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O cidadão ao lado da polícia

20 de Setembro de 2018 às 09:14

Num tempo de insegurança econômica, indefinição política, golpes e escândalos envolvendo gente graúda do cenário nacional, ações isoladas de servidores comuns não costumam chamar a atenção e nem disputam espaço no noticiário.

Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura, falou certa vez sobre as lápides anônimas nos cemitérios de Paris: desconhecidos que repousam ao lado de grandes vultos de história. Ele pensava no túmulo de Napoleão, talvez, cercado por milhares de anônimos. No entanto, refletia que, sem esses anônimos, nenhum homem teria sido grande e nem seus feitos históricos teriam sido capazes de mudar o mundo.

Às vezes esses indivíduos comuns, desapercebidos na multidão, podem representar a vida, a salvação. Ações recentes de policiais que arriscaram a própria vida para proteger cidadãos têm recebido atenção da imprensa. Merecida atenção posto que, na maioria das vezes, são vítimas eles próprios de críticas e incompreensão, quando não, eles próprios vítimas fatais de ações da criminalidade. Até o final do primeiro semestre deste ano, um policial morreu a cada três dias no Rio de Janeiro. Em São Paulo, policiais são covardemente mortos a caminho do lar ou a caminho do trabalho. Fardados, são alvo de patifes que se vestem como um trabalhador comum ou pior, escondem-se por trás da viseira de um capacete de motocicleta.

O cidadão comum não gosta de ser abordado na rua, ter documentos exigidos, vistoriado. Ninguém gosta. Não deveria ser assim. Mas a segurança passa pela eterna vigilância, em especial numa época difícil como a de hoje. É o compromisso em servir. O homem honesto não deve se ofender em ser abordado, nada deve e nada lhe será exigido que este já não faça. É o cidadão comum que o policial deve proteger na sociedade.

O episódio envolvendo o cidadão, que depois verificou-se ser secretário do governo de Sorocaba, mostra o treinamento, a calma e o profissionalismo do policial que atuou na ocorrência.

Não se objetiva a morte em nenhuma circunstância e há a treinamento frequente de preparo para ações não letais. Porém, muitas vezes, é a única opção quando marginais reagem e colocam em risco a sociedade. É o risco que arrisca a marginalidade e de quem defende o cidadão.

A polícia existe como proteção da sociedade dentro de normas legais. Para se entender pode-se utilizar a metáfora de um jogo de futebol onde um time joga dentro de regras, obedecendo-as e, o outro, as ignora. Assim, enquanto um time não marca gols com a mão ou cobra os laterais, faltas e penalidades a não ser com as regras, o outro time marca gols com a mão e não respeita os limites do campo. Ou pior, agride o juiz e a torcida.

Assim é a Polícia, um time jogando dentro das regras legais, contra os marginais e criminosos de um time sem regras, onde vale tudo.

Só esta comparação bastaria para se compreender a dificuldade em agir no interesse de sociedade sem ferir a lei. É hora de olhar de frente quem está ao lado de quem.