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Audiência na Câmara de Sorocaba sobre provas equestres termina sem acordo

15 de Fevereiro de 2019 às 20:17

Audiência na Câmara terminou sem consenso. Crédito da Foto: Fábio Rogério (15/2/2019) Audiência na Câmara terminou sem consenso. Crédito da Foto: Fábio Rogério (15/2/2019)

Terminou sem consenso a audiência pública realizada ontem à noite na Câmara para discutir o projeto do vereador Luís Santos (Pros) que objetiva resgatar provas equestres em Sorocaba, proibidas por lei municipal desde 2007. Em clima tenso, que provocou reforço na segurança com guardas civis municipais, a audiência foi marcada por vaias, gritos, aplausos, foras, interrupções às falas dos oradores e intervenções da mesa dos trabalhos para acalmar os ânimos.

A Câmara ficou lotada, com quase 200 pessoas, que se posicionaram separadas no espaço dedicado ao público: do lado esquerdo ficaram os ativistas de proteção da causa animal e, do lado direito, os representantes do grupo que quer a volta de provas equestres na cidade. Os ativistas também eram identificados por cartazes com o desenho de um cavalo com gestos de aprovação ou reprovação, que eram exibidos em meio às falas dos oradores, e o grupo contrário era identificado por chapéus, roupas e acessórios da cultura sertaneja.

A advogada Jussara Fernandes, da Comissão de Proteção Animal da OAB de Sorocaba, avaliou que participaram dois grupos: um, preocupado com o bem-estar animal, e outro, com o lucro

A ativista de arte e cultura Cristina Delanhesi, presidente do Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (Macs), disse que como cidadã se sentiu “ofendida” pelo projeto de Luís Santos. Segundo ela, os espaços de criação de cavalos estão sobrevivendo sem provas equestres e disse acreditar que não há necessidade dessas atividades como forma de exaltar a cultura tropeira. Lembrou que o tropeirismo pode ser resgatado na forma de memória. Na sua avaliação, Sorocaba não depende economicamente de provas equestres e acentuou que a cidade hoje é voltada para a tecnologia.

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A instrutora, professora e veterinária Claudia Leschonski, representante da Universidade do Cavalo, falou no fim da audiência: “Ficou muito claro que a gente precisa conversar mais, falta conhecimento e balizamento de opinião.” A advogada Jussara Fernandes, da Comissão de Proteção Animal da OAB de Sorocaba, avaliou que participaram dois grupos: um, preocupado com o bem-estar animal, e outro, com o lucro. Nesse contexto, Jussara afirmou: “Impossível chegar ao consenso.”

Ela também disse que o projeto que causou polêmica é “natimorto” porque tem 10 vereadores contrários - e os nomes dos vereadores foram lidos no plenário. Com um total de 20 vereadores, o presidente não vota e isso só acontece em caso de empate. Jussara acredita que o número de 10 vereadores pode subir porque nem todos foram consultados.

O empresário Sérgio Monteiro, representante dos Sindicatos Rural e dos Hotéis, Bares e Similares, disse que o objetivo do referido projeto “é trazer emprego e renda” para Sorocaba e região. Ele afirmou que entre os propósitos está o de resgatar e valorizar o espírito do tropeirismo. Enquanto isso, ativistas contrários a essa posição reagiram com a denominação de que o projeto seria fruto de “política do mal”.

No final da audiência, Luís Santos tentou apresentar uma proposta de que poderia arquivar o seu projeto caso fosse aprovada a ideia de criação de um SAMU animal para que depois se formasse uma comissão para discutir os rumos da questão. A proposta foi rejeitada pelo público presente.

Lamentação

O vereador Luís Santos (Pros) lamentou que o jornal Cruzeiro do Sul tenha publicado um posicionamento sobre a questão da proteção aos cavalos antes do término da audiência. Sem identificar o texto, referia-se ao artigo “Humanização ou Retrocesso”, de autoria do jornalista Romeu-Sérgio Osório, Editor Chefe do jornal. O texto mostra que “banidas em Sorocaba e boa parte do Estado de São Paulo, as provas equestres como rodeios e vaquejadas são uma forma pública de tortura em animais”. O artigo foi publicado na edição de quinta-feira (14), na página A2 do jornal.

Em sua lamentação, Luís Santos disse que essa publicação antes da audiência “é um absurdo, desrespeito à democracia, é só uma forma de lançar a opinião pública contra este vereador”. Em todo o artigo publicado, em nenhum momento é citado o nome do vereador. (Carlos Araújo)

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