Sorocaba na era espacial

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Desde domingo, Sorocaba sedia o maior fórum sobre sensoriamento remoto do Hemisfério Sul, o Serfa 2019. É a nona edição deste simpósio, organizado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), que é uma organização militar de cunho científico-tecnológico ligada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial do Comando da Aeronáutica. Tem como tema “Espaço, Novos Mercados e uma Nova Era Espacial Brasileira”.

A programação, que segue até quinta-feira, envolve tecnologia sofisticada e de alto nível. A oportunidade de gerar novos conhecimentos em várias áreas da tecnologia tem significados extraordinários. E o fato de o Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) ser a sede do encontro projeta a cidade no seleto grupo das regiões que se destacam pela vocação e empenho nos setores de ponta do desenvolvimento científico.

Segundo a Prefeitura de Sorocaba, esta é a primeira vez que o Serfa é realizado fora de São José dos Campos, cidade localizada no Vale do Paraíba. A coordenação do simpósio informa que Sorocaba foi escolhida como sede desta edição graças ao empenho do Parque Tecnológico. “Há o desejo do PTS de transformar a nossa região em um novo polo da área aeroespacial”, assinala o presidente do Parque Tecnológico, Roberto Freitas.

Em sintonia com essa projeção, Sorocaba já possui uma das maiores concentrações de serviços para aviação do País, localizada no entorno do Aeroporto Bertram Luiz Leupolz. Entre milhares de aterrissagens e levantamentos de voo anuais, aeronaves, que vão desde monomotores a jatos de longo curso, durante o tempo em que permanecem em terra, abrigam-se em hangares e oficinas das empresas credenciadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para manutenção e reparo. E essa especialização de tecnologia de ponta, que gera empregos de nível técnico e superior, projeta Sorocaba no mapa da aviação brasileira.

As questões tecnológicas também têm ampla participação na história e no desenvolvimento de Sorocaba e região. Para citar alguns exemplos, a Faculdade de Tecnologia (Fatec) e outros centros universitários, públicos e particulares, cumprem papel de grande alcance nas áreas de ensino, pesquisa, extensão.

A indústria, com multinacionais como a Toyota, a ZF do Brasil, a Flextronics, consagra o potencial de desenvolvimento com resultados agregados ao comércio e aos serviços. Acresce que na vizinha cidade de Iperó, na Fazenda Ipanema, a 15 quilômetros de Sorocaba, a Marinha do Brasil desenvolve com tecnologia totalmente nacional o seu projeto de construção do primeiro submarino nuclear brasileiro -- o que contribui para impulsionar os avanços científicos, a defesa e a soberania do Brasil.

Partindo dessas premissas, a escolha de Sorocaba para o encontro realizado nesta semana no Parque Tecnológico foi uma decisão apropriada e coerente com a importância da cidade e da região para as questões tecnológicas, assim como acontece com São José dos Campos, sede do Inpe. Entre outros especialistas que lideram os debates científicos no País, a programação incluiu palestra do diretor do Inpe, Darcton Policarpo Damião. Participam representantes do governo, indústria, instituições de ensino, investidores e sociedade em geral.

Um encontro dessa magnitude para Sorocaba e região e também para o Brasil é um acontecimento histórico. Servirá de inspiração para as futuras gerações que, certamente, recordarão os debates desta semana como embrião de projetos de tecnologia, a curto e médio prazos, que poderão abrir caminhos para consubstanciar a vocação de Sorocaba no campo da aviação e da energia nuclear com possibilidades de inserção regional nos projetos de natureza espacial desenvolvidos pelo Brasil. E, claro, todo esse arcabouço de projeções descortinará reflexos em progresso, desenvolvimento, produção de ciência e de riqueza.