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História resgatada

04 de Agosto de 2020 às 00:01

Os sorocabanos têm uma ligação especial com a Polícia Militar do Estado de São Paulo, não só por sua presença secular e ativa na vida da região, como pela sua própria origem. Afinal, ela foi criada em 15 de dezembro de 1831 por lei da Assembleia Provincial, por proposta do então presidente da Província, que é como se chamavam os Estados durante o Império, o sorocabano Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. O primeiro nome da corporação foi Corpo de Guardas Municipais Permanentes, compostos por cem praças a pé e 30 praças a cavalo.

Segundo historiadores, do início do governo republicano até 1896, as forças militarizadas de São Paulo eram compostas pela Brigada Militar e pelo Corpo de Guardas Cívicos da Capital e em 1897 é criado o Corpo de Guardas Cívicos do Interior, embrião do futuro Corpo Policial do Interior. E finalmente em 1901 as três forças seriam unificadas formando a Força Pública do Estado de São Paulo.

Apesar de ser um dos batalhões mais tradicionais da corporação, a data de fundação do 7º Batalhão da Polícia Militar do Interior (7º BPM-I), que é responsável pelo policiamento de Sorocaba, estava registrada equivocadamente como 1975.

A correção histórica é resultado do trabalho do setor de relações públicas do batalhão que percebeu que a data então considerada de fundação da unidade, em 1975, nada mais era do que o registro da adoção da atual nomenclatura da unidade policial, e não de sua fundação. Para pedir a correção da data correta, entretanto, era preciso mergulhar na história da unidade com toda a fundamentação e comprovação.

Para se chegar à data correta da fundação, a capitã Luiza Maria Aidar de Oliveira Geraldi, do setor de relações públicas, ouviu o depoimento de antigos policiais e recorreu à pesquisa de documentos oficiais do Arquivo Histórico do Estado de São Paulo, do Museu da Polícia Militar, da sede do Batalhão e principalmente aos arquivos do jornal Cruzeiro do Sul, que, mais velho que o batalhão, noticiou fatos marcantes ligados à unidade desde a sua fundação.

De acordo com o levantamento histórico realizado pela oficial, o 7º BPM-I foi fundado em 17 de dezembro de 1912, data em que o então presidente do Estado de São Paulo, Francisco de Paula Rodrigues Alves, reorganizou as forças policiais e criou o 1º e o 2º Corpo da Guarda Cívica da Capital, sendo esta última o embrião do 7º Batalhão, uma vez que em 1924, doze anos após sua fundação, o 2º Corpo da Guarda passou a se chamar 7º Batalhão de Infantaria, unidade que foi recebendo diversas denominações ao longo do tempo, até receber o nome de 7º Batalhão de Polícia Militar do Interior.

Ao ser criada, em 1912, a unidade funcionava em um casarão no Parque D. Pedro II, região central da cidade de São Paulo e, em 1927, foi transferida para o bairro do Cambuci, também na capital paulista. Em 1931, nova mudança de nome. A unidade passou a ser chamada de 7º Batalhão de Caçadores Paulistas e em dezembro de 1932, logo após a Revolução Constitucionalista, movimento militar em que a Força Pública paulista teve decisiva participação ao lado dos constitucionalistas paulistas, a unidade ganhou o de 7º Batalhão de Caçadores e foi transferido para a cidade de Itapetininga.

Três anos depois, entretanto, em 20 de fevereiro de 1935, o batalhão mudou-se definitivamente para Sorocaba, instalando-se inicialmente no prédio da chácara Trujillo, onde funcionou até 1938, até ser concluído o prédio histórico do Cerrado, hoje tombado pelo patrimônio histórico e onde funciona a sede do Comando do Policiamento do Interior-7 (CPI-7), na rua Bento Manoel Ribeiro. Em 1992 o Batalhão ganhou a atual sede, no mesmo terreno onde funciona o CPI-7 e a Escola de Formação de Soldados.

As pesquisas em documentos históricos mostraram também os vários nomes que a unidade recebeu. Em 1960, por exemplo, a unidade recebeu o nome de 7º Batalhão Policial que foi alterado, em 1971, para 7º Batalhão da Polícia Militar para finalmente em 1975 receber o nome atual. As pesquisas mostraram também que ao constituir o Batalhão de Infantaria, o Corpo que tinha antes apenas a função de policiamento, passou a receber também instrução militar.

E as pesquisas mostram também a importância da unidade ao longo de toda sua história de 108 anos. Como curiosidade é interessante lembrar que em 1918 e 1922, o Batalhão foi deslocado para combater uma praga de gafanhotos que afetou o Estado, situação semelhante ao que ocorre hoje na fronteira do Brasil com a Argentina.

A tropa também ajudou a população na grande enchente de 1929 e teve participação no Movimento Constitucionalista de 1932. Durante o regime militar o Batalhão foi mobilizado para a prisão de mais de 900 estudantes ligados à UNE que participavam de um congresso clandestino em Ibiúna, em 1968, e combateram o grupo guerrilheiro de Carlos Lamarca, no Vale do Ribeira. Uma história centenária rica agora resgatada.