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Otimismo moderado

29 de Outubro de 2019 às 00:01

Dentro de dois dias começa o penúltimo mês do ano, e com ele o período natural de aquecimento da economia, com a expectativa do aumento das vendas de final de ano e da contratação de funcionários temporários, tanto no comércio como na indústria.

A esse aumento previsível da atividade econômica, tradicional no período das festas de final de ano, os analistas econômicos das grandes instituições financeiras trazem agora um cenário mais otimista da economia como um todo e que está levando o mercado a fazer novas projeções -- sempre mais otimistas -- do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

No início deste ano, com a posse de um novo governo com uma orientação claramente liberal, houve uma onda de otimismo no País e muitos analistas projetaram um crescimento do PIB de 2,5% neste ano, um bom resultado em relação aos últimos dois anos, quando o crescimento foi pífio durante governo Temer e extraordinariamente melhor do que o conturbado ambiente de crise do segundo governo de Dilma Rousseff.

Dificuldades políticas, o avanço lento das reformas e a falta de confiança de investidores baixaram essa perspectiva de crescimento para menos de 1%.

De algumas semanas a esta parte, o cenário tem mudado positivamente, mesmo antes da aprovação pelo Senado da Reforma da Previdência, colocada por muitos como ponto de partida para uma virada na economia, o início de um período de investimentos. Os sinais positivos, ainda tímidos, vêm de alguns indicadores importantes, como a criação de empregos e aumento no crédito.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com informações oficiais sobre o setor, mostram que o saldo de empregos formais no País foi positivo por seis meses consecutivos. De janeiro até setembro foram criadas 761,7 mil vagas, o que para muitos analistas é a consolidação de um ciclo virtuoso de crescimento.

Em Sorocaba, por exemplo, o mercado de trabalho formal fechou o mês de setembro com saldo positivo de 324 contratações com carteira assinada, segundo o Caged, com destaque para os setores de serviços e comércio.

Essa reação positiva já havia sido detectada no início do segundo semestre quando a Fundação Estadual de Análise de Dados (Seade), órgão vinculado ao governo de São Paulo, havia detectado o aumento de 1.857 postos de trabalho na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) no segundo trimestre deste ano.

Outro indicador importante que está levando economistas de grandes bancos a prever um PIB mais robusto é o aumento da concessão de crédito para pessoas físicas, uma modalidade que registrou crescimento de 14% nos últimos 12 meses. Esse crescimento deve permitir um avanço no comércio e se espalhar pela economia, acreditam os analistas.

Dentro desse cenário de boas notícias a conta-gotas também não se pode esquecer dos efeitos da liberação, mesmo que limitada, do FGTS para aquecer a economia. Previa-se inicialmente um aumento de 1,8% no consumo, mas com a antecipação dos saques, aprovada pelo governo, esse aumento deve ser superior a 2%.

Há ainda outros fatores positivos e que podem refletir no melhor desempenho da economia nos dois últimos meses do ano. A taxa Selic, que hoje está em 5,5% ao ano, um índice baixíssimo para os padrões brasileiros, pode cair ainda mais.

Economistas do mercado financeiro projetam um corte de 0,5 ponto porcentual no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e depois mais um recuo em dezembro, atingindo o novo piso histórico anual de 4,5%. O mercado também projeta inflação deste ano em 3,29% que segue abaixo da meta central, de 4,25%. Para o ano que vem as novas projeções indicam inflação de 3,60%. Índices civilizados e administráveis.

Nos últimos dias, o mercado tem reagido positivamente a esses números. Dependendo da instituição financeira, a projeção do crescimento do PIB varia de 0,9% a 1,1%. Um crescimento modesto, mas mostra que, semana a semana, essas previsões têm ficado mais otimistas, talvez prenúncio de um final de ano com mais empregos e mais folgado financeiramente para a população.