Arquidiocese cancela celebrações com mais de 500 pessoas em função do coronavírus

Por Marcel Scinocca

Missa de quarta-feira de cinzas na catedral de Sorocaba

 

Limpeza das mãos, especialmente quando forem receber a comunhão, é uma das recomendações. Crédito da foto: Vinicius Fonseca / Jornal Cruzeiro do Sul (Arquivo 26/02/2020)

 

Em comunicado divulgado neste sábado (14), a Arquidiocese de Sorocaba determinou o cancelamento de encontros e celebrações com mais de 500 pessoas. A medida ocorre para evitar a disseminação do coronavírus. O documento com a ordem expressa é assinado por Dom Julio Endi Akamine, arcebispo de Sorocaba. A medida é direcionada para padres, diáconos e fieis da arquidiocese. Catequese também serão progressivamente suspensa.

“Em atenção às orientações das autoridades sanitárias de suspender eventos com mais de 500 pessoas e de suspender progressivamente as aulas, determino o adiamento ou o cancelamento de encontros e celebrações (missas, procissões etc.) de mais de 500 fiéis”, diz a determinação. “Evidentemente, não é possível cancelar missas com mais de 500 pessoas abruptamente, porém, os párocos de igrejas com capacidade acima desse número, irão progressivamente encontrar formas de adequar o número de fiéis que tomam parte das missas”, avalia.

Além da determinação, o arcebispo faz também algumas recomendações. “Também com a finalidade de evitar aglomerações, mesmo que menor do que o número de 500 pessoas, os padres multipliquem, onde e quando for possível, as missas dominicais. Utilizem os meios de comunicação para transmitir missas ao vivo. Intensifiquem-se os cuidados de limpeza e higienização das igrejas. Os ambientes estejam abertos e bem ventilados, inclusive os que contam com sistema de ar condicionado” sugere.

O comunicado leva em consideração ainda que pessoas idosas e as fragilizadas por outras doenças como diabetes, doenças respiratória, insuficiência renal, hipertensão, tratamentos oncológicos e dengue, entre outras, são as mais vulneráveis a quadros graves da Covid 19, elas estão dispensadas do preceito eclesiástico - certas obrigações com a igreja. “Procurem permanecer em casa para preservar a saúde. Estas podem acompanhar a missa pela TV ou outros meios de difusão. Habitualmente os doentes são assistidos em suas residências pelos ministros extraordinários. Se houver essa necessidade, a família do mesmo deve contatar os responsáveis na comunidade mais próxima”, diz.

As catequeses também serão afetadas. “Os encontros de catequese serão progressivamente suspensos até que dure a suspensão das aulas do sistema público. As crianças e adolescentes sejam orientados quanto aos cuidados que devem ter quanto aos riscos de transmissão e às medidas que devem ser adotadas para diminuir os riscos de transmissão”, diz outro trecho do documento.

“Os ministros devem adotar os cuidados de profilaxia para zelar pelo bem desse grupo mais vulnerável. Os mutirões de confissões estão suspensos a fim de evitar aglomerações. Em lugar deles, os sacerdotes organizarão horários mais frequentes e alargados para o atendimento das confissões. No atendimento das confissões adotem-se as medidas de higiene para preservar a saúde tanto de si mesmo quanto do penitente.”

O arcebispo pede para que os fiéis sejam orientados a cuidar da limpeza das mãos, especialmente quando forem receber a comunhão na mão. "A comunhão na mão não é recomendável se ela estiver contaminada e/ou suja", afirma. "Não se deve proibir a comunhão na boca para os fiéis que assim o desejarem", pondera. "Todos sejam orientados com delicadeza e firmeza a evitarem apertos de mãos, abraços e beijos nas missas e encontros pastorais. Mantenham-se as igrejas abertas para as pessoas que desejam fazer oração pessoal e prestar culto à eucaristia", continua.

O Arcebispo considera, porém, necessárias algumas indicações, segundo ele, de ordem mais pastoral. “Procuremos enfrentar esta pandemia com espírito cristão e com a força do evangelho. Aproveitemos esse momento de sofrimento como um tempo de penitência e de conversão. A CF nos chama a cuidar dos caídos pelo caminho: que as medidas de contenção sejam assumidas como ato de amor e de cuidado. As restrições sejam assumidas como forma de um cuidado mais zeloso pela saúde dos outros principalmente das pessoas mais vulneráveis e fragilizadas. Procuremos cuidar com mais carinho de nossos idosos e doentes.”

Dom Julio Endi Akamine afirma também que as restrições que a pandemia impõe não precisam ser aceitas passivamente. “O fato de as famílias terem que evitar aglomerações pode e deve ser aproveitado para redescobrir a graça e a alegria da oração em família. Incentivo as famílias a trocarem os ambientes de diversão ou de compras pelo lar, aproveitando o tempo para rezar mais vezes em família. Quando possível, ofereçam-se às famílias subsídios para cultivar o recolhimento, a oração, a leitura orante da Palavra e a atenção ao mundo interior. Nesse sentido os pais desempenham quase um ofício sacerdotal em relação aos filhos.

A Arquidiocese de Sorocaba diz que quer estar ainda mais próxima de “todos neste momento de preocupação pelo agravamento da transmissão do novo coronavírus”, mas que está acompanhando com senso de responsabilidade as determinações das autoridade sanitárias.“As pessoas podem se sentir isoladas e solitárias. Por isso, recomendo que todos procuremos meios de manifestar proximidade aos mais fragilizados e sofredores. Nas celebrações rezemos pela saúde pública, pela recuperação dos doentes e pelo descanso eterno dos falecidos”, termina Dom Julio Endi Akamine.