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O aeroporto e seus problemas

14 de Outubro de 2020 às 00:01

Durante cinco semanas, sempre nas edições dominicais, o jornal Cruzeiro do Sul levou até seus leitores uma série de reportagens sobre o Aeroporto Estadual de Sorocaba - Bertram Luiz Leupolz, de autoria do jornalista Marcel Scinocca.

Foram cinco reportagens que mostraram o que realmente existe no polo aeronáutico de Sorocaba criado no entorno do aeroporto e que se transformou no maior centro de aviação executiva da América do Sul, com oficinas especializadas de altíssimo nível técnico.

Foram revelados também os maiores problemas que atrapalham o desenvolvimento dessa ilha de prosperidade, alguns simples, emperrados aparentemente pela burocracia oficial, outros mais complexos devido competitividade existente nessa área de atividade.

Na primeira reportagem da série, foi mostrado que há oito anos as empresas estabelecidas junto ao aeroporto pedem sua internacionalização.

Não se trata de internacionalizar o aeroporto para receber aviões de passageiros de outros países, mas tão somente para que aeronaves que se dirigem a Sorocaba para fazer revisões ou reparos mecânicos possam pousar e decolar diretamente no aeroporto, sem ter que passar primeiro por outro aeroporto internacionalizado, pagar altas taxas em dólar e perder tempo precioso tanto na chegada quanto na saída do País.

Há uma disputa entre vários aeroportos pela internacionalização, e entre eles está o recém-inaugurado Aeroporto Catarina, um empreendimento particular de São Roque, que caso consiga esse benefício primeiro que Sorocaba, poderá levar algumas empresas para seu entorno. Sorocaba reivindica a internacionalização há oito anos. É um fator importantíssimo para a existência do parque aeronáutico.

Apesar de toda vitalidade econômica das empresas estabelecidas em Sorocaba, há ainda alguns problemas sérios na operação do aeroporto.

Há alguns anos foram construídos dois trechos de pista nas duas cabeceiras para atender alguns protocolos e poder receber determinadas categorias de avião.

Ocorre que até hoje, vários anos depois, essa ampliação não foi homologada, o que prejudica a operação da pista. Apesar de ter 1.630m de extensão, oficialmente ela tem apenas 1.480 m, mais um daqueles mistérios que só a burocracia pode explicar.

Outro problema sério diz respeito à torre de controle, um equipamento de segurança reivindicado há décadas. A construção do prédio demorou vários anos e outros tantos para a instalação dos equipamentos.

Foram implantados equipamentos de ponta, mas por falta de um plano planialtimétrico atualizado, os pousos e decolagens ainda não podem ser feitos por instrumentos.

Com isso, uma torre que custou R$ 21 milhões aos cofres públicos está subutilizada. Com todos os equipamentos funcionando o aeroporto poderia realizar, com segurança, decolagens e pousos com todo tipo de adversidade climática, como chuva, névoa e alta densidade de nuvens que influenciam a visibilidade.

Os problemas chamaram tanto a atenção da opinião pública que, dias depois de sua publicação, o secretário de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, João Octaviano Machado Neto, a quem o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) está subordinado, visitou o aeroporto e prometeu que as melhorias no aeroporto necessárias para a sua internacionalização deverão estar concluídas até dezembro.

No âmbito das providências da Prefeitura há o problema do acesso a algumas áreas do aeroporto, como, por exemplo, a área da Embraer.

Há um projeto de alguns anos da chamada Avenida do Contorno, que facilitaria o acesso a essa área, mas que não saiu do papel. Hoje o acesso é feito por ruas estreitas da Vila Santa Clara, por trás do aeroporto.

Essa avenida também facilitaria o acesso à avenida Ipanema, uma das mais movimentadas da cidade, mas até agora nada foi feito. Caminhões com cargas valiosíssimas de componentes e peças aeronáuticas são obrigados a fazer esse caminho tortuoso e perigoso para entrar nessa parte do aeroporto.

São vários os problemas do aeroporto que deveria oferecer as melhores condições para as empresas que ali operam e geram riqueza para a cidade.

Após ler a série de reportagem, qualquer cidadão percebe que falta apoio do poder público. Falta mais empenho da Prefeitura de Sorocaba não só com obras, mas também com pressão política para que as demandas pendentes sejam concluídas.

E falta também apoio dos parlamentares que representam a região tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara Federal. Certamente, durante a atual campanha eleitoral, mais de um candidato vai se prontificar a incluir atenção especial ao aeroporto em seu programa de governo.

Mas o que importa é que os agentes políticos do município arregacem as mangas, conheçam as verdadeiras necessidades do aeroporto e passem a trabalhar efetivamente pelo polo aeronáutico da cidade, que gera emprego e renda ao município.