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Guerra contra o sarampo

09 de Outubro de 2019 às 00:01

O Brasil enfrenta um preocupante surto de sarampo. A doença foi reintroduzida no ano passado por Estados da região Norte e agora se espalha pelo restante do país. O registro de numerosos casos da doença fez o Brasil perder o certificado de erradicação do sarampo fornecido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2016.

O sarampo avançou rapidamente pelo Estado de São Paulo, e cidades da Região Metropolitana de Sorocaba já registraram um número considerável de casos. Somente em Sorocaba, de acordo com boletim divulgado na semana passada, são 40 casos confirmados da doença, um acréscimo de 21% em relação à semana anterior.

Para combater o surto da doença, foi iniciada na segunda-feira, dia 7, uma campanha nacional que visa aumentar a cobertura de vacinação por todo o país. A campanha prossegue até 30 de novembro, com imunização de crianças e adultos jovens na faixa de 20 a 29 anos de idade.

No período de 7 a 25 de outubro, o foco será a vacinação de crianças não vacinadas de 6 meses a menores de 5 anos. Haverá o Dia de Mobilização Nacional para crianças no dia 19 de outubro. Entre 18 e 30 de novembro, será realizada a vacinação de jovens adultos, e o Dia D de Mobilização Nacional para essa faixa etária será no dia 30 de novembro.

Em Sorocaba a vacinação está sendo feita nas 32 Unidades Básicas de Saúde.

É importante saber como o sarampo, uma doença que havia sido erradicada do País em 2016, voltou com força e causando várias mortes. De fevereiro de 2018 a janeiro de 2019, segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 10.274 casos de sarampo no Brasil, a maioria no Amazonas, com seis mortes, e 355 casos em Roraima, com quatro mortes registradas.

Casos isolados foram registrados em Estados das regiões Sul, Nordeste e Sudeste. De acordo com o Ministério da Saúde, o genótipo do vírus encontrado no Brasil é o mesmo que circula desde 2017 na Venezuela e, por isso, se especula que os novos casos teriam sido provocados pela importação do vírus.

Ocorre que os dois Estados mais afetados no ano passado, Amazonas e Roraima, tinham cobertura vacinal deficiente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a adesão mínima de 95% da população. Esses dois Estados estavam abaixo e 85%. Nos últimos anos, as taxas de adesão às vacinas vêm caindo, abrindo brechas para a entrada de doenças que estavam erradicadas, como é o caso do sarampo, ou sob controle.

Nos últimos 90 dias, o Brasil registrou 4.507 casos confirmados de sarampo em 19 Estados de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde.

O sarampo é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, que pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. A doença pode evoluir para complicações e levar à morte. Em 2018, ano da reentrada da doença no país, 12 pessoas morreram.

Há mais de 21 mil casos em investigação e quase 6 mil foram descartados. A incidência em menores de 1 ano de idade é dez vezes maior do que na população em geral. A cada 100 mil habitantes, 64 crianças nessa faixa obtiveram confirmação para o sarampo.

A segunda faixa etária mais atingida é de 1 a 4 anos. E o mais preocupante é que a maior parte dos casos confirmados (4.374) está concentrada em 168 municípios de São Paulo, principalmente na região metropolitana. Em segundo lugar, aparecem Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais.

O Ministério da Saúde estima que o surto de sarampo deve levar, no mínimo, de seis a oito meses para ser contornado. O grande número de pessoas com a doença e a baixa cobertura vacinal em vários pontos do País explicam as projeções pouco otimistas. Calcula-se que quase 40 milhões de brasileiros, perto de 20% da população, estejam suscetíveis ao vírus.

A campanha de vacinação iniciada há dois dias é uma tentativa de reverter essa tendência, imunizando primeiro as crianças, as maiores vítimas do atual surto. A população tem de conscientizar-se que a vacinação é fundamental neste momento, pois o vírus é extremamente transmissível.

Só com a vacinação em massa é que interromperá a circulação do vírus. Manter na sequência altas taxas de cobertura vacinal afastará o perigo para os próximos anos.