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Artesp estuda mais radares em trecho da Raposo Tavares em Sorocaba

19 de Março de 2020 às 09:18
Ana Claudia Martins [email protected]

Um engavetamento na sexta-feira, dia 13, causou quatro mortes na rodovia. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (13/3/2020)

Após acidentes graves e com mortes no quilômetro 98 no trecho urbano da rodovia Raposo Tavares (SP-270), em Sorocaba, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e a concessionária CCR ViaOeste, que administra a rodovia, anunciaram medidas para evitar outros. As datas, contudo, não foram informadas.

A Artesp informa que estuda reduzir o limite máximo de velocidade no trecho urbano da Raposo Tavares em Sorocaba dos atuais 110 km/h para 90 km/h.

Além disso, a Agência afirma ainda que serão feitos estudos para ampliar a fiscalização dos limites de velocidade na rodovia com equipamentos (radares estáticos e portáteis), em pontos que antecedem o atual local onde está instalado o radar, localizado no km 98,8. “A intenção é evitar o procedimento adotado por vários motoristas de retomada da velocidade, acima dos limites permitidos, logo após passarem pelo radar fixo”, diz a Artesp.

Atualmente, no trecho urbano de Sorocaba a Raposo Tavares tem limite máximo de velocidade para automóveis de 110 km/h, nas pistas expressas, e de 90 km/h para veículos pesados. “A Artesp informa que serão realizados estudos de velocidade em todo o segmento urbano da rodovia Raposo Tavares, em Sorocaba, para avaliar a viabilidade de uniformização da redução de velocidade regulamentada para 90 km/h em todo o segmento, e não apenas pontualmente”, diz.

A Agência informa também que serão instalados banners educativos pela concessionária reforçando a necessidade do respeito à velocidade regulamentada, e às regras de trânsito em pontos estratégicos naquele trecho rodoviário. “A concessionária é responsável pela operação do trecho e por isso elaborará o projeto para instalação desse material educativo e o encaminhará para aprovação da Artesp”, diz.

Trecho na Raposo soma 21 acidentes em quatro anos Em novembro uma carreta ficou pendurada no viaduto que existe no local. Crédito da foto: Emidio Marques (6/2/2020)

Já a CCR ViaOeste disse que foi formado um comitê, composto por engenheiros de segurança viária da concessionária e representantes da Artesp e Polícia Militar Rodoviária, para reavaliar todo o trecho da rodovia Raposo Tavares, que corta o perímetro urbano de Sorocaba, inclusive com elaboração de estudo de velocidades praticadas e regulamentares.

“Uma das medidas que serão tomadas de imediato pela concessionária, em conjunto com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e Artesp, é a implantação de faixas-banner reforçando a informação de trecho com redução de velocidade para 90 km/h, e alerta para manter distância segura entre os veículos”. A CCR ViaOeste enfatiza que “o motorista deve respeitar os limites de velocidade em cada segmento, bem como deve também sinalizar adequadamente as manobras e somente deve realizar ultrapassagem pela esquerda”, diz.

Tanto a CCR ViaOeste quanto a Artesp têm sido cobradas por diversas entidades, políticos de Sorocaba e região pelos frequentes acidentes no trecho urbano da Raposo. No último mês, por exemplo, dois graves acidentes, com quase 100 feridos e quatro mortes, e mais de 20 veículos envolvidos, chamaram a atenção das autoridades municipais, estaduais e até federais sobre a Raposo no trecho urbano de Sorocaba.

No último dia 13, um acidente envolvendo 16 veículos, no km 98 da rodovia, na pista expressa sentido São Paulo, deixou quatro pessoas mortas e outras 47 feridas. Cerca de um mês antes, praticamente no mesmo local, outro acidente envolvendo 10 veículos deixou mais 45 pessoas feridas.

Segundo levantamento da própria concessionária que administra a rodovia, o local onde ocorreram os dois acidentes citados acima já registrou outros 21 acidentes entre 2015 e 2019. No último acidente no mesmo local, km 98, uma carreta ficou pendurada no viaduto da Raposo, na manhã desta terça-feira (17). O motorista da carreta não teve ferimentos.

Ex-comandante da Rodoviária defende velocidade menor

O ex-comandante do Corpo de Bombeiros de Sorocaba e ex-comandante do Policiamento Rodoviário na região, Luís Carlos de Oliveira, falou ao Cruzeiro do Sul sobre as possíveis medidas que deverão ser tomadas pela Artesp e pela CCR ViaOeste, em relação ao trecho urbano da Raposo Tavares.

Ele afirma que a velocidade máxima de 90 km/h tanto para veículos pesados na rodovia, sobretudo o trecho urbano, é elevada. Assim como considera elevada a velocidade máxima de 90 km/h, para todos os veículos, por exemplo, exatamente no km 98, onde existe o radar e onde tem ocorrido os acidentes graves recentemente.

Para Luís Carlos, no trecho do radar deveria ter máxima de 60 km/h para todos os tipos de veículos. Ele cita, por exemplo, o caso da rodovia Dr. Celso Charuri, que é uma via que interliga a Raposo com a Senador José Ermírio de Moraes (a Castelinho), onde há um trecho de redução de velocidade, com máxima de 60 km/h, além da existência de radar. “O trecho da Charuri, por exemplo, não possui declive acentuado como no km 98 da Raposo, mas o limite de velocidade é bem menor”, compara.

Em relação ao radar, Luís Carlos afirma que não seria necessário retirá-lo, e que mais radares e fiscalização são necessárias. Para ele, baixar a velocidade para 60 km/h seria mais eficaz do que a retirada do equipamento, além de outras medidas e melhorias necessárias no trecho, e em vários outros pontos na área urbana. “As marginais da Raposo também já estão defasadas e não comportam mais o volume de tráfego atual. As alças de acesso ao longo do trecho urbano algumas possuem raio muito pequeno, além de outros pontos de conflito. Infelizmente, a Raposo Tavares, em Sorocaba, é um problema que ocorre com o município que sempre aceitou obras de grande porte de engenharia com soluções pontuais. Veja o caso, por exemplo, da Castelinho, quando a rodovia termina e temos uma curva acentuada em 180 graus para adentrar à cidade. Como, na ocasião, permitiu-se aquela situação?”, questiona.

Radar do km 98

Questionadas pelo Cruzeiro do Sul, a Artesp e a ViaOeste negaram na tarde desta quarta-feira (18) que o radar no km 98 da Raposo Tavares seja a causa dos últimos acidentes ocorrido no trecho.

A Artesp afirma que “de acordo com avaliação técnica do acidente ocorrido na última sexta-feira (13), não houve qualquer relação entre o radar localizado no km 98,8 e o acidente no km 98,4, pois a colisão que deu início ao engavetamento ocorreu após o ponto onde o equipamento está instalado”. “Também não foi constatado no local do acidente marcas de frenagem no pavimento, indicando que o condutor do veículo que se envolveu na primeira colisão não freou”, diz a Agência.

Já a ViaOeste informa que na avaliação inicial do acidente “foi constatado que a rodovia apresenta condições adequadas de conservação e segurança, com a sinalização vertical e horizontal seguindo as Normas Técnicas do DER-SP e Contran”. “O radar do km 98+400 Leste também não foi fator causador do acidente, pois as colisões ocorreram após o radar”, diz a concessionária.

A Artesp, contudo, admite que a avaliação constatou, também, que o relevo da pista favorece o desenvolvimento de velocidade acima do limite regulamentado. “A concessionária observa que no trecho há constante desrespeito aos limites de velocidade”, diz a Agência. (A.C.M.)