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Acidentes diminuem, mas mortes no trânsito aumentam em Sorocaba

18 de Setembro de 2018 às 11:00
Marcel Scinocca [email protected]

Acidentes diminuem, mas mortes aumentam Os acidentes têm sido mais violentos, levado a mais mortes. Crédito da foto: Fábio Rogério (22/4/2017)

O primeiro semestre de 2018 registrou o maior número de mortes no trânsito de Sorocaba no mesmo período dos últimos cinco anos, segundo levantamento feito pelo Cruzeiro do Sul. As informações levam em consideração os números disponibilizados pela Urbes, que é a empresa pública que gerencia o trânsito e o transporte na cidade. Apesar de as mortes terem crescido, o número de acidentes diminuiu, na comparação com o mesmo período de outros anos.

Pelo levantamento, foram 27 mortes em acidentes de trânsito em Sorocaba de janeiro a junho deste ano. No mesmo período do ano passado, aconteceram 18 mortes em acidentes. Já em 2016, esse número foi de 16 pessoas vitimadas. Em 2015, houve o registro de 19 óbitos no trânsito sorocabano neste período. O número foi de 22 em 2014, e de 27 em 2013. Fechando a série histórica disponibilizada pela Urbes, morreram 24 pessoas em acidentes de janeiro a junho de 2012.

Já em relação aos acidentes com vítimas com ferimentos, mas sem fatalidade, foram 662 casos entre janeiro e junho deste ano. O número é menor que no mesmo período de 2017, quando aconteceram 950 registros. Em 2016, foram 909 os acidentes com feridos, menos que em 2015, quando o número de acidentes chegou a 1.005. De janeiro até junho de 2014, a cidade registrou 1.177 acidentes com feridos. Em 2013, no mesmo período, foram 1.259 acidentes com vítimas. Encerrando os dados, foram 1.562 casos registrados em 2012.

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Nos acidentes de trânsito envolvendo óbitos de motociclistas, o primeiro semestre de 2018 também é o mais violento desde 2012, com 12 óbitos.

Acidentes diminuem, mas mortes aumentam Renato Campestrini, gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança. Crédito da foto: Adival B. Pinto / Arquivo JCS (7/8/2013)

Com relação aos atropelamentos, foram 12 registros na cidade nos primeiros seis meses deste ano, metade deles com vítimas fatais. O número é maior que 2017 e 2016, porém inferior a 2015, 2014, 2013 e 2012.

Conforme explica Renato Campestrini, gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, e colunista de Mobilidade Urbana da Cruzeiro FM 92,3, os casos de acidentes devem ser analisados de forma individualizada. No caso dos pedestres, por exemplo, ele diz que a cidade conta com muitos dispositivos que ajudam na travessia de ruas. Ele lembra, porém, que há casos onde os pedestres abusam da sorte, no caso de pular o gradil, por exemplo.

Av. Itavuvu lidera em acidentes

É na região norte que acontecem maior número de acidentes com vítimas. Segundo a Urbes, somente nos três primeiros meses do ano, ali foram registrados 302 acidentes, 15 com mortes. É mais que a metade de todos os acidentes com vítimas fatais da cidade. Desde 2012 a região lidera o ranking da Urbes. Em 2017 a região registrou 693 acidentes com vítimas, 13 deles com mortes. Em 2016, foram 746 acidentes, 17 com mortes.

E é na zona norte que está a via com o maior número de acidentes na cidade - a avenida Itavuvu. Apesar da avenida ter equipamentos que ajudam na redução da velocidade e na travessia de pedestres, os 24 semáforos, seis lombadas, cinco radares, dois pontos de lombotravessias e um ponto de faixa viva, não impediram que se registrassem 52 acidentes nos primeiros seis meses deste ano, dos quais quatro com vítimas fatais. No ano passado, foram 113 acidentes ali, um com vítima fatal.

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E não é difícil flagrar imprudências e desrespeito à legislação em cerca de 7,5 quilômetros da Itavuvu, entre a Unidade Pré-hospitar da zona norte e o bairro Ana Paula Eleutério, o Habiteto. A reportagem esteve na via ontem e registrou alguns desses flagrantes. Entre eles, motociclistas que “furam” o sinal vermelho e muitos casos em que pedestres atravessam foram da faixa. É possível ainda, trafegando no limite da via -- 60 km/h --, ver veículos ultrapassando em velocidades acima do permitido, inclusive na faixa de ônibus, cujo limite é menor.

