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Celebração comemora 160 anos de João de Camargo

04 de Julho de 2018 às 17:04

Uma celebração marcada para às 19h30 desta quinta-feira (5) homenageará os 160 anos do nascimento de João de Camargo, na Capela Senhor do Bonfim, que fica na avenida Barão de Tatuí, 1.083, em Sorocaba. O ex-escravo, a quem são atribuído muitas curas, milagres e bênçãos, é considerado santo por aqueles que são devotos e que possuem fé em Nhô João de Camargo, como era chamado.

Segundo Dilmar Nitheroy, que há mais de 11 anos reza o terço na capela, também conhecida como Capela de João de Camargo, durante o evento será rezado o terço em intenção da alma de João Camargo, e em seguida será servido bolo, além da entrega de botões de rosa aos participantes. A capela recebe diariamente a visita de pessoas em busca de bênçãos ou para agradecer as graças alcançadas. O local é visitado por moradores de outras cidades e até de outros estados.

Curas comprovadas

Dilmar conta que as curas de João de Camargo fazem parte da história de sua própria família. "Minha avó e meus tios visitavam João de Camargo com frequência e pelo menos três curas ocorridas com seus familiares são atribuídas ao ex-escravo, que para eles é considerado um santo". Segundo ele, um tio de 93 anos, que era gago, passou a falar normalmente depois que seguiu a recomendação do ex-escravo.

O tio, Athanásio Caruso, afirma que foi orientado a usar um cordão no pescoço e, depois que ele desaparecesse, a gagueira estaria resolvida. "Passei a usar o cordão no pescoço e um dia fui tomar banho e depois não o achei mais, em seguida passei a falar normalmente, e agora falo até demais", brinca. Apesar dos 93 anos de idade, Athanásio ainda se lembra de Nhô João, a quem considera como sendo um homem bom e humilde. "Ele é um santo e é tudo para nós".

A irmã dele, Teresa Caruso da Costa, 90 anos, tem poucas lembranças do milagreiro, mas também afirma que foi curada por intercessão dele. "Eu tinha um papo no pescoço e também recebi de João de Camargo a mesma orientação. Usei um cordão no pescoço e depois que ele sumiu meu papo desapareceu". Ela e o irmão Athanásio eram crianças quando conheceram João de Camargo, levados pela mãe deles.

Ao contar as curas alcançadas pelos familiares, Dilmar se emociona e os olhos não conseguem segurar as lágrimas. Ele ainda lembrao caso de um sobrinho, curado de um câncer no pâncreas, quando estava hospitalizado. "Eu fui visitá-lo e falei que iria rezar o terço por ele para pedir a cura por intercessão de João de Camargo e perguntei se ele tinha fé e meu sobrinho disse que sim. E graças a João de Camargo ele foi curado", afirma.

A história de João de Camargo e suas curas já foi contada no cinema -- no filme Cafundó -- e vários autores escreveram livros sobre ele, mas ainda não se sabe ao certo, por exemplo, sua data de nascimento -- por isso, as comemorações acontecem no dia de seu batismo, 5 de julho de 1858, que foi realizado em uma igreja de Sarapuí.

Nasceu escravo, em Sarapuí, herdando o sobrenome de seu antigo dono. Após a Lei Áurea, foi libertado e mudou-se para Sorocaba, onde foi cozinheiro, militar e trabalhador de lavoura e de olarias. João de Camargo morreu aos 84 anos, no dia 28 de setembro de 1942, e foi sepultado no Cemitério da Saudade, onde uma capela foi erguida em sua homenagem e é constantemente visitada por seus devotos.