tenha sido paralisado. “[Em] nenhum momento parou. A hora que ele atirou, eu cai no chão. A imagem é contínua”, garante. Ainda conforme ela, houve de sua parte o registro de um boletim de ocorrência contra a situação e ela ainda não sabe que medida seu advogado tomará sobre o caso, o que pode incluir uma ação judicial.

GCM também investiga

A Corregedoria da GCM também investiga o caso. Uma reunião extraordinária foi realizada no domingo (4) com o prefeito José Crespo (DEM) e parte do secretariado. Na ocasião, foi decidido pelo afastamento do guarda municipal por 30 dias. Um boletim de ocorrência contra Célia Ramos por desacato também foi registrado na polícia.

O caso

A live foi feita por Célia Ramos volta das 13h do sábado. O conteúdo tem 19 minutos de duração. A recepção informou que havia quatro médicos de plantão, porém, ela mostra no vídeo os consultórios vazios. Célia Ramos acabou sofrendo o disparo da arma de choque por parte do guarda civil municipal que fazia a segurança na unidade médica. Pelo vídeo, ela filma o momento em que o GCM pede para ela parar de filmar, mas diante da negativa, o agente eleva a voz, determinando que ela desligue o celular, porém, ela se negou. Sem ser obedecido, o GCM investe contra Célia e a segura pelo braço e dispara a arma de choque contra a barriga dela, que cai ao chão. Segundos depois, a filmagem reaparece com Célia chorando, gritando de dor e mostrando onde foi atingida na barriga, afirmando que tem hérnia.