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‘O verdadeiro status é aquele que existe dentro de você e não fora’

09 de Setembro de 2018 às 09:54

‘O verdadeiro status é aquele que existe dentro de você e não fora’ Maurício Benvenutti participou do ciclo de palestras “Vale do Silício: o futuro é agora”. Crédito da foto: Divulgação

Referência brasileira na área de inovação, o escritor e empreendedor Maurício Benvenutti esteve em Sorocaba na última segunda-feira, dia 3, ministrando uma palestra no Parque Tecnológico (PTS), ao lado do executivo Everton Costa e da coach e empresária Lilian Bertin.

Brasileiro morador há quatro anos do Vale do Silício, na Califórnia (EUA), o polo tecnológico mais famoso do mundo, Maurício é sócio da StartSe, autor de best-sellers como “Incansáveis” e “Audaz”, e foi reconhecido como referência brasileira em inovação no Congresso Nacional como Personalidade Brasileira de 2017. No ciclo de palestras, ele falou sobre “As cinco competências para se construir carreiras e negócios inabaláveis nos dias de hoje”.

O que faz o Vale do Silício ser o que é?

O Vale do Silício é o centro de tecnologia mundial, tem carros voadores, tem robôs andando na rua, tudo isso existe lá. Mas não é a tecnologia que faz o Vale ser assim. O que faz o Vale ser o que é, é a mindset (mentalidade) das pessoas que estão lá. O Vale é um ímã de desobedientes, com uma capacidade criativa fantástica, de pessoas inconformadas, que não se contentam com o status quo.

O Vale é uma das regiões mais ricas do planeta, mas as pessoas cultivam atos muito simples. São pessoas que não utilizam carros de luxo, terno e gravata, as mulheres não usam salto. Há uma simplicidade enquanto vida pessoal e um inconformismo profissional em relação aos padrões. São outros valores. O verdadeiro status é aquele existe dentro de você e não fora. Isso é um mantra no Vale. Você não é o que você veste. Você não é o que você tem. Você é o que você compartilha. Você é o que você faz.

Por que esse local produz tanta inovação?

Há três fatores que formam um ecossistema empreendedor. O primeiro deles é a rebeldia, o inconformismo. O segundo fator é o conhecimento. Quando você põe conhecimento, o capital intelectual ao lado da rebeldia, você cria condições para aquela rebeldia virar alguma coisa: um produto, um serviço, uma solução. E o terceiro item é o capital financeiro. Os recursos financeiros precisam integrar o projeto para que essas ideias consideradas malucas saiam do papel e aconteçam. O Vale tem a rebeldia, conhecimento e capital na sua escala máxima.

Dá para aplicar isso no Brasil, de alguma forma?

Existem centros tecnológicos incríveis em outras partes do mundo, como China, Inglaterra, Índia e Israel. Cada um do seu jeito, com sua cultura. No Brasil, a gente tem muita rebeldia, tem muita criatividade. A questão de conhecimento poderia ser muito maior. Infelizmente, estamos vendo muito brasileiro qualificado investindo a sua genialidade fora do Brasil. E a gente tem uma tímida indústria de investimento de risco.

O que você considera como principais habilidades para o futuro?

Para mim, a diversidade de pensamento é um dos principais valores. Eu entendo que, apesar do Brasil ser um país diverso, quando tratamos desse assunto, a gente mais afasta que aproxima, porque as pessoas entram em questões desnecessárias. O que realmente importa é a diversidade de pensamento, é se permitir conversar com pessoas independente de quem elas sejam.

O que define uma mente empreendedora?

Quando você fala “empreendedor”, a maioria das pessoas remete em construir uma empresa, um negócio. Para mim, isso é um equívoco. Empreendedorismo é uma atitude. E, quando você encara o ato de empreender como uma atitude, você aplica a tudo na vida. Como empreendedor, você assume o protagonismo da sua vida e passa a não depender dos outros, isso se tiver um negócio ou não.