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Pancadões e rolezinhos

29 de Abril de 2020 às 00:01

O isolamento social é a prática adotada em praticamente todo o mundo para conter a pandemia do novo coronavírus. Em maior ou menor grau, o isolamento foi adotado por governos de todos os Estados e municípios brasileiros, restringindo o funcionamento de escolas, indústrias, estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços com o único objetivo, o de evitar que pessoas fiquem próximas umas das outras, formem-se aglomerações, que facilitam a propagação do vírus.

Mas parece que cenas inimagináveis transmitidas pelos veículos de comunicação, com covas coletivas sendo usadas em várias capitais brasileiras, corpos empilhados em corredores de hospitais e até caminhões frigoríficos sendo usados para armazenar cadáveres em cidades importantes do mundo não convencem parte da população, que teima em se reunir, promover encontros, como se nada estivesse acontecendo.

São muitas as informações de bares abrindo clandestinamente nos bairros, festas particulares durante a madrugada, que se pode perceber pelo barulho que provocam, entre outras atitudes que beiram a irresponsabilidade.

Mas são os chamados bailes funk ao ar livre, os chamados pancadões, nos quais carros com equipamentos de som gigantescos e no último volume têm preocupado as autoridades do município.

Em primeiro lugar, esses encontros provocam aglomerações, contrariando a política de isolamento adotada pelo Estado e município.

Em segundo lugar, o barulho e a algazarra desses encontros atrapalham a vida dos moradores das proximidades que têm de passar a madrugada em claro por conta da música excessivamente alta e da algazarra causada pelos frequentadores.

Denúncias sobre a realização desses encontros surgiram desde o início da quarentena. Moradores revoltados têm-se manifestado em redes sociais, reclamando uma atitude mais dura das autoridades. No último final de semana, foi realizada uma operação conjunta entre a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal para coibir os pancadões em diversos bairros de Sorocaba.

Denominada Paz e Proteção, a operação mobilizou um grande número de policiais e guardas civis em ações que localizaram esse tipo de encontro nos bairros Paineiras, Vitória Régia, Habiteto, Nova Sorocaba e Conjunto Habitacional Carandá.

Neste último local, possivelmente o maior conjunto habitacional de apartamentos da cidade, o desconforto provocado pelos pancadões realizados no estacionamento do conjunto era enorme, pois prejudicava ao mesmo tempo centenas de pessoas.

De acordo com o 7º Batalhão de Polícia Militar do Interior, o objetivo principal da operação foi garantir a ordem pública e evitar as aglomerações, eventuais interdições de vias, perturbação do sossego, direção perigosa, entre outras.

As operações do último final de semana terminaram com a prisão de três pessoas e a apreensão de 19 veículos, com documentação irregular, equipados com equipamentos que perturbavam o sossego. A investida contra esses encontros resultou ainda na aplicação de 59 multas de trânsito.

Nos pancadões, combatidos há um bom tempo pelas forças policiais pelos transtornos que causam nos bairros, além do barulho excessivo, é comum o consumo de bebidas no mesmo copo ou garrafa, uso e tráfico de drogas e desentendimentos entre os participantes, consequência muitas vezes do alto consumo de bebidas alcoólicas. Hábitos propícios para a disseminação do novo coronavírus.

Também tem chamado a atenção dos sorocabanos o barulho provocado durante os finais de semana, principalmente durante a madrugada, de passeios que reúnem centenas de motociclistas, muitos deles com escapamentos emitindo ruído muito acima do permitido por lei. Esses grupos, que marcam os pontos de concentração por meio das redes sociais, percorrem durante toda a madrugada inúmeras avenidas da cidade, acordando boa parte da população.

Os jovens são naturalmente irrequietos, gostam de aventuras, de contestar; e de programas diferentes aos finais de semana, mas nada justifica a realização de encontros desse tipo. É praticamente impossível que informações corretas sobre a pandemia, as formas de contágio e o número de casos e mortes que já foram registrados no município não tenham chegado a essas pessoas.

Agindo dessa maneira, além de todos os transtornos provocados pelos encontros em si, colocam em risco as próprias vidas, a de parentes e a de pessoas próximas, tendo em vista a rapidez com que o novo coronavírus se propaga.