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O exemplo vem de cima

02 de Novembro de 2018 às 09:00

A nomeação do juiz Sérgio Moro para um novo superministério que está sendo criado por Jair Bolsonaro é exemplar. Com desconfiança de desgovernos e excessos de verborragias por tantos anos, frases ditas na calada da noite, em porões do alto executivo como “tem que manter isso, viu?” em apoio a ações, diga-se, menos nobres, há muito se esperava por atitudes que comprovassem uma promessa. Ou melhor ainda, um exemplo da seriedade de propósitos. Saudade dos bons exemplos que vêm de cima.

A promessa do novo presidente em ser firme no combate à corrupção e ser firme em questões de segurança do cidadão não teria melhor prova de seu propósito senão com a escolha do juiz Sérgio Moro que, como um D. Quixote, perseguiu moinhos monstros irreais e acertou, com toda lucidez e discernimento, em inimigos reais da Nação. Essa escolha mostra mais que a seriedade de propósitos. Mostra também um compromisso com o enxugamento administrativo, a concentração de poder e ação para aqueles que quiserem e puderem realizar.

O novo ministro, que deixará 22 anos da carreira como juiz, que o projetou nacionalmente, será não apenas ministro da Justiça como também vai incorporar o ministério da Segurança Nacional onde ficam subordinadas a Policia Federal, o Coaf -- Controle de Atividades Financeiras -- e a CGU, Controladoria-Geral da União. São três órgãos executivos que têm demonstrado muita vontade de servir ao País a tal ponto de terem sido contidos, ao menos parcialmente, até então.

Observe-se que a unificação de atividades-fim está sendo formada pelo novo governo Bolsonaro. O Ministério da Economia, um novo nome guarda-chuva, cobre o até então Ministério da Fazenda, do Planejamento e Indústria e Comércio Exterior. Fala-se em outros.

A nomeação de Moro tem um aspecto particular que deve ser observado. Talvez seja pela primeira vez que um juiz com a vontade e determinação -- e agora com o instrumental -- possa enfrentar o crime organizado, o crime violento, o tráfico de drogas e de armas. Observe-se que hoje a violência que abate crianças nos morros do Rio de Janeiro ou prende mulheres em Votorantim ou Capela do Alto tem uma única procedência: o tráfego de drogas, que deixa toda uma trilha de sangue em seu comércio a começar nos assaltos nas ruas e esquinas, a residências até caixas eletrônicos e agência bancárias.

“A perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão”, escreveu Moro hoje em seu comunicado. Essa declaração reforça a promessa da campanha presidencial de forma que merece respeito e admiração.

Vale repetir aqui as palavras que estampamos em nossa capa de hoje, as palavras de Luiz Fux, do STF, que resume, exemplarmente o que muitos brasileiros gostariam de exprimir:

“Excelente nome. Imprimirá no Ministério da Justiça a sua marca indelével no combate à corrupção e na manutenção da higidez das nossas instituições democráticas, prestigiando a independência da PF [Polícia Federal], MP [Ministério Público] e Judiciário. A sua escolha foi a que a sociedade brasileira o faria se consultada. É um juiz símbolo da probidade e da competência. Escolha por genuína meritocracia.”

Nada como o exemplo da palavra empenhada, nada melhor que dar um bom exemplo ao País. Os colarinhos brancos que se cuidem.

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