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Editorial

Raios e trovões cortam o céu do Brasil

Janeiro de 2024 vai ficar marcado também pelas chuvas e tempestades. A cidade sofreu bastante durante todo o mês

31 de Janeiro de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Chuvas foram acima da média em janeiro
Chuvas foram acima da média em janeiro (Crédito: THAÍS MARCOLINO (16/2/2023))

O mês de janeiro chegou ao fim. Foram trinta e um dias que pareceram muito mais. Tanta coisa aconteceu nesse início de ano que fica difícil resumir em poucas linhas. As trapalhadas do Governo Federal acirraram os ânimos em Brasília mesmo num mês de recesso parlamentar.

A promessa na volta dos trabalhas é de uma verdadeira batalha campal entre situacionistas e oposição. O primeiro embate já está marcado para a semana que vem.

A relação entre o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal também voltou a azedar. Os panos quentes colocados desde a posse do ministro Luís Roberto Barroso na presidência da Casa foram substituídos por mandados de busca e apreensão, emitidos por Alexandre de Moraes, na casa de deputados ligados à oposição.

Nem o filho do ex-presidente Bolsonaro, Carlos, escapou das novas investidas da Polícia Federal. O problema é que as decisões de Moraes foram baseadas, muitas vezes, em fotos alteradas digitalmente e em mensagens de texto apresentadas fora do contexto em que foram trocadas.

A linha do tempo, em muitos dos casos, não bate. Não se sabe ainda se os erros cometidos pela Polícia Federal foram propositais, ou não. Isso só a história dirá.

Janeiro de 2024 vai ficar marcado também pelas chuvas e tempestades. A cidade sofreu bastante durante todo o mês. O volume de chuva ultrapassou, e muito, a média histórica. Foi o janeiro mais chuvoso dos últimos dez anos. O acumulado ficou na casa dos 470 mm, 26% acima do que pode ser considerado normal para o mês.

A quantidade de água vinda do céu, em alguns momentos, foi tanta que provocou sérios prejuízos para a cidade. Ruas ficaram esburacadas, rios e córregos transbordaram, muros desabaram e dezenas de árvores caíram. A força do vento foi tanta que algumas dessas árvores, apesar de frondosas, foram arrancadas do solo com raiz e tudo.

Dois símbolos de Sorocaba, o Hospital do Gpaci e a capela de João de Camargo, foram fortemente atingidos pela água que transbordou do córrego que passa atrás das duas instituições. As perdas, financeiras e históricas, foram enormes e vai levar algum tempo para que se possa recuperar tudo.

A boa notícia, no meio dessa tragédia, foi o despertar da solidariedade da comunidade que arregaçou as mangas e foi ajudar na recuperação dos próprios atingidos pela força da chuva.

O poder público vem fazendo a sua parte na reconstrução do que foi destruído, mas o ritmo não está sendo o esperado pela população. Na semana passada, por exemplo, o prefeito Rodrigo Manga, esteve com seus assessores para anunciar as obras de limpeza e desassoreamento do córrego da Água Vermelha.

Foi a enchente desse córrego que causou os estragos no hospital e na capela. Só que a falta de material para as obras atrasou o processo. Como mostrou o jornal Cruzeiro do Sul na edição de quarta-feira, 30, máquinas e trabalhadores estavam parados no local aguardando a chegada de subsídios para executar os serviços. Essa falta de organização pode custar caro à cidade.

Janeiro acabou, mas o verão ainda não. Os serviços meteorológicos têm alertado sobre a possibilidade de novos temporais em fevereiro e o município, que ainda não se recuperou das outras ocorrências, pode sofrer um novo baque.

O rio Sorocaba, em alguns pontos, já apresenta sinais claros de assoreamento. Vários bancos de areia surgiram nas últimas semanas. Na ponte da rua Padre Madureira, por exemplo, é fácil visualizar o problema. Esse acúmulo de sedimentos dificulta o escoamento da água em dias de chuva forte e aumenta o risco de enchentes nas regiões de baixada.

Não vai ser possível resolver tudo de uma hora para outra, mas é necessário investir pesado para se encontrar uma maneira de resolver o problema definitivamente. Se isso não ocorrer estaremos enxugando gelo para sempre.

A chegada de fevereiro, com o Carnaval bem no meio, pode ajudar a esfriar a tensão em Brasília, mas no campo das obras públicas, um mês menor sempre resulta em atraso. Que os novos temporais possam esperar a Corte de Momo passar antes de voltar a assombrar a cidade.