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O empurra-empurra de sempre

22 de Novembro de 2019 às 00:01

A rodovia Raposo Tavares, no trecho que corta a região de Sorocaba, tem trânsito intenso e locais perigosos. Aos tradicionais pontos de alto risco de acidentes já conhecidos, há um ano e meio foi acrescentado mais um, o acesso improvisado do Hospital Regional Dr. Adib Domingos Jatene, o novo Hospital Regional.

O hospital foi construído por meio de uma parceria público-privada em área junto à rodovia justamente para facilitar o acesso de pacientes da região.

Com a sua inauguração houve o esperado aumento no fluxo de veículos e pedestres, mas que não receberam até agora a devida atenção das autoridades que deveriam ter se preocupado também com a implantação de passarela sobre a rodovia e acessos condizentes para os veículos.

Os pedestres, aqueles que se dirigem ao hospital por meio de transporte coletivo, são os mais prejudicados e que correm imensos riscos.

Os ônibus urbanos fazem embarque e desembarque de passageiros na avenida Doutor José Bella Neto, em frente ao hospital.

Já os ônibus intermunicipais, que trazem pacientes de toda a região, trafegam apenas pela rodovia no sentido interior-Capital.

Como não existem passarelas próximas, pacientes e funcionários correm risco ao atravessar a rodovia. Para chegar ao hospital é preciso pular duas muretas e os guard-rails.

Imagine uma pessoa enferma, que veio até o hospital para fazer exames tendo que se submeter a uma aventura dessas. O risco de acidentes é altíssimo.

O perigo ainda persiste quando os pacientes ou funcionários esperam os ônibus intermunicipais na beira da rodovia, na pista em direção ao interior. Pessoas da região que vêm para o hospital de carro também reclamam a falta de acesso.

O hospital fica no km 106 e para fazer o retorno precisam rodar mais cinco quilômetros até o retorno do Ceagesp para poder pegar a outra pista.

Para evitar fazer esse trajeto longo, muitos motoristas, inclusive de veículos oficiais e vans de secretarias de saúde de municípios da região, se arriscam em uma manobra proibida, fazendo uma conversão irregular. A sinalização no local também é confusa, uma característica dessa rodovia aqui na região.

Os problemas do acesso ao hospital não são recentes. Na realidade, estão sendo denunciados por este jornal praticamente desde a sua inauguração.

Era absolutamente previsível que o movimento de pedestres e veículos necessitava de obras de segurança. Em março deste ano, quando o hospital completou um ano, a Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) foi questionada e na ocasião informou que havia solicitado à ViaOeste, concessionária da rodovia, um estudo de acessibilidade e de movimentação de pedestres para que fosse alterado o local do ponto de ônibus e a construção de uma passarela.

Por seu lado, a ViaOeste informou que havia protocolado junto à Artesp, antes mesmo do hospital ter sido inaugurado, um projeto para solucionar a questão daquele acesso que além do hospital atende também a arena esportiva que existe nas proximidades.

Esse projeto previa a extensão das vias marginais no sentido Capital, melhoras geométricas no dispositivo de retorno e implantação de uma passarela. Desde então aguarda uma avaliação do que a concessionária chama de Poder Concedente.

O jogo de empurra não é recente. Em abril do ano passado, logo após a inauguração, a Artesp afirmava que o projeto estava aprovado e a execução seria de responsabilidade da empresa que construiu o hospital.

Três meses depois, a mesma Artesp informou que a obra era responsabilidade da Secretaria de Estado da Saúde. Esta, por sua vez, comunicou que a implantação do acesso deveria ser discutida com a Artesp.

Há um mês, o governador do Estado João Doria (PSDB) e o secretário de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto, disseram que neste mês o problema seria resolvido. Nada aconteceu e a Artesp desta vez sequer se manifestou.

A Secretaria de Logística e Transportes informou que está em tratativas com a concessionária e a Artesp para concluir o projeto da passarela.

Esse empurra-empurra não é novidade quando se trata de obras viárias sob a responsabilidade do Estado ou de concessionárias. Só depois de muita pressão e insistência é que a região ganhou a duplicação da Raposo e mais tarde, suas marginais.

Foi assim também na duplicação da rodovia João Leme dos Santos, palco de acidentes graves e muitas mortes. A Prefeitura de Sorocaba, nossos vereadores e, principalmente, deputados têm a obrigação de cobrar urgência dessa obra junto ao governo do Estado. Antes que acidentes graves aconteçam naquele local.