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Furto de fios

15 de Fevereiro de 2019 às 00:01

Com uma frequência impressionante, geralmente após feriados prolongados ou períodos de férias, temos notícias de furtos de cabos e fios em escolas públicas, creches, postos de saúde e até de unidades da Casa do Cidadão. Em consequência desses furtos, normalmente acompanhados de atos de vandalismo, com desperdício de merenda escolar e furto de aparelhos elétricos e eletrônicos, muitas pessoas, principalmente crianças, são prejudicadas. Alunos ficam sem aula por falta de energia; o funcionamento de creches é interrompido e pais que trabalham não têm onde deixar seus filhos; remédios e vacinas que precisam de refrigeração são perdidos e serviços burocráticos importantes para a comunidade, realizados nas Casas do Cidadão, são interrompidos.

Não é de hoje que situações como essas são comentadas neste espaço do jornal. Recentemente, no início do mês, para dar apenas um exemplo, o Cruzeiro do Sul noticiou que durante o período de férias dez escolas municipais foram visitadas por ladrões, segundo dados da própria Secretaria de Educação. Na maioria dos casos foram levadas torneiras, cabos e fios elétricos. Como sempre, os Centros de Educação Infantil (CEIs) foram os principais alvos dos furtos e atos de vandalismo. Na última quarta-feira, os fios de cobre e cabos de uma escola municipal do Wanel Ville foram furtados prejudicando as aulas. Quando os furtos ocorrem durante o ano letivo, equipes de manutenção da Secretaria de Conservação, Serviços Públicos e Obras (Serpo) realizam os reparos de imediato, para não prejudicar as aulas das crianças. Quando as escolas são invadidas durante as férias, os reparos se acumulam e demandam atenção especial da secretaria.

A Guarda Civil Municipal, a quem cabe garantir a segurança dos próprios municipais, eventualmente prende envolvidos nesses furtos, geralmente alertada por vizinhos, mas os fatos têm demonstrado que não consegue garantir a segurança de toda a rede municipal com dezenas de unidades, principalmente se levarmos em consideração que nem todas as unidades dispõem de algum tipo de alarme ou videomonitoramento.

Na sessão desta quinta-feira da Câmara de Vereadores foi aprovado em primeira discussão um projeto que poderá ajudar bastante no combate aos furtos de escolas e próprios municipais. Trata-se do projeto de lei que amplia a fiscalização sobre estabelecimentos que vendem sucata e desmanches na cidade e proíbe a venda de alguns itens. Caso os vereadores aprovem o projeto em segunda discussão, ficará proibida a venda de objetos de decoração de túmulos sem comprovação de origem, geralmente confeccionados em cobre ou bronze, placas de sinalização de trânsito e tampas de ferro de poços de visitação do Saae. Cemitérios, como se sabe, também são alvos preferenciais dos ladrões. Outros itens que constam na lista de produtos proibidos estão cabos e fios de cobre sem origem comprovada. É importante que esse projeto seja aprovado, pois é preciso dificultar ao máximo a receptação desses produtos e quando for constatada a origem ilegal, enquadrar os envolvidos. Trabalho semelhante foi desencadeado pelo governo estadual com relação aos desmanches de veículos, obrigando-os a ter registro das peças vendidas. Essa medida resultou na queda de furtos de certos tipos de veículos que eram furtados e desmanchados exclusivamente para a venda de peças.

Uma prova de que a maioria dos fios furtados tem como destino as empresas de sucata foi a apreensão pela própria GCM, também durante esta semana, de pelo menos 50 kg de fios de cobre em um local que comercializava ilegalmente no bairro Nova Esperança. Os donos do comércio não conseguiram provar a origem do material, receberam uma multa e tiveram o estabelecimento interditado. Durante o registro da ocorrência, funcionários de uma operadora de telefonia compareceram ao plantão policial e reconheceram os fios como sendo da empresa e comprovam que os mesmos eram produto de furto.

Fiscalizar com rigor desmanches e locais que vendem sucata, enquadrando seus proprietários na forma da lei quando estiverem comercializando produtos furtados, é um caminho viável para coibir essa onda de furtos nas escolas e creches da cidade.