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Carlos Aymar tem prisão preventiva decretada após receber propina em Araçariguama

15 de Outubro de 2019 às 12:16

Aymar não era funcionário da Prefeitura de Araçariguama, mas tinha até sala no local, conforme apontou a Polícia Civil. Crédito da foto: Fábio Rogério

*Atualizada às 14h26

O ex-prefeito de Araçariguama, Carlos Aymar, e o secretário municipal da cidade, Israel Pereira da Silva, tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Os dois passaram por audiência de custódia no Fórum de Sorocaba na manhã desta terça-feira (15).

A dupla foi presa em flagrante ontem, acusada de concussão e associação criminosa, e também tinha a prisão temporária decretada. Eles foram encaminhados para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba e passaram a noite detidos no Plantão Policial Norte.

Segundo a Polícia Civil, Aymar foi preso após receber uma das parcelas da propina combinada com uma cooperativa habitacional que construiria moradias popular na cidade. Já Israel foi detido ao chegar a Prefeitura e é acusado de participar do esquema.

O ex- prefeito foi encaminhado para a penitenciária 2 Dr. Antonio de Souza Netto e o secretário para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba, que ficam no bairro Aparecidinha.

A defesa de Carlos Aymar informou que vai entrar com pedido de habeas corpus para derrubar a decisão, que considera "injusta"

Há quatro meses

Segundo o titular da Delegacia Seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, a investigação sobre o caso começou há pelo menos quatro meses. O total da cobrança era de R$ 2 milhões. As parcelas, conforme acertado entre a pessoa responsável pela cooperativa, era de R$ 50 mil por mês.

Ainda de acordo com o delegado seccional, R$ 14 mil foram apreendidos em um armário. Era o sinal do acordo. A entrega dos valores ocorreu na sala de Aymar, dentro da Prefeitura de Araçariguama.

Dentro da Prefeitura

Aymar não era funcionário da Prefeitura de Araçariguama, mas tinha até sala no local, conforme apontou a Polícia Civil. “Ele não tem uma secretaria, ele não é nomeado. Se equipara a servidor público porque tinha poder de mando”, diz Carriel.

Já o secretário Israel Pereira foi preso quando chegava ao Paço Municipal. Pereira compareceu à Delegacia de Investigações Gerais (DIG) algemado.

Conforme o delegado Rodrigo Ayres, ele estava foragido antes da prisão. Todo o processo de negociação foi acompanhado pela Polícia Civil. As notas foram “marcadas” para comprovar o crime.

Carriel também explicou que a participação no esquema entre Israel Pereira e Carlos Aymar era parecido. Eles exigiram dinheiro da vítima, no caso a cooperativa, para aprovar questões burocráticas dentro da Prefeitura de Araçariguama e liberar as construções. A prisão temporária tem duração de cinco dias e é prorrogável por igual período.

Após ser preso, ex-prefeito de Araçariguama chega à delegacia de Sorocaba Carlos Aymar e Israel Pereira da Silva chegam à sede da DIG de Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério (14/10/2019)

Função pública

O flagrante ocorreu pelo crime de concussão, que é a exigência de algum benefício em razão de função pública. A pena pode variar de 2 a 8 anos de prisão.

A dupla teve a prisão temporária confirmada durante a tarde, instantes após a prisão. Nesta terça-feira (15), eles passarão por audiência de custódia e a prisão temporária poderá ser convertida em preventiva. O pedido da prisão temporária foi solicitado pela Polícia Civil na sexta-feira (11).

O delegado Alexandre Cassola, que compõe o Setor Especializado de Combate a Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro da Delegacia Seccional de Sorocaba (Secold), também participou da coletiva. A Prefeitura afirmou que está analisando o caso e que se manifestará em momento inoportuno. A defesa dos acusados ainda não se manifestou.

Segunda prisão

Esta não é a primeira vez que Carlos Aymar é preso. Em 18 de junho de 2013, ele foi detido durante uma operação realizada pela Polícia Civil de Sorocaba nas cidades de Alumínio, Mairinque e São Roque.

Na ocasião, foram presos o ex-prefeito de Mairinque, Dennys Veneri (PTB) e Carlos Aymar (PSL). Os mandados de prisão foram resultado das investigações de um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Mairinque.

Os políticos eram acusados da prática de corrupção num esquema desbaratado pela Polícia Civil dentro da chamada Operação Valencia. Durante as investigações apurou-se que licitações eram fraudadas de modo a favorecer empresas.

Aliados políticos

Veneri e Aymar eram aliados políticos. O ex-prefeito de Araçariguama foi, inclusive, assessor de Veneri na Prefeitura de Mairinque.

Sete dias depois da prisão, Aymar e Veneri foram libertados depois que o Tribunal de Justiça do Estado acolheu pedidos de habeas corpus encaminhados pelas defesas de ambos. Os dois cumpriam prisão temporária, que foi revogada.

Defesa

Jorge Delmanto, advogado de Carlos Aymar, informou que vai entrar com pedido de habeas corpus para derrubar a decisão, que considera “injusta”. Ele tachou a situação de “flagrante preparado”. “Sequer o MP pediu a preventiva dele (Aymar)”, diz. É uma absurdo”, conclui.

William Giraldi, advogado de Israel Pereira da Silva, alegou que o cliente se apresentou de boa fé na prefeitura da cidade, onde foi preso. “Ele queria esclarecer os fatos, dos quais alega ser inocente”. Giraldi também falou em “flagrante provocado” e “vingança política”. (Marcel Scinocca)