Sem planos ou projetos

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Durante os feriados de final de ano, quando aumenta consideravelmente o número de pessoas que chegam e saem da cidade por ônibus intermunicipais e interestaduais é que se percebe a precariedade das instalações e o péssimo serviço oferecido pela Rodoviária de Sorocaba.

De acordo com a Urbes - Trânsito e Transportes, empresa municipal que administra o local desde o início do ano, mais de 30 mil pessoas devem embarcar e desembarcar na estação, sem contar amigos e parentes dos passageiros que também circulam pelo espaço aguardando embarques e desembarques.

A Rodoviária de Sorocaba, construída no início dos anos 1970, quando ainda estavam em obras trechos das avenidas Dom Aguirre e Juscelino Kubitschek, há tempos dá sinais de que está ultrapassada, quer pela sua localização, na região da central da cidade, o que contribuiu para piorar ainda mais o trânsito, como pelas instalações acanhadas, malconservadas e incapazes da acomodar o grande número de passageiros esperados nesta época do ano.

Recentemente, outro problema veio afetar a estação e seu entorno: as mudanças nas mãos de direção das ruas próximas, o que segundo moradores e pessoas que trabalham naquela região, o trânsito piorou muito.

Quem deseja levar ou buscar uma pessoa na Rodoviária tem necessariamente que parar por alguns minutos em um espaço muito pequeno na rua Pandiá Calógeras, que recentemente teve sua mão de direção invertida.

Os pontos de ônibus de municípios da região saíram dessa rua e foram para a rua Joubert Wey, causando ainda mais problemas, pois passageiros que desembarcam e querem pegar outro ônibus para cidades da região não têm quem os informe sobre as mudanças.

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Durante a noite e madrugada essa rua é pouco movimentada, e os passageiros temem por assaltos. Mas talvez o problema mais sério seja a própria Rodoviária, que além de não acomodar o número de passageiros, está bastante desgastada e não oferece conforto nem segurança para as pessoas.

E tem o agravante de estar mal localizada em um ponto central da cidade, o que cria problemas para o deslocamento de ônibus de grande porte.

Há ainda um problema legal com relação à atual Rodoviária. Ela foi construída e administrada durante várias décadas por uma empresa privada, como concessionária do poder público.

Ocorre que o contrato venceu há décadas e mesmo assim houve continuidade nos serviços. Nos primeiros dias deste ano a Urbes passou a gerenciar, fiscalizar e controlar o tráfego do transporte do terminal rodoviário.

Mas os funcionários que cuidam do prédio continuam sendo responsabilidade da empresa que a administra desde os anos 1970 e que também é beneficiária da exploração comercial dos boxes ali existentes.

A construção de uma nova rodoviária aparece com frequência nos planos dos candidatos à Prefeitura. O prefeito cassado José Crespo (DEM) colocou em seu programa de governo a construção de uma nova rodoviária em área onde antes funcionava a Siderúrgica Aparecida, na rua Padre Madureira, e que foi desativada.

Sua ideia era juntar em um mesmo local o terminal rodoviário, uma estação de VLT (Veículo Leve sobre Trilho) sistema que ele queria implantar utilizando as linhas da estrada de ferro que passam por ali, e ainda um terminal do BRT. Evidentemente que o projeto não avançou.

Crespo enfrentou dificuldades financeiras na Prefeitura -- tanto que só agora as obras do BRT estão avançando em apenas um dos eixos -- e dificuldades políticas, que acabaram por colocá-lo para fora da Prefeitura após uma segunda cassação de mandato.

Outra área que foi cogitada para abrigar uma nova rodoviária fica próxima ao Jardim Novo Eldorado, que tem como principal característica estar perto da rodovia Celso Charuri, que faz a ligação entre a rodovia José Ermírio de Morais (a Castelinho) e a rodovia Raposo Tavares, o que facilitaria o tráfego dos ônibus que chegam por essas duas rodovias.

Recentemente, em resposta a um requerimento da Câmara de Vereadores, a Prefeitura de Sorocaba informou que não há qualquer estudo sobre o assunto e a mudança da Rodoviária sequer está nos planos da municipalidade.

É evidente que é impossível elaborar um projeto complexo como esse e iniciar algum tipo de obra neste mandato que termina no final do ano, mas a atual administração poderia, aproveitando o corpo de engenheiros que dispõe em iniciar estudos para uma mudança futura, para um local mais adequado e com mais espaço.

A construção e os investimentos teriam de sair de uma parceria público-privada, pois todo o serviço será explorado por empresas particulares. Dar o primeiro passo mostraria ao menos boa vontade para resolver um problema crônico da cidade.