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Estrutura posta à prova

11 de Junho de 2020 às 00:01

Como era previsto, a estrutura montada pela Secretaria de Saúde de Sorocaba para enfrentar a pandemia do novo coronavírus começa a ser posta à prova. A taxa de ocupação da rede pública de saúde tem ocupação acima de 84% dos leitos de UTI, o que é preocupante.

A cidade confirmou ontem 79 novos casos de Covid-19 e mantinha 66 pacientes internados. Com isso, o número total de pacientes confirmados no município chegou a 1.498 com 73 óbitos confirmados. Tivemos também 1.359 pessoas recuperadas ou em fase de recuperação.

O sinal de alerta para um possível colapso no sistema de atendimento às vítimas da Covid na rede pública piscou na última segunda-feira, quando a Santa Casa de Misericórdia, hospital referência no combate à pandemia na cidade, informou que estava sem condições de receber novos pacientes.

De acordo com a direção do hospital, na manhã daquele dia, 27 dos 30 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estavam ocupados e 18 dos 20 da enfermaria também tinham pacientes com suspeita ou confirmados para a doença. Os hospitais precisam, nesses casos, manter ao menos 10% dos leitos disponíveis para atender pacientes que já estão internados e podem ter seu quadro agravado.

O início da flexibilização do comércio e a grande movimentação de pessoas na região central e em alguns bairros nos últimos dias preocupam, pois podem aumentar o número de casos em um momento crítico na estrutura de atendimento hospitalar.

A Unidade Pré-Hospitalar Zona Leste, escolhida para ser referência de urgência e emergência de Covid-19, tem dez leitos de enfermaria e 20 poltronas para acomodar os doentes. Segundo a SES, é possível aumentar o número de leitos de enfermaria, o difícil é ampliar o de leitos de UTI, uma vez que respiradores, equipamentos essenciais nesse tipo de instalação, são escassos no momento.

Não é possível dizer que a pandemia pegou o município de Sorocaba despreparado para enfrentar a pandemia. Houve uma mobilização efetiva da Secretaria municipal de Saúde desde o início que conseguiu a ampliação do número de leitos da Santa Casa, tornou a UPH Zona Leste referência para receber pacientes com suspeitas da doença e ainda criou um hospital de campanha nas instalações da Arena Multiúso, localizada junto à rodovia Raposo Tavares.

Ao levantar a situação de todos os hospitais públicos da cidade, percebe-se que estamos nos aproximando de um quadro perigoso e que sempre se tentou evitar: a falta de vagas de enfermaria e de UTIs. No hospital de campanha a ocupação chegou a 85% das 22 vagas disponibilizadas no início da semana.

O hospital foi planejado para atender até 84 pessoas, mas as vagas são liberadas conforme a demanda, segundo a Secretaria da Saúde. Também chamou a atenção a situação do novo Hospital Regional Dr. Adib Jatene, que atende exclusivamente pacientes da região.

As 30 vagas pactuadas para a Covid-19 estavam ocupadas, enquanto os 15 leitos clínicos existentes, só dois não estavam ocupados. A situação também era apertada no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), onde três das oito vagas dos leitos clínicos estavam ocupadas e das 11 vagas na UTI, só uma estava disponível.

Outro problema enfrentado nos últimos dias diz respeito ao socorro de pessoas que necessitavam de internação e passaram mal em ruas residências ou unidades de saúde, como foi o caso da senhora que se dirigiu à UBS do Habiteto e que precisava ser removida para a UPH Zona Leste. Por excesso de demanda, ela teve que esperar oito horas para a transferência em ambulância.

Diante desse quadro, muito próximo do colapso, a Prefeitura informou na última terça-feira que havia intenção de criar leitos hospitalares para atendimento exclusivo de pacientes com Covid-19, mas que não tinha previsão para isso.

Nesta quarta-feira (10), felizmente, o governo estadual anunciou que estava destinando dez respiradores para a Santa Casa de Sorocaba e que criaria mais dez vagas de UTI no novo Hospital Regional. Com os novos respiradores, a Santa Casa poderá ampliar de 30 para 40 as vagas de UTI.

Com isso, dez novos leitos clínicos serão criados na UPH Zona Leste. Também pressionada pela procura, a SES decidiu ampliar a partir de hoje o número de vagas do hospital de campanha para 40 leitos clínicos, além de dois leitos de estabilização. Um auxílio que chegou em boa hora, mas mostra a fragilidade e as limitações da estrutura criada para atender às vítimas da pandemia.