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O impacto do novo sistema

04 de Setembro de 2020 às 00:01

O sistema BRT entrou em funcionamento no último domingo.

Inicialmente entrou em operação o eixo norte-sul transportando num primeiro momento passageiros do extremo da zona norte até o bairro do Campolim, passando pelo Terminal Vitória Régia.

Mas foi na segunda-feira, dia 31, primeiro dia útil das operações, que teve sua primeira prova de fogo, com grande número de passageiros, a maioria sem qualquer intimidade com o novo sistema de transportes.

Foi o que mostrou reportagem publicada pelo Cruzeiro do Sul, que destacou dois repórteres para percorrer o mesmo trecho pelo sistema antigo, nos dois sentidos da linha, no último dia útil de funcionamento pela manhã e no final da tarde, e com o sistema BRT já em funcionamento, também nos dois sentidos das linhas, pela manhã e no fim do dia.

O que eles viram, reproduzido na reportagem, foi uma grande quantidade de usuários com dúvidas sobre o funcionamento do sistema e falta de coordenação entre os próprios funcionários da empresa, uma situação absolutamente natural diante das mudanças implementadas que alteram significativamente a maneira de usar o transporte público da cidade.

As pessoas se confundiam pela falta de informações sobre as novas linhas, alteradas agora por conta do Terminal Vitória Régia, onde o movimento é intenso e muitas vezes há necessidade de baldeação.

Também foram constatadas algumas falhas no percurso, com motoristas e motociclistas invadindo a faixa exclusiva do BRT, o que prejudica o tráfego dos ônibus e até galhos de árvores dificultando a passagem dos veículos articulados. Outra falha verificada diz respeito à falta de sincronia dos semáforos.

A Urbes havia anunciado dias antes que estava em funcionamento o sistema “onda verde” que sincronizaria os semáforos dando prioridade para o BRT, mas isso não funcionou corretamente no primeiro dia.

E não custa lembrar a falha de planejamento com relação aos pontilhões da Praça da Bandeira, sem altura suficiente para a passagem dos ônibus articulados, o que obrigou a improvisos com trajetos pela rua Professor Toledo e outras vias com dimensões e topografia impróprias para esse tipo de veículo.

A introdução de grandes mudanças, principalmente em transporte coletivo, que atingem milhares de pessoas, nunca é fácil. Os sorocabanos mais velhos se lembram do transporte público de Sorocaba antes de 1992. Havia uma única empresa que prestava um serviço muito precário, tema diário de reclamação dos usuários.

Esse conceito mudou em 1992 quando foi inaugurado o nosso sistema de transportes da cidade, com a implantação dos dois terminais de ônibus -- o Santo Antônio e o São Paulo -- e a tarifa única.

Por meio dela um passageiro passou a ter o direito de embarcar no extremo da zona norte, desembarcar em um dos terminais e ir a Brigadeiro Tobias, por exemplo, pagando apenas uma tarifa. Com relação à remuneração das empresas, a Urbes criou o caixa único e passou a pagar as empresas por quilômetro rodado.

Antes, o local de maior concentração de passageiros para embarque e desembarque era o Mercado Municipal, onde abrigos muito precários eram utilizados diariamente por milhares de pessoas. A adaptação ao novo sistema não foi imediata e gerou reclamações, apesar do nível de conforto bastante superior oferecido pelos terminais.

Eram comuns as reclamações relacionadas às distâncias dos dois terminais, mesmo eles sendo servidos por ônibus de integração sem a cobrança de passagens.

A dificuldade encontrada por muitos passageiros na atualidade, principalmente na concentração de linhas no Terminal Vitória Régia, onde conforme a linha é preciso mudar de ônibus, é bastante semelhante, uma questão de informação e hábito dos usuários.

Mesmo com algumas críticas iniciais ao funcionamento do novo sistema, algo perfeitamente natural quando envolve a movimentação de milhares de pessoas, a empresa BRT Sorocaba se mostrou aberta às sugestões e críticas, especialmente dos usuários.

A direção da empresa informou inclusive que serão feitos aperfeiçoamentos diários, ouvindo sempre as reclamações dos passageiros. Investimentos em sinalização vertical dentro dos terminais e pontos de ônibus e a divulgação em massa de informações sobre as linhas, itinerários e locais de integração em pouco tempo surtirão efeito.

O fato de somente o eixo norte-sul ter entrado em funcionamento vai facilitar o trabalho da empresa quando começarem a funcionar os outros corredores.

Muitos problemas que estão surgindo e aos poucos sendo solucionados agora ajudarão a implantação dos outros corredores, o que deverá acontecer nos próximos meses. E com parte do sistema já em funcionamento, o impacto da novidade será bem menor e a adaptação mais fácil.