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Por que não reavivar o Centro?

25 de Novembro de 2018 às 00:01

Muito se tem falado sobre a recuperação da parte central de Sorocaba, como se o conhecido Centro estivesse em total deterioração. Não está. Pode estar a caminho de, como sempre acontece com as cidades, em todo o mundo, que expandem para novas áreas mais modernas. A deterioração, em especial social, está intimamente ligada à diminuição de fluxo de pessoas, da menor circulação de veículos e fechamento de atividades comerciais e de negócios, que acontecem até as 18h. Toda uma moderna e cara infraestrutura -- comunicações, água e luz, arruamentos e transporte, imóveis de qualidade, enfim, urbanismo -- deixa de ser aproveitada por uma parcela expressiva da população. Um desperdício urbano.

Com a chegada da noite, a circulação de pessoas diminui drasticamente e as atividades que permanecem são poucas, sociais basicamente. E com essa diminuição de afluxo de pessoas, diminui também a presença ostensiva de segurança, seja ela municipal ou da PM. E com essa diminuição, há a chegada dos indesejados sociais, pessoas em condições de pobreza, sem-tetos e muitos consumidores de drogas. Nada de novo: menos gente, menos policiamento, menos apoio social dos órgãos que deveriam cuidar do nossos indesejados semelhantes. Nada simples de ser resolvido que não envolvam associações sociais, investigação policial, repressão policial e foco administrativo público.

Sorocaba tem um Centro bonito, histórico e que precisa ser preservado. Que pode ser estimulado e visitado por todos. Seja de dia ou de noite, desde que bem iluminado. Ou em finais de semana.

O espaço compreendido entre o Largo de São Bento -- do Mosteiro -- a praça do Canhão e seu entorno, até a antiga Estação Sorocabana, tem um potencial que não está sendo observado. Ali, em toda essa área, está parte importante da história de Sorocaba, onde a Matriz repousa imponente como o marco central.

Ações simples, que até resolveriam as questões abordadas acima e, em especial, ajudariam a apresentar uma cidade para nossa população e visitantes, seriam passos iniciais. Placas de informação padronizadas que apresentariam cada local e sua importância histórica. Visitas guiadas nos fins de semana para escolares, turistas, grupos de idosos e interessados destacariam os marcos de Sorocaba.

Um transporte motorizado, como ocorre na Europa, poderia percorrer as ruas nos finais de semana. Dentro do quadrilátero no entorno da praça Fernando Prestes, que poderia ter as ruas fechadas no entorno depois das atividades do comércio; o local poderia virar um espaço para food-trucks, artesanato, música de qualidade, ao vivo, como ocorre na feira japonesa do Campolim, com uma programação constante todos os finais de semana. O mesmo com a praça Artur Fajardo, “o Largo do Canhão”, com visitas guiadas.

Outra sugestão fica para o IPTU Reverso, onde não se conte pelo espaço ocupado dos prédios, mas menos, para aqueles que restaurarem e mantenham seus imóveis originais. Isso traria muita Sorocaba histórica nas lojas/imóveis comerciais, que perderam sua fachada e estruturas originais. Com certeza o nosso patrimônio histórico saberia destacar cada edificação com o período histórico e a recuperação das fachadas originais pelos proprietários, com orientação de arquitetos, um estímulo à redução do IPTU e outras taxas.

O Centro deve ter seus monumentos restaurados, painéis pintados com momentos históricos e orientações em pequenas placas que conte o que cada lugar significou na história da cidade. Poderia até em locais mais desgastados, a pintura de rua com grandes intervenções apoiadas pelo poder público.

O Centro da cidade é uma opção cultural. Como acontece na Fundec, artistas plásticos, músicos e a iniciativa privada e, com certeza, os empresários que têm comércio e prédios no Centro poderão contribuir com a cultura, segurança no fluxo de pessoas, restauração e ver seus imóveis e negócios valorizados.

E não esquecer que tudo isso é parte de uma estratégia, de um plano que começa com uma firme observação às questões de segurança e recuperação social daqueles, hoje, indesejados, mas que precisam da mão estendida de todos nós.