Os pedestres se justificam. “Eu estou fazendo errado, não deveria atravessar ali, mas atravesso quando tenho certeza que não tem perigo. O problema é que a faixa é muito longe”, diz a dona de casa Vera Lúcia dos Santos, moradora do bairro Maria Antônia Prado. Para ela, os motoristas abusam da velocidade no local, o que aumenta o perigo. “Precisava de uma “faixa viva” aqui”, comenta.

Acidentes diminuem, mas mortes aumentam A imprudência é causa de boa parte dos acidentes. Crédito da foto: Erick Pinheiro

“As vezes eu vou no semáforo”, diz a aposentada Maria Aparecida Chence Bortulicci. Ela reconhece o perigo, mas reclama da falta de uma faixa de pedestre. A maior parte das pessoas que foram flagradas atravessando fora da faixa se dirigiam para um supermercado na via.

Em segundo lugar no quesito periculosidade, estão as avenidas Ipanema, também da zona norte, e Dom Aguirre.

Sobre a zona norte, Campestrini lembra que a maior parte da frota está na região, que as vias são mais longas e os bairros mais distantes, o que pode favorecer as ocorrências.

Homens lideram

A partir dos dados da Urbes é possível afirmar que, na maior parte dos acidentes, há homens envolvidos. Dos 1.999 casos de acidentes de trânsito leve em 2017, 1.372 tinham homens como condutores. Em 22 acidentes graves, 16 trazem homens como motoristas. Nos casos de óbitos, das 30 vítimas fatais, 21 eram homens. Em todos os anos da série histórica da Urbes os homens estão em posição frágil.

Para Campestrini, “A postura do homem no trânsito, seja como condutor ou como pedestre, é de não zelar tanto pela segurança, diferente do que acontece com a mulher, até pelo instinto materno. A mulher tem mais atenção, é mais cuidadosa”, diz. “Os homens não, eles vão se lançando, acreditando que são superiores, que nada acontece com eles. Isso leva ao acidente, leva a ser atropelado, por exemplo”, acrescenta.

Sorocaba tem a 21ª frota do país

Com mais de 466 mil veículos, pesados e leves, Sorocaba tem a 21ª frota do Brasil, ficando à frente, inclusive, de capitais, como Aracaju, Florianópolis, São Luís, Belém, Cuiabá, Natal e João Pessoa. No estado de São Paulo, Sorocaba é a sétima, ficando atrás apenas de Santo André, Ribeirão Preto, Santo Bernardo do Campo, Guarulhos, Campinas e da própria capital. A cidade tem 0,47% da frota nacional, que tem 99.443.198 veículos - o estado de São Paulo tem uma frota composta por 28.748.431 veículos.

Crescimento

Sorocaba ganhou em 12 meses 10.711 novos veículos, segundo os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). De 455.573 em agosto de 2017, a cidade pulou para 466.284 em julho de 2018, aumento de 2,4%. Em média, são 30 novos veículos por dia.

Desse total, 304.192, ou 65 % do total, são automóveis; 79.153 são motocicletas -- 17% do total, mais 10.471 motonetas -- veículos de duas rodas com menos cilindradas. Há ainda 8.131 caminhões, 1.709 ônibus e 237 tratores.

Semana Nacional de Trânsito

A Secretaria de Mobilidade e Acessibilidade e a Urbes Trânsito e Transportes lançam hoje, às 14h, a Semana Nacional de Trânsito, no Teatro Municipal Teotônio Vilela. O tema de 2018 definido pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) será “Nós somos o trânsito”. Conforme as instituições, com o objetivo de envolver diretamente a sociedade nas ações e propor uma reflexão sobre uma nova forma de encarar a mobilidade, a Semana Nacional de Trânsito busca estimular todos os condutores, seja de caminhões, ônibus, vans, automóveis, motocicletas ou bicicletas, e os pedestres e passageiros, a optarem por um trânsito mais seguro.

O evento de abertura contará com uma palestra ministrada por Roberta Mantovani, responsável pela área de Educação do ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária). Além disso, haverá a apresentação musical do Coral da Urbes, entrega de certificados para os Amigos do Trânsito (todas autoridades e empresas que contribuem para as ações da Urbes) e para alunos da Escola do Pedala.

A Semana Nacional do Trânsito é uma comemoração anual que acontece entre os dias 18 e 25 de setembro. A data foi estabelecida desde a criação do Código de Trânsito Brasileiro, em 1997.

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