Equipamentos de radioterapia

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Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) estiveram esta semana na Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba e autorizaram o funcionamento do acelerador linear de radioterapia daquele hospital. Os técnicos examinaram a casamata construída para isolar o equipamento que chegou ao hospital em 31 de outubro do ano passado e finalmente autorizaram seu funcionamento. Segundo a direção da Santa Casa, o local também obteve o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros e só está faltando a última visita da Vigilância Sanitária e marcar a data da inauguração junto com o Ministério da Saúde. No segundo semestre do ano passado a mesma Santa Casa recebeu autorização para colocar em funcionamento outro equipamento, que usa pastilha de cobalto, e é igualmente utilizado para radioterapia. Os dois equipamentos são utilizados no Centro Regional de Oncologia da Santa Casa. O aparelho de aceleração linear foi encaminhado pelo Ministério da Saúde anos atrás por meio do Programa de Expansão da Radioterapia. Aparelho semelhante foi enviado pelo Ministério da Saúde ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) que também está em fase de instalação. Esse equipamento será utilizado para atender pacientes de 48 municípios que integram o Departamento Regional de Saúde 16 e deverá entrar em funcionamento no ano que vem. Pela complexidade dos aparelhos e para proteção da radiação, tanto a Santa Casa como o CHS precisaram construir casamatas dentro dos padrões determinados pela Cnen, para evitar vazamento de radiação, com um custo bastante elevado.

Quando estiverem funcionando, tudo indica que terminará uma longa sucessão de trapalhadas que deixaram a cidade sem equipamentos para esse tipo de tratamento por quase dois anos, obrigando pacientes com câncer a se locomover até outros municípios, geralmente da Região Metropolitana de São Paulo, para continuar o tratamento em outros hospitais.

O serviço de radioterapia pelo SUS em 2016 em Sorocaba só existia na Santa Casa, mas foi interrompido em novembro daquele ano. A explicação é que a pastilha de cobalto, o coração do equipamento, havia deixado de funcionar por estar com o tempo de validade vencido. O aparelho funcionava nas dependências do hospital e atendia dezenas de pacientes de Sorocaba e cidades próximas. Sabe-se que os técnicos que operaram o aparelho vinham alertando para a necessidade de substituição da pastilha, mas a Prefeitura de Sorocaba, que à época havia requisitado a Santa Casa e a administrava, alegou não ter recursos para a substituição do dispositivo. Com o aparelho fora de funcionamento começou aí uma série de tentativas de reativá-lo, todas sem sucesso. A pastilha de cobalto vencida, pelo que divulgou na época, era um dispositivo antigo, não utilizado em máquinas mais modernas. A Prefeitura de Sorocaba conseguiu então um equipamento completo que viria da cidade de Bauru, onde não era mais utilizado, mas nunca chegou a entrar em funcionamento, pois foi classificado como ultrapassado pela própria administração municipal. Um outro equipamento foi então doado por uma clínica particular de Santo André e passou a ser reformado com recursos obtidos por um grupo religioso. Recuperado o aparelho, ele precisou passar por todas as vistorias e visitas técnicas que esse tipo de equipamento requer, para finalmente voltar a funcionar e atender pacientes com câncer, no segundo semestre do ano passado. Não se pode esquecer que durante mais de um ano e meio dezenas de pacientes precisaram viajar para outras cidades, única opção para poder continuar seus tratamentos. Muitos não puderam retomar o tratamento na Santa Casa pois segundo especialistas, é importante realizar o tratamento em um único local por questões técnicas, uma vez que cada equipamento emite um tipo diferente de radiação e a mudança pode prejudicar o tratamento.

Com a entrada em funcionamento dentro em breve do acelerador linear na Santa Casa e a possibilidade de que o equipamento do CHS comece a funcionar nos primeiros meses do ano que vem, melhora a perspectiva dos pacientes que precisam desse tipo de tratamento. Espera-se que os equipamentos funcionem a contento e que a manutenção seja feita de maneira correta para que não ocorram mais interrupções que tanto prejudicaram pacientes de doenças graves e que foram submetidos a um sofrimento extra nos seus deslocamentos semanais.