Buscar no Cruzeiro

Buscar

Um novo parque

21 de Março de 2019 às 00:45

Uma audiência pública, promovida pela Prefeitura de Sorocaba e realizada na última segunda-feira (18) nas dependências do Centro de Referência da Educação, no Jardim Saira, deu início aos debates e captação de sugestões sobre o que deve ser realizado pelo poder público no entorno do Casarão de Brigadeiro Tobias, localizado no bairro que tem o mesmo nome e é um dos maiores patrimônios históricos da cidade.

O Casarão foi sede da fazenda Passa Três, um imóvel rural que segundo historiadores foi adquirido pela família do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar no final do século 18. O imóvel possivelmente foi construído nessa época, pois foi citado junto com a fazenda e outros bens no inventário de Antônio Francisco de Aguiar, pai do Brigadeiro Tobias, em 1818. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Sorocaba tem uma relação de 42 bens tombados no município e somente três são também tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Além do Casarão, os outros dois são o Mosteiro de São Bento e Igreja de Sant’Anna e o prédio da Escola Estadual Antônio Padilha. O casarão -- um imóvel térreo -- é remanescente de uma rica fazenda agropecuária e recebeu ao longo dos anos construções geminadas de pequeno porte, já demolidas, que serviram para abrigar escravos e empregados da propriedade rural. É edificado em taipa de pilão com telhado de duas águas e reúne características rurais e urbanas, segundo os técnicos do Condephaat.

Com a duplicação da rodovia Raposo Tavares e a construção de pistas que praticamente circundam a propriedade, o imóvel e seu entorno ficaram isolados, com acesso mais difícil. A Prefeitura pretende transformar essa área de mais de 110 mil metros quadrados em um complexo educativo e ambiental para estimular atividades educativas e recreativas naquela área da zona leste, praticamente desprovida de equipamentos dessa natureza. O Parque Histórico Brigadeiro Tobias já foi oficialmente instituído em 2015, por decreto do então prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) e passou a ser uma Unidade de Conservação e Proteção Integral para preservação de ecossistemas naturais de relevância ecológica e turismo ecológico, mas nada foi feito no local.

O prefeito José Crespo lembrou que o bairro possui vocação rural e forte potencial de ecoturismo e desejaria ver o parque como um polo de turismo histórico. Lembrou também que a ideia de implantar no local um complexo educativo e ambiental partiu do jornalista e historiador sorocabano Sérgio Coelho de Oliveira, que esteve na audiência defendendo suas ideias. Coelho afirma que além da preservação do Casarão, um patrimônio tombado, o parque com “multidestinação” poderia ganhar em seu interior réplicas de uma oca e de uma casa de taipa, uma maneira de retratar o modo de vida dos índios e dos nossos caipiras, que ajudaram a formar a identidade cultural sorocabana. Também foram apresentados pelos técnicos da Prefeitura alguns detalhes do projeto que prevê a construção de trilhas pela mata, observatório de animais, quiosques e a recuperação de um lago localizado próximo ao Casarão. O prefeito informou que dificilmente as obras serão concluídas em seu mandato, mas é importante que o projeto seja elaborado e, se possível, as obras iniciadas, tornando a benfeitoria irreversível.

As sugestões para o aproveitamento da área podem ser apresentadas até o dia 18 de abril por e-mail e ao ser encerrada essa etapa, será divulgado o cronograma das próximas etapas. Mas há ainda uma questão pendente: a situação do Centro Nacional do Tropeirismo que funciona no Casarão. Boa parte do acervo público relacionado ao tropeirismo e que estava guardado no antigo matadouro, foi roubada há alguns anos. O Centro funciona há vários anos precariamente com peças de um colecionador particular. É importante encontrar uma solução definitiva para essa situação. Concentrar todo acervo sobre tropeirismo no Casarão para fazer com que o Centro Nacional de Tropeirismo faça jus ao nome seria uma reverência importante ao mais marcante ciclo econômico que Sorocaba já teve.