Buscar no Cruzeiro

Buscar

Exemplo a ser seguido

28 de Julho de 2020 às 00:01

A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo inaugurou nesta segunda-feira (27) em Sorocaba a nova sede da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e de outras agências da Pasta, todas voltadas para o meio ambiente e abastecimento de água.

A nova sede abrigará também laboratórios das agências e ficará responsável para prestar serviço para agências ambientais de Itu, Botucatu, Itapetininga, Capão Bonito e Avaré, atendendo a um total de 69 municípios.

O novo prédio também abrigará as equipes da Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade, Fundação Florestal e Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE).

Mas o que chama a atenção dessas novas instalações é que elas são fruto de um trabalho de recuperação de edifícios históricos que estavam abandonados e seguidamente eram invadidos por moradores em situação de rua.

O conjunto originalmente foi construído no final dos anos 1920 para ser o Packing House, quando Sorocaba e municípios vizinhos produziam grandes quantidades de cítricos, boa parte para exportação.

Era do Packing House, edificado estrategicamente ao lado dos trilhos da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, que a produção local seguia para exportação.

O Packing House foi construído pelo governo estadual em terreno doado por uma família sorocabana. Assim que foi concluído, foi cedido para a Cooperativa de Citricultores de Sorocaba que utilizou as edificações para o beneficiamento da produção regional, sua classificação e empacotamento dos frutos destinados ao mercado externo. Após esse tratamento as laranjas seguiam para o porto de Santos por ferrovia.

Mas o ciclo econômico da laranja foi muito curto. Acabou no início dos anos 1940 quando ocorreram problemas para exportação com o advento da Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que os laranjais da região foram dizimados por uma praga.

Na sequência, a Secretaria da Agricultura do Estado, que ficou com o conjunto de prédios, utilizou-os em diversas atividades, até passar o conjunto arquitetônico para a Prefeitura de Sorocaba.

Uma organização não-governamental se mobilizou há alguns anos para a instalação no local de um Centro Cultural da Laranja, que seria uma maneira de preservar a memória daquele ciclo econômico, mas esse projeto foi atropelado, durante o governo Pannunzio, quando a Prefeitura de Sorocaba, manifestou a intenção de abrigar no local uma espécie de Museu do Automóvel, onde ficariam expostos veículos antigos de colecionadores da cidade.

A Prefeitura acabou devolvendo os prédios ao Estado e durante vários anos o conjunto esteve abandonado, com eventuais invasões de moradores em situação de rua.

A última ocupação ocorreu por um grupo de artistas de rua, até que a Secretaria do Meio Ambiente conseguiu a reintegração de posse e após visita em que foi constatado o potencial dos prédios, projetou as reformas e restauração.

A área total do Packing House é de 7 mil metros quadrados, suficiente para abrigar não só a regional da Cetesb e seus laboratórios, mas também vários órgãos estaduais de controle hídrico e ambiental, que hoje funcionam em prédios distintos espalhados pela cidade.

Além de ser um espaço amplo totalmente restaurado, a nova sede evitará que o governo estadual pague aluguéis em outros imóveis e facilitará aos cidadãos que encontrarão vários serviços da Secretaria do Meio Ambiente funcionando em um mesmo espaço.

A restauração do antigo Packing House, que corria risco de virar ruínas, precisa servir de exemplo para outras secretarias do governo estadual e para a Prefeitura de Sorocaba, uma vez que há inúmeros prédios de alto valor histórico completamente abandonados.

Entre os edifícios ameaçados estão o prédio da estação da Estrada de Ferro Sorocabana, de enorme significado histórico para a cidade que está muito danificado pela ação do tempo.

O mesmo ocorre com o prédio do antigo Fórum localizado na praça Frei Baraúna, que pertence à Secretaria de Cultura do Estado.

Naquele local funcionou durante muitos anos a Oficina Cultural Grande Otelo, um verdadeiro centro irradiador de cultura da cidade e que está abandonado há vários anos.

Com problemas de infiltração, o prédio que é tombado corre o risco de ruir, caso não sejam tomadas providências. São apenas dois exemplos de edifícios historicamente importantes e que estão abandonados. O trabalho realizado no Packing House mostra que é possível restaurar uma construção com valor histórico e torná-la útil novamente para a comunidade.