Centenas comparecem em desfile cívico da Revolução Constitucionalista

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Adilson

Desfile dos pracinhas que participaram do confronto chamou a atenção da população. Crédito da foto: Fábio Rogério

Os 87 anos da eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932 foram lembrados em uma solenidade realizada na manhã desta terça-feira (9) na Praça Nove de Julho. O evento cívico, comandado pelo 7º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), em parceria com a Prefeitura de Sorocaba, o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS) e a Associação Memória da Revolução Constitucionalista de 32, atraiu centenas de pessoas que foram prestigiar um capítulo importante da história do estado de São Paulo e homenagear a memória dos combatentes que lutaram contra a ditadura de Getúlio Vargas e em favor de uma nova assembleia nacional constituinte.

Crédito da foto: Fábio Rogério

A solenidade teve discursos de autoridades civis e militares e apresentação da Banda Regimental de Música do Comando de Policiamento de Interior - 7 (CPI-7) e foi encerrada com o tradicional desfile cívico no trecho entre as avenidas Eugênio Salerno e Moreira César.

“O meu pai, que morreu faz 26 anos, foi combatente das tropas paulistas. Eu venho todo ano nesta solenidade de 9 de Julho e sempre me emociono bastante”, comentou o aposentado Adão Paulo da Silva. Já Wanderlei Batista da Silva e a esposa Lúcia Aparecida, moradores do Central Parque, prestigiaram a solenidade pela primeira vez. “É interessante e importante esse ato de civismo que ajuda a gente a não esquecer da história do povo paulista”, comentou.

Crédito da foto: Fábio Rogério

Após o hasteamento das bandeiras, um grupo de lobinhos do 20º Distrito Escoteiro Sorocaba fez deposição de uma coroa de flores no monumento ao soldado constitucionalista situado na praça. Em seguida, a banda do CPI-7 interpretou “Paris Belfort”, marcha militar que foi usada pela rádio Record na transmisão que noticiava as manifestações na Praça da República, em 23 e 24 de maio, e acabou se tornando hino do movimento constitucionalista.

Naquele levante, quatro jovens, Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráuzio Marcondes de Souza e Antonio Camargo de Andrade foram mortos a tiros pelas tropas federais. A sigla com a inicial de seus nomes MMDC -- acrescida, posteriormente, da letra A, de Orlando de Oliveira Alvarenga, outro jovem baleado, mas que veio a falecer somente em agosto -- acabou virando o escudo dos combatentes para a batalha, que começou um mês e meio depois. (Felipe Shikama)

Discurso destaca participação de Sorocaba

Professor Adilson Cezar. Crédito da foto: Fábio Rogério

Durante a solenidade, o presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS), professor Adilson Cezar, fez uma longa e detalhada explanação sobre a participação de Sorocaba na Revolução Constitucionalista. Segundo ele, apesar não ter sido alvo direto das tropas de Getúlio Vargas, a cidade desempenhou papel importante na resistência do movimento, como o socorro às vítimas prestado pela Santa Casa de Misericórdia e a fabricação, nas oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), de um trem blindado que atuou na batalha no sul do Estado. “Comemoramos [9 de julho] não pela luta fraticídia, mas pela manutenção da dignidade e da liberdade em todo o país”, afirmou.

O comandante do CPI-7, Coronel Willians de Cerqueira Leite, foi representado na solenidade pela chefe do Estado Maior do CPI-7, a tenente-coronel, Geórgia Abílio Publio Mendes. Já o tenente-coronel Aleksander Lacerda, comandante do 7º Batalhão de Policiamento do interior (7º BPM/I) fez a leitura do boletim diário da corporação, que rende homenagem aos que “tombaram em defesa do estado democrático de direito”. O documento destaca trechos do histórico discurso proferido pelo então presidente da República Juscelino Kubitschek na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 9 de julho de 1957. “Não se levantaram os homens de São Paulo para exigir um privilégio, mas a restituição dos direitos e liberdades públicas a todos os brasileiros”, mencionou.

Representando o prefeito José Crespo (DEM), o secretário de Segurança Pública, coronel Antonio Valdir Gonçalves Filho, elogiou o que classificou de “verdadeira aula” proferida por Adilson Cezar e repetiu a frase inscrita no Obelisco do Ibirapuera, como é conhecido o monumento em homenagem aos heróis de 1932. “Viveram pouco para morrer bem, morreram jovens para viver sempre”. Além de Antonio Valdir, estiveram presentes na solenidade a vice-prefeita, Jaqueline Coutinho (PTB); e os secretários municipais Gilberto de Camargo Antunes, de Comunicação; e Rinaldo Nunes da Silva, de Cultura; e Jefferson Sergio Calixto, de Igualdade e Assistência Social.

A solenidade foi encerrada com desfile cívico, que contou com a participação de reservistas do Tiro de Guerra (TG), aspirantes da PM, adolescentes alunos do Comando Pré-Militar e escoteiros, seguida de comboio motorizado, com viaturas da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Guarda Civil Municipal, além dos jipes com veteranos da PM. (Felipe Shikama)