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O vírus chegou

27 de Fevereiro de 2020 às 00:01

O Brasil confirmou o primeiro caso do novo coronavírus em seu território e o Ministério da Saúde, em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (26) pela manhã, revelou que existem 20 casos suspeitos de Covid-19, um número que deverá aumentar nos próximos dias por conta da expansão do número de países em que pode ocorrer contaminação.

Com isso, o surto do novo coronavírus atingiu um novo patamar, uma vez que causou a contaminação de mais de 80 mil pessoas e já havia causado a morte de outras 2.700 até dois dias atrás.

A expansão rápida por vários países começa a tomar a forma de uma pandemia, termo usado quando uma doença infecciosa atinge muitas pessoas simultaneamente ao redor do mundo.

Esse novo patamar do surto foi atingido quando, nos últimos dias, os casos de infecção fora da China deixaram de ter relação direta com viajantes que passaram pela cidade chinesa de Wuhan, onde, sem dúvida, a doença surgiu. Essa nova característica das infecções acendeu o alerta nas autoridades de saúde em todo o mundo.

O temor de uma perda de controle chegou a afetar Bolsas de Valores em vários continentes. Com a doença se espalhando fora da China, os principais focos hoje são Irã, Coreia do Sul e Itália. Este último país parece ser o corredor para a transmissão para diversos países europeus e para outros continentes, visto que é um grande centro turístico e de negócios.

O próprio governo italiano já admitiu que falhas nos procedimentos em um hospital onde estavam internados doentes foram responsáveis por espalhar o novo coronavírus.

Até agora -- e esse número muda diariamente -- já foram confirmados mais de 80 mil contaminações, sendo que a China ainda responde pela grande maioria de casos confirmados, mais de 77 mil, mas essa proporção vem diminuindo.

No Brasil, além do caso confirmado, os outros 20 pacientes com suspeita da doença retornaram de viagens da Alemanha, Tailândia, China e França, além de um contato com caso confirmado e um contato com caso suspeito. E a tendência é aumentar, pois 37 países registraram casos da doença em cinco continentes.

O brasileiro que pegou a doença tem 61 anos e esteve sozinho na Itália a trabalho, mais especificamente na região da Lombardia entre 9 a 21 de fevereiro. Essa região teve uma explosão de casos nos últimos dias. Para a OMS, ainda não temos uma pandemia, mas estamos quase chegando lá.

Com o Brasil incluído entre os países que contam casos da doença, é importante lembrar que não há necessidade de pânico. Embora a vacina ainda não tenha sido descoberta, há grande possibilidade de que ela esteja disponível dentro de alguns meses, pois é pesquisada em vários países.

E as características da doença não são tão assustadoras como pareciam quando surgiram os primeiros casos. Pelo que já se pesquisou, sabe-se que a taxa de letalidade do vírus está entre 2% e 3% e é menos agressivo que o H1N1, segundo informou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Os principais atingidos são pessoas com mais de 60 anos que têm doenças associadas. Com o novo coronavírus em território nacional, é importante que a população aprenda a se proteger, sem entrar em pânico nem adotar medidas extremas de proteção, muitas vezes inúteis. Em geral, as principais recomendações dos médicos para proteção passam pelos bons hábitos de higiene.

Sabe-se que lavar várias vezes as mãos com água e sabão por 20 segundos após usar o banheiro, sempre que chegar em casa, ou antes de manipular alimentos é uma boa medida para evitar o contágio.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que o uso de máscaras descartáveis seja racional, para evitar desperdícios, ou seja, usá-las apenas quando houver sintomas de problemas respiratórios, suspeita de infecção pelo novo coronavírus ou em caso de profissionais de saúde que estejam cuidando de casos suspeitos.

É recomendável também cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar e manter distância mínima de 2 metros de pessoas que estejam tossindo ou espirrando e evitar tocar olhos, nariz e boca em locais públicos ou antes de higienizar bem as mãos. Embora aglomerações normalmente facilitem a disseminação do vírus, elas só devem ser evitadas em regiões de alta incidência da doença, o que não ocorre no Brasil no momento.

Outra orientação básica e bastante útil neste momento é manter o ambiente doméstico limpo. Não se sabe quanto tempo o Covid-19 sobrevive fora do corpo, mas o vírus da influenza pode resistir até 24 horas em superfícies porosas como madeira.

Higienizar superfícies da casa, móveis e especialmente o telefone celular com soluções desinfetantes ajudam a combater a propagação do vírus. Como se vê, são medidas simples, praticamente sem custos, que ajudam a evitar a doença